Em meio a uma alta volatilidade, as ações da Oi (OIBR3) pegaram os investidores de surpresa nesta semana.
Os papéis da companhia dispararam cerca de 81,1% nos três últimos pregões, dos dias 24 a 26 de janeiro. No entanto, na sexta-feira, 27, o preço do ativo voltou a cair.
Afinal, o que aconteceu?
Nem mesmo a Oi soube explicar os motivos por trás da oscilação atípica das suas ações OIBR3, verificada entre os dias 24 e 25 de janeiro.
“A Oi esclarece que não há fatos ou atos relevantes que em seu entendimento possam justificar possíveis oscilações atípicas no número de negócios e na quantidade negociada de ações da companhia, além daqueles amplamente já divulgados ao mercado”, diz a empresa respondendo ao questionamento da B3 (BVMF:B3SA3) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Oi segue em situação delicada
O ano de 2022 foi de boas e más notícias para a Oi. As primeiras semanas do ano foram marcadas pela aprovação da venda da Oi Móvel (serviço móvel da operadora Oi) às companhias Claro, Vivo (BVMF:VIVT3)e TIM (BVMF:TIMS3).
Após meses de burocracia e atrasos, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a venda do maior ativo da Oi.
A alienação da Oi Móvel foi um passo importantíssimo para o plano de reestruturação da companhia que, além de não ter mais as operações de telefonia móvel, usou o dinheiro da venda para pagar boa parte das dívidas com credores.
Além da venda da Oi Móvel, o último ano também foi marcado pela expansão da fibra no atacado e varejo, o fim da recuperação judicial (RJ) e um cenário macroeconômico um pouco mais positivo.
Infelizmente, o ano mais importante da história da Oi não foi como o imaginado.
Em meados de junho, recebemos a notícia de que a participação da Oi na V.tal, seu grande trunfo, seria menor. A parcela passou de 42% para 34,7%.
Basicamente, a Oi não tinha a capacidade de investir e de arcar com custos operacionais para a V.tal e, por isso, precisou abrir mão de parte da sua participação.
As coisas já não vinham particularmente boas para a empresa e a Oi ainda teve problemas na conclusão da venda da Oi Móvel. As compradoras alegaram que a companhia não cumpriu alguns pontos do contrato e agora cobram a devolução de cerca de R$ 1,5 bilhão.
A “briga” entre as teles ainda está em arbitragem. Dependendo da conclusão das vendas dos seus ativos, o fim da RJ atrasou.
A saída da RJ, que era esperada para o 1º semestre de 2022, foi aprovada apenas em 15 de dezembro de 2022.
Fim da RJ, mas muitos desafios
O encerramento da recuperação judicial foi um passo importante para a Nova Oi, mas os desafios para a companhia ainda são grandes.
Com as vendas dos seus ativos, a dívida líquida da Oi passou de R$ 32,5 bilhões no 4T21 para R$ 18,3 bilhões no 3T22.
A Oi é uma nova empresa, porém, sem telefonia móvel e fixa e sem a fibra por atacado, a sua receita caiu pela metade e o Ebitda passou de R$ 1,6 bilhão no 4T21 para R$ 168 milhões no 3T22.
Ou seja, apesar da queda da dívida líquida, a capacidade de geração de caixa da Nova Oi atualmente é bem menor.
Esse é o grande desafio da Nova Oi: deixar de queimar caixa e voltar a crescer.
O desafio, que já é grande, fica ainda mais difícil em um cenário de economia mais fraca e juros mais altos por mais tempo.
A Oi depende de uma economia relativamente aquecida para expandir suas receitas com fibra e de juros baixos devido ao seu alto endividamento.
A Nova Oi tem futuro?
Após um 2022 ruim, a Nova Oi abriu o ano de 2023 sem expectativas positivas.
Mas, nos últimos dias, vimos as ações da companhia disparando 90% em quatro pregões.
Bem, tudo nos leva a crer que foram alguns investidores institucionais que impulsionaram o papel da Oi, mas não sabemos o foco desses investidores na empresa.
Com a forte alta e notícias de institucionais comprando, recebi diversas perguntas se algo mudou para a Oi, se é um sinal de dias melhores e, é claro, se vale a pena comprar OIBR3.
Sem mudanças no fundamento da empresa e com um cenário macroeconômico incerto, a Oi não é mais a oportunidade que tínhamos no começo do ano passado.
Os desafios são grandes e o mercado está cheio de oportunidades com visibilidade de crescimento, menos riscos e a preços bem interessantes.
Aproveitamos as recentes altas para reduzir nossa alocação em OIBR.
Com ótimas oportunidades, preferimos nos concentrar em empresas com visibilidade e de maior confiança.
Um abraço.