O prêmio de Consolação
Não falo da Costa Rica, que 64 anos depois vingou o Maracanazo pelos brasileiros, mas sim das medidas de incentivo ao mercado de capitais anunciadas esta manhã pelo Ministro Guido Mantega.
O governo irá isentar de Imposto de Renda os ganhos de capital no investimento em ações de empresas de pequeno e médio portes. Leiam-se empresas com faturamento de até R$ 500 milhões ao ano e valor de mercado de até R$ 700 milhões.
Além disso, irá prorrogar para o fim de 2020 da isenção de IR no investimento de pessoas físicas e estrangeiros em emissões de títulos de dívida destinadas a financiar projetos de infraestrutura, que originalmente iria somente até o final de 2015. Não bastasse, a definição foi ampliada de “infraestrutura” para projetos de educação, saúde, hídrica, irrigação e ambiental.
Todas medidas amplamente esperadas. Bem da verdade, antecipadas...
Mas considerando os juros elevados de algumas dessas emissões de dívida corporativa (dalhe risco-Brasil embutido!) temos alguns perus com farofa fora do dia de Ação de Graças agora com guarnição extra.
O verdadeiro prêmio
Diante de tamanha ociosidade nesta semana, com parada para ver a seleção na terça e feriado na quinta-feira, aproveito a volatilidade desta segunda (vencimento de opções) para explorar as dúvidas de leitores...
Começando pelo Thiago, que pergunta se eu acredito em análise técnica.
Para dar uma moral depois daquele 5x1, apelo para ditado espanhol: não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem. Depois que o Andrew Low testou padrões de comportamento gráfico e concluiu que eles têm poder preditivo de preços, não há como pregar a irrelevância ou inexistência da análise por gráficos.
Mas prefiro utilizar com moderação, ponderando virtudes e fragilidades.
No fim das contas, os velhos clichês seguem mais vivos do que nunca:
(i) Fluxo define altas e baixas pontuais, fundamentos definem tendências
(ii) Performance passada não é garantia de retorno futuro
(ii) Não tem mais bobo no futebol
Propaganda negativa
Agora, a questão do Jefferson:
“Marfrig é uma boa? Tenho visto muitos anúncios Marfrig nos campos de treinamento e até no Itaquerão no jogo de ontem, se não me engano.”
Temos recebido diversas perguntas desse tipo. Seria a propaganda na Copa uma demonstração de poderio financeiro das empresas?
No caso não. Os contratos da Marfrig com a Fifa e a CBF vêm desde a Copa de 2010. No caso da Fifa, envolve a exposição nesta e na Copa anterior, por cifra estimada pelo mercado em torno de R$ 300 milhões (valor negado pela empresa).
No caso da CBF, o contrato da Marfrig iria até 2026, prevendo em torno de R$ 27 milhões por ano (quase R$ 440 milhões durante todo o período). No entanto, em meio aos prejuízos (de R$ 816 milhões em 2013) e ao elevado grau de alavancagem da empresa, o contrato com a seleção teve de ser revisto...
O próprio contrato com a CBF de certa forma serviu para alarmar a dificuldade financeira do grupo: envolta em inadimplência, CBF processou a Marfrig em R$ 50 milhões por quebra de contrato e fechou por menos com a rival Brasil Foods.
Eu quero ver, GOL
GOL é outra companhia com marca amplamente exposta na Copa que tem fundamentos, digamos, questionáveis: a companhia vem de prejuízo de R$ 724 milhões em 2013 (vindo de R$ 1,5 bi de prejuízo em 2012) e roda com dívida líquida de caixa da ordem de R$ 2,6 bilhões.
Portanto, podemos afirmar que demonstração de “poderio financeiro” certamente não há aqui, embora possa haver justificativa de cunho comercial...
...diferente da Marfrig, cuja intenção original era reforçar a marca Seara, que sequer lhe pertence ainda (foi repassada à JBS para abater dívida e evitar estouro dos covenants).
Alguém viu a Petro por aí?
Falando nisso, por acaso você viu alguma propaganda da Petrobras recentemente nos principais websites (financeiros ou não) e no horário nobre da televisão?
Petrobras está há algum tempo inundando os principais canais e websites brasileiros de publicidade. E uma publicidade institucional, com poucos argumentos comerciais.
Sim, é uma clara tentativa da empresa melhorar sua imagem diante de polêmicas como a da CPI e de considerando o seu papel-chave no debate eleitoral.
Fica a dica: uma boa forma da estatal melhorar a sua imagem (e seu balanço) seria buscar maior transparência na política de preços. Falando nisso, em reunião do Conselho na última sexta-feira foi mais uma vez negado o reajuste.
E falando em melhorar o balanço, quem vai pagar esta conta de publicidade?
Bolão (apostas para a segunda rodada)
Está aberta a segunda rodada do Bolão Empiricus. Lembrando, como não teremos M5M em dias de jogos da seleção canarinho, visto que o mercado fechará antecipadamente, fica o prêmio de consolação de um relatório da Empiricus de graça para quem acertar o resultado do jogo.
Respostas aqui até as 12h de amanhã.
A minha aposta?
4 a 1 para o Brasil
Neymar, Fred, Paulinho, Jô e Peralta (desta vez não vai nenhum para a conta do juiz)
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.