A resposta para o título acima é complexa, mas podemos dizer que sim, houveram avanços. Pesquisas mostram que o número de mulheres que investem aumentou nos últimos anos; contudo, esta evolução ainda está longe do que precisamos para ter uma sociedade mais justa.
Dados da ANBIMA e da B3 (BVMF:B3SA3) confirmam essa percepção.
Segundo o Raio-X do Investidor Brasileiro, divulgado em março deste ano pela ANBIMA em parceria com o Instituto Datafolha, o número de mulheres investidoras cresceu pelo segundo ano consecutivo no país.
O estudo revelou que, em 2023, 35% das mulheres entrevistadas declararam investir em algum produto financeiro, comparado a 33% em 2022 e 28% em 2021.
Tenho acompanhado esses números desde a fundação do Ella’s Investimentos, em 2019.
E, apesar do crescimento consistente, o público feminino ainda é muito menor do que o masculino, que manteve o índice de 40% em 2023.
Outra pesquisa, realizada pela B3 e divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo, mostra que o número de CPFs cadastrados na bolsa de valores cresce anualmente.
Desde 2014, a quantidade total de investidores registrados saltou de 564 mil para os atuais 5,8 milhões em 2024.
Apesar desse crescimento expressivo, quando analisamos a última década, também vemos que as mulheres ainda representam apenas 24% do total, embora o número de investidoras tenha subido de 137 mil para 1,4 milhão no período.
Como mencionei, existem motivos para comemorações e reflexões.
Por um lado, o salto de pouco mais de 100 mil para mais de 1 milhão de mulheres na bolsa é significativo.
Por outro, em um país com cerca de 216 milhões de pessoas, onde mais de 50% são mulheres, essa desigualdade ainda chama a atenção.
Essa relação desigual tem raízes históricas.
Embora o trabalho e o estudo tenham se tornado acessíveis às mulheres no Brasil desde o final do século XIX, foi apenas nas décadas de 60 e 70 que vimos um número maior delas frequentando universidades.
Ainda assim, o acesso era restrito.
Esse atraso educacional, somado à falta de educação financeira que atinge toda a população brasileira, impacta especialmente as mulheres.
O reflexo disso é visível nos dados.
Na pesquisa da ANBIMA, por exemplo, o produto financeiro mais procurado pelas mulheres continua sendo a poupança, o que revela uma busca por segurança, mas também uma falta de conhecimento sobre alternativas igualmente seguras e com retornos mais expressivos.
Por fim, embora este artigo aborde uma questão de gênero, o tema é muito mais profundo e reflete desafios estruturais que afetam toda a sociedade. Afinal, toda criança, jovem, adulto ou idoso é colocado no mundo por uma mulher desde que o mundo é mundo.
Então, quando uma mãe enfrenta dificuldades para lidar com os desafios que a atualidade nos apresenta, isso pode impactar diretamente a forma como ela prepara seus filhos para o futuro.
Portanto, avançar na inclusão feminina não só no mercado financeiro, mas em outras áreas também, é uma responsabilidade coletiva.
Não se trata apenas de aumentar a participação das mulheres, mas de construir uma sociedade mais justa e equilibrada.
Pense nisso e até o próximo artigo!