Em um dia desses no escritório do meu apartamento, durante mais uma tarde acompanhando a plataforma gráfica de meus investimentos, enquanto - baixinho no fone - tocava a playlist de uma das minhas bandas internacionais favoritas (Stonekeepers), me veio um insight a respeito do PIB e de que maneira ele pode ser deturpado em ano eleitoral! Minha reflexão é simples e tem como base a equação Y = C + I + G + (X - M), sob o seguinte questionamento: “Como todos os presidentes do Brasil, alteram as variáveis desta equação a fim de promoverem o crescimento econômico, ou a sensação de melhora (mais ainda, no final de primeiro mandato)?”
Vamos lá! Que não soe arrogância, mas eu tenho uma teoria para tudo! Aliás, sei que estou falando aqui como se todo mundo fosse obrigado a saber o que significa a famigerada equação, né? Desde já, perdoe-me a indelicadeza!
Vou resumir o motivo da minha reflexão.
A fórmula que intitula este texto, logo, protagonista da discórdia, nada mais é que, o cálculo do PIB (também chamado de identidade macroeconômica). É uma forma de retratar o nosso país e como o comportamento dos agentes da sociedade impacta no crescimento da nossa economia. Isso inclui tanto governantes, quanto empresários, você e eu. Sim, você também é responsável, assim como toda a sociedade, pelo resultado desta equação. Sem mais delongas, vamos ver o que cada uma dessas letras significa:
Oficialmente, esse cálculo foi criado pelo economista inglês John Richard Nicholas St. e foi adotado como modelo de cálculo pela ONU a partir de 1953.
Entretanto, ele é o resultado de uma evolução contínua de pensamento que começou com o marginalismo do século XVIII, mas eu não quero fugir do foco aqui. Portanto, falarei desta evolução de pensamento em outro momento.
Comparativamente, sabe as blogueiras da dieta - tipo a Pugliesi - que defendem em suas mídias sociais determinada dieta, levantando seus benefícios para uma vida mais saudável? Pois bem, o PIB é como se fosse tal dieta; e os economistas, os líderes de governo e os cientistas sociais em geral são como as blogueiras. Cada um defendendo um tipo diferente de dieta, mas com o mesmo objetivo de trazer o bem estar aos agentes da sociedade. Só que existem os lados ruins de se fazer uma dieta, que são os efeitos colaterais. O consumo excessivo de carboidrato pode causar diabetes, mas a ausência deste mesmo pode ser muito ruim ao nosso organismo.
Partindo de tal analogia, se um governo foca mais no incentivo ao consumo (C) e menos em investimentos (I) nas estruturas produtivas, por exemplo, um dos efeitos colaterais será a inflação. Tal exemplo é bem próximo ao brasileiro, pois em nossa recente história vivemos um período de grande expansão de crédito (em especial no Lula 1), mas com a infraestrutura incapaz de acompanhar esta necessidade de consumo (culminando o Dilma 2), logo, houve um aumento geral dos preços praticados.
Outrossim, em aspecto global, tivemos uma retração na cadeia de suprimentos (o famoso supply chain), desencadeado pela COVID-19 que inercialmente trouxe consigo, impacto no PIB, mas aqui se trata de algo de enorme imprevisibilidade (um tipo de Cisne Negro, do Taleb).
Complementando a equação, trago outro exemplo muito próximo da nossa realidade que é o modelo baseado na transferência de renda, onde o governo aumenta seus gastos (G) para políticas assistencialistas de transferência de renda e seguridade social (Auxílio Brasil, Seguro Desemprego, Aposentadorias) permitindo que a economia receba agentes até então impossibilitados de serem economicamente ativos. Ou seja, um dos principais efeitos colaterais é o balanço final das contas do governo que fica negativo, o que é péssimo para a estabilidade da moeda.
Por fim, temos o saldo da balança comercial, que é a diferença entre o saldo de exportação e importação (X - M), resultando diretamente as nossas relações internacionais.
Nosso país praticamente nasceu sob esta premissa, pois até meados de 1960, éramos muito dependentes das exportações das nossas commodities (bens de consumo primário, como café, cana de açúcar, soja, etc.).
Note que, em todos os casos (da equação) acima citados, foram utilizados exemplos híbridos e perceba também que um fator principal exerce influência sobre todos os demais, assim como um organismo vivo.
Contudo, o PIB é um organismo vivo, pois é o resultado de pessoas que tomam decisões. Por isso, quando você decide comprar um carro, uma casa, ou guardar dinheiro, arrumar um emprego ou ficar desempregado, saiba que a economia sente os impactos da sua decisão e estes impactos refletem em toda a sociedade, levando os líderes a tomarem decisões para manter o equilíbrio destas escolhas entre os demais.
A partir destes dados, concluo que o PIB em reta final de primeiro mandato presidencial (com possibilidade de reeleição), pode ser manipulado (mesmo que não em sua totalidade), mas com certeza, ao longo deste ano, a aplicação destes “ingredientes” na sociedade, sempre reflete uma ilusória melhoria de crescimento!