Saudações.
A aproximação de 2018 - ano que, acredito, trará oportunidades interessantes na bolsa brasileira para quem nela se posicionar corretamente - força uma reflexão sobre onde investir.
A relevância da questão é evidente. Não tão evidente, entretanto, é a suma importância de outra que a precede - e precisa preceder, sob pena de, em não o fazendo, colocar tudo a perder: dá-se muita atenção ao onde e subestima-se a importância do como, e o modo faz toda a diferença.
É o que sinto, via de regra, muito especialmente entre os recém-chegados: uma ânsia enorme pelo que fazer sem qualquer atenção ao como fazer. É uma postura demasiado otimista - para não dizer ingênua - que ignora os efeitos que os próprios percalços inerentes ao caminho exercerão sobre o indivíduo: sua autoconfiança será testada incontáveis vezes, e se a única referência à qual você se dispuser a se agarrar forem resultados imediatos, acredite: diante do primeiro revés, você ficará completamente desorientado e deixará dinheiro sobre a mesa.
Não se permita isso.
O leitor mais atento já deve ter percebido que há um recado que tem sido recorrente neste espaço: deixe de lado a postura do sujeito que acha que o mercado é festa do caqui e busque um mínimo de consistência interna entre as suas decisões de investimento; encontre um conjunto de princípios para chamar de seu - ou, em referência direta às últimas duas cartas, saia do estádio estético e venha para o ético.
A razão não poderia ser mais simples: a estrita aderência a um conjunto de princípios nos protege de nosso maior obstáculo no processo de investir: nossas próprias emoções.
Não se engane: não é o mercado na contramão que leva a resultados ruins; são as decisões que você toma em relação a isso que determinam se ficará dinheiro sobre a mesa ou não. O mercado é, sobretudo, um mecanismo de transferência de recursos dos impacientes e indisciplinados para os pacientes e disciplinados.
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Estabelecida a necessidade de um conjunto de princípios - se porventura você ainda não estiver convencido de que isso é importante, por favor volte ao início do texto -, a questão passa a ser qual.
Pois bem: dividindo o mercado em dois grandes grupos, temos os fundamentalistas e os técnicos.
Os analistas fundamentalistas têm sua atenção voltada para o comportamento dos ativos das empresas no mundo real: produção, vendas, lucro, retorno sobre o capital investido. Eles acreditam que, observando o ambiente de negócios e o comportamento individual das empresas, é possível identificar aquelas que entregarão retornos acima da média - e que tais ativos serão eventualmente (e não, eles não sabem precisar quando) reconhecidos pelo mercado na forma de valorização de seus respectivos ativos financeiros (ações, por excelência).
Ou seja: as informações que importam são aquelas relacionadas a como essas empresas estão desempenhando suas atividades. Quanto aço a siderúrgica está produzindo (e a que custo) e vendendo (e a que preço); quanto está sendo investido em manutenção e/ou expansão de capacidade produtiva; quais as perspectivas de demanda para o próximo ano; como fica o ambiente de negócios com o cenário de câmbio e a competição de produtos estrangeiros, etc.
Não importam, por sua vez, os dados (que não estou chamando de informação de propósito) oriundos do mercado financeiro: a evolução da cotação das ações, o volume financeiro negociado, etc. Para o fundamentalista, os dados de trading são predominantemente ruído, não informação.
Já os analistas técnicos dedicam sua atenção ao exato oposto: o que lhes importa é o comportamento dos ativos financeiros subjacentes aos ativos das empresas. A premissa é que os dados de negociação oferecem informações que tornam possível estimar um possível (mas não garantido) comportamento futuro de preços e, com base nisso, comprar e vender os títulos para obter lucro no trading.
Importa preço, volume financeiro e uma infinidade de indicadores e padrões derivados dessas informações.
Pouco importa o que se passa com Merposa no mundo real: o foco é na dinâmica de compra e venda de MERP5 no ambiente de bolsa. Mais do que isso: há aqui a crença, defendida com maior ou menor intensidade a depender do analista técnico, de que todas as informações disponíveis sobre o ativo real Merposa já estão incorporadas ao preço de MERP5 de qualquer maneira - alguém já fez o trabalho e, portanto, insistir em análise fundamentalista do ativo é chover no molhado.
Dentre as séries publicadas pela Inversa, a Top Shot é voltada a análise fundamentalista e a Trading Journal tem foco em análise técnica. São abordagens totalmente distintas que buscam, cada qual à sua maneira, auferir retornos acima da média do mercado.
Qual abordagem escolher? Independentemente das convicções pessoais do escriba, penso que há questões de perfil que devem ser consideradas. Destas vamos nos ocupar na semana que vem.
Para ajudar você a começar a resolver essas questões, sugiro que você conheça o Combo Trio que oferece as três séries mais populares da Inversa (Top Shot + Trading Journal + A Carta) pelo preço de duas.
Por ora, insisto: convença-se de que é preciso entrar em 2018 com uma estratégia definida.
Pense nisso.
E cuide-se: tem uma guerra lá fora.