A oferta de carne bovina foi maior em 2013 e o consumo acompanhou o crescimento
Os números que traduzem a pecuária bovina de corte brasileira chamam a atenção.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país possui um rebanho bovino comercial de 211,28 milhões de cabeças e, ocupando uma área de cerca de 155,0 milhões de hectares, de acordo com estimativa da Scot Consultoria.
O Brasil vem produzindo mais carne bovina em menos área. Em cinco anos, o rebanho aumentou 4,4% enquanto que a área de pastagens caiu 2,4%, tendência que deverá se acentuar a fim de fazer frente às pressões econômicas e ambientais.
O consumo per capita em 2013, segundo estimativa da Scot Consultoria, foi de 36,2 quilos, o que representa um crescimento de 8,4% frente a 2012, cujo consumo foi de 33,4 quilos.
Além da forte demanda interna, o mercado internacional também tem feito sua parte, consumindo algo entre 15,0% e 20,0% da produção nacional.
Exportações de carne bovina crescem em volume e batem recorde em faturamento
Considerando as carnes salgada, industrializada e in natura, em 2013 o Brasil embarcou 1,79 milhão de toneladas equivalente carcaça (tec), um crescimento de 19,3% se comparado a 2012.
Foi o maior volume embarcado desde 2008 (figura 1).
Em faturamento, o resultado foi recorde em 2013. O rendimento com as vendas externas alcançou US$5,98 bilhões. Se incluirmos miúdos e tripas, o montante chega a US$6,66 bilhões.
A boa demanda internacional, favorecida pelo câmbio ao longo do ano, beneficiaram os embarques. A cotação média do dólar em 2013 ficou 10,4% acima do vigente em 2012. Vale lembrar que os abates também cresceram, possibilitando o atendimento da demanda.
Aumento da oferta de bovinos terminados disponibilizou mais carne em 2013
Os abates em 2013 foram de 34,11 milhões de cabeças, 10,8% maior do que em 2012 e 16,5% maior que a média dos últimos dez anos.
Ainda que a oferta tenha crescido, não houve queda dos preços e a cotação média do boi gordo esteve, em valores reais, 0,9% acima da observada em 2012. A demanda aquecida permitiu esse comportamento. No mercado da carne, o cenário não foi diferente.
Preço da carne bovina em alta em 2013
No mercado atacadista de carne com osso, na comparação mês a mês, o valor médio do boi casado de bovinos castrados ficou acima do verificado em 2012 em todos os meses. Figura 2.
No varejo, o cenário não foi diferente. Na média de todos os cortes, os preços ficaram 3,8% acima do valor médio de 2012.
2014: menor oferta de animais pressiona as cotações
O consumo, que ajudou em 2013, limita a precificação da arroba em 2014. A menor oferta de bovinos terminados este ano tem elevado os preços.
A carne bovina, na primeira semana de julho de 2014 foi vendida por um preço 21,2% maior que há um ano. No varejo, a alta foi de 8,8% no mesmo período.
Este cenário indica que os varejistas estão absorvendo parte das altas e estreitando as margens de comercialização.
Em maio de 2013 a margem do varejo foi de 82,4%. Em maio de 2014 caiu para 63,7%.
É provável que os preços da carne bovina estejam próximos do teto e que haja pouco espaço para grandes altas dos preços ao consumidor.
Obstáculos para o crescimento do setor
Ainda que a carne brasileira seja competitiva, há obstáculos a serem superados. Os abates informais ainda são um problema.
Apesar da melhoria no padrão tecnológico, a heterogeneidade ainda é marcante no setor pecuário brasileiro, tanto no segmento produtivo, quanto na indústria, sendo este um dos principais desafios a serem superados.
Apesar dos entraves, o Brasil produz, predominantemente, carne com boas características de qualidade, traduzido pela significativa participação no mercado externo e pela aceitação do produto no mercado interno.