O consenso até a última semana de agosto era que os EUA iriam elevar a taxa de juros pelo menos uma vez até o final de 2016, informação defendida pelo vice presidente do FED Stanley Fischer, sempre em tom hawkish, e apoiado pelos dados de emprego sinalizando um crescimento o que favorecia o discurso do FED de aguardar uma melhora no panorama econômico americano para subir a taxa de juros de maneira consistente.
No dia 26 de agosto, Janet Yellen, presidente do FED discursou em Jackson Hole e manteve o tom morno em relação a pistas sobre o futuro das taxas de juros nos EUA, mas instantes depois Stanley Fischer surpreendeu o mercado e com um discurso bastante forte afirmou que os EUA estavam perto do pleno emprego, dados super fortes e grandes chances de aumento da taxa de juros ainda esse ano. Assim o mercado voltou a precificar o aumento nos juros dos EUA e valorizou o dólar americano.
Terça-feira 30 de agosto o mercado é surpreendido por uma entrevista com Stanley Fischer, com um discurso estranhamente cauteloso, sem tanta certeza assim no aumento das taxas, e o que chamou a atenção foi ele afirmar que “taxa de juros negativa não é algo que estejam avaliando para os EUA”. Ora, para que algo seja negado ele deve realmente existir, já que ninguém questiona a existência do burro voador. Isso colocou o mercado em dúvida, principalmente depois dos dados americanos surpreenderem e mostrarem uma fraqueza da economia americana, como o payroll de sexta, o que desmente totalmente a hipótese do pleno emprego e praticamente elimina a chance de um aumento dos juros americanos ainda esse ano.
Em outras regiões de moeda forte, como Japão, Dinamarca e Suiça, a taxa de juros negativa já é uma realidade pois as economias desses países claramente não conseguem decolar, não conseguem se aquecer e manter um crescimento constante e minimamente uniforme. É uma maneira de tentar fazer a economia “pegar no tranco”. Hoje 30% da dívida pública da zona do Euro, aproximadamente $2 trilhões de euros, estão sendo negociados a taxas negativas.
O que está preocupando o mercado nesse momento é a hipótese de os EUA aplicarem uma taxa de juros negativa para tentarem dar um tranco na economia como alguns países, ainda com resultados inconclusivos. Mas aqui estamos falando da maior economia do mundo e os fluxos de liquidez que isso pode ocasionar são totalmente incertos. Por isso, vemos quase todas as moedas se movendo de maneira errática e sem tendência definida. E esse movimento deve continuar, até termos um panorama mais claro, já que hoje tudo está muito nebuloso.
Muito cuidado com suas operações, principalmente as mais de mais longo prazo, e atenção aos dados econômicos americanos e discursos dos dirigentes do FED nos próximos meses, pois cada palavra mal colocada pode dar margem a interpretações e fluxos financeiros desordenados. De certo só nos resta esperar sinalizações mais claras, e nesse meio tempo surfar tendências de curto prazo.