Este artigo foi publicado originalmente em inglês no dia 26/07/2017
Na segunda-feira, 24 de julho, os membros do comitê técnico da OPEP se reuniram em São Petersburgo, Rússia, para avaliar a conformidade contínua com o pacto de parceria entre países membros e externos à organização. Essa reunião foi particularmente controversa porque os participantes estavam insatisfeitos com o fato dos preços do petróleo terem caído em maio e junho mesmo com seu renovado compromisso de cortar a produção.
O comitê discutiu a produção de petróleo da Nigéria e da Líbia, os dois países da OPEP que estavam dispensados do pacto até agora. A crescente produção de petróleo destes países foi mencionada como um motivo pelo qual os preços do petróleo não subiram em meio e em junho. Embora países da OPEP possam ser mais misericordiosos com a Nigéria e com a Líbia, participantes do acordo que não fazem parte da organização parecem ser mais exigentes em relação a eles.
Na reunião, a Nigéria concordou em cortar ou limitar sua produção em 1,8 milhão de barris por dia desde que o país estabilize sua produção neste nível. Não havia indicação de quanto isso poderia ocorrer, especialmente à luz de recentes notícias de mais sabotagem terrorista na produção nigeriana. Além disso, a Royal Dutch Shell (NYSE:RDSa) anunciou recentemente que um vazamento levou a empresa holandesa a fechar o oleoduto Trans Niger, que tem sido alvo de inúmeros ataques de rebeldes e ladrões.
Após a reunião de segunda-feira, a OPEP não ofereceu detalhes a respeito de qualquer decisão sobre a produção da Líbia. Contudo, em uma entrevista à S&P Platts Global, o ministro do petróleo de Omã, que participou da reunião como externo à OPEP, repreendeu a Líbia por anunciar seus planos de aumentar a produção de petróleo para 1,25 milhões de barris por dia. Esse tipo de discurso, afirmou ele, impede que os preços do petróleo subam.
Contudo, a Líbia pode não conseguir atingir essa marca durante algum tempo, uma vez que algumas de suas instalações de petróleo não foram ainda restauradas após ataques terroristas. A Líbia tem feito uma declaração extravagante de produção para obter o mais alto limite possível quando a OPEP inevitavelmente forçar o país a se juntar ao acordo de cortes na produção.
O preço do petróleo subiu cerca de 3% após a reunião, provavelmente baseado quase que inteiramente em comentários de Khalid al-Falih, ministro saudita do petróleo. Ele disse a repórteres que a Arábia Saudita pretende cortar sua exportação (não a produção) em agosto para 6,6 milhões de barris por dia. A última vez que as exportações da Arábia Saudita estiveram neste nível foi em março de 2011, de acordo com a Iniciativa Conjunta de Dados sobre Petróleo (JODI, na sigla em inglês).
Khalid al Falih também citou a possibilidade de introduzir um mecanismo para limitar e monitorar exportações de petróleo além da produção. Ficou claro que os números de exportação estão impactando os preços de petróleo e dificultando a habilidade da OPEP de reequilibrar o mercado de petróleo. A OPEP não pode se focar apenas nos níveis de produção.
Por exemplo, a produção iraniana permanece dentro dos limites do pacto, mas o país tem exportado além do que seus níveis de produção indicariam ao vender o petróleo armazenado e condensado. Tecnicamente, o Irã tem cumprido o acordo de cortes na produção, mas tem enviado mais petróleo ao mercado global, o que diminui o preço.
Adicionar um mecanismo que regule as exportações acima dos limites de produção poderia ajudar a acelerar o reequilíbrio do mercado de petróleo, mas seria algo extremamente difícil de se atingir. Conforme Alexander Novak, ministro russo de petróleo, afirmou em uma entrevista à S&P Platts Global, as exportações da Rússia podem variar sazonalmente e definir limites mensais de exportação seria algo muito difícil de se administrar. Isso é verdade para muitos países participantes, especialmente aqueles que ainda dependem muito do petróleo para geração de eletricidade doméstica.
Outro problema enfrentado por parceiros da OPEP e externos à organização em sua tentativa de estabilizar o mercado de petróleo: eles apenas regulam o petróleo bruto e não os produtos refinados. Alguns países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, possuem indústrias robustas domésticas de refino e poderiam exportar produtos refinados para compensar menores exportações de petróleo bruto.
Países da OPEP e externos à organização continuam a monitorar seus níveis de produção e eles podem começar a monitorar as exportações. A conformidade dos países participantes durante os próximos três meses e meio terá um importante impacto em quaisquer decisões tomadas por membros e não membros da OPEP em sua reunião semestral em novembro.