Tivemos um mês de outubro de novas deteriorações nas expectativas de desempenho da economia e por conseguinte uma alta do dólar, dos juros e quedas nas bolsas.
Desta vez o fator principal foi a insistência do Governo/Congresso em romper o Teto de Gastos, a principal âncora fiscal no Brasil atualmente. Este rompimento pode colocar em risco a trajetória da dívida pública futura e levar o país a uma daquelas crises que estamos nos acostumando a ver nos últimos anos.
Por precaução, os investidores elevaram as expectativas das taxas de juros, posteriormente corroboradas pela reunião do Copom, do Banco Central do Brasil. Com juros mais altos, teremos menos crescimento do PIB, o que não é bom para a maior parte das empresas, forçando então a uma queda nas ações.
Com esta deterioração de expectativas, o investidor se viu diante da sedutora alternativa de trocar investimentos de risco (“ações”) por renda fixa (“sem risco”) com alta remuneração. No entanto, sabemos que o risco da renda fixa para um país que paga 12% a.a. de juros, desequilibrado fiscalmente e que não cresce seu PIB não pode ser desprezado.
No último artigo, destaquei a atratividade das ações pela discrepância entre preço e valor. Com o comportamento do mercado em outubro, esta relação ficou ainda mais discrepante, mesmo considerando que as expectativas tenham ficado piores.
Temos um cenário econômico/político muito desafiador pela frente e o grande risco apontado para 2022 (eleições presidenciais) pode se transformar na grande oportunidade de discutir pontos importantes para o desenvolvimento do nosso país, que têm sido limitadores para o Brasil deslanchar e que nos assombram de tempos em tempos, quais sejam: reformas estruturantes de VERDADE, respeito às regras constitucionais e fim de privilégios para poucos, portas efetivas de saída da pobreza, dentre outras questões conhecidas por todos.
Diante deste cenário tenso, vemos a possibilidade de uma recuperação dos preços da ações no horizonte, corrigindo as quedas exageradas que acabamos de ver. Uma alta consistente dos preços das ações, no entanto, somente ocorrerá quando um novo cenário de médio/longo prazo puder ser visualizado. Acho que isso pode ocorrer a partir do debate durante a campanha presidencial.
Ao investidor, para que decisões precipitadas não sejam tomadas, sugerimos paciência e atenção ao repetitivo conceito preço/valor. Afinal de contas, pelo que vemos historicamente, comprar barato nunca deu prejuízo.
Aproveito também para relembrar a necessidade de encarar os investimentos em ações como uma maratona e não como prova de curta distância.