A bolha das bolhas vem se formando na renda fixa global há décadas – como se proteger?
Howard Marks, Marilia Fontes, Dynamo, Stuhlberger
Permitam-me repetir o tema da ótima análise da Marilia Fontes na sexta-feira.
E o último memorando de Howard Marks, divulgado na quinta-feira (17 de outubro), que também foi sobre os juros negativos.
Não sou, especialmente, espiritual, mas esta foi uma mensagem dos céus.
É algo que estamos, há tempos, ponderando.
Algo que pode impactar nosso patrimônio severamente.
É a mãe de todas as bolhas mundiais.
A bolha das bolhas.
Bolha se formando por 30 anos
Não é algo recente.
A bolha das bolhas, a queda vertiginosa das taxas de juros globais, vem se formando desde meados dos anos 1980.
Índice dos juros de 10 anos americano nos últimos 50 anos. Fonte: Bloomberg.
Lembrando que o investidor ganha dinheiro quando as taxas de juros caem e perde quando os títulos sobem – o mundo ganhou MUITO dinheiro nos últimos 30 anos.
Os pessimistas olham o canal de tendência vermelha acima e pensam: "Está acabando o espaço para a redução de juros."
Os otimistas olham o canal de tendência verde e pensam: "Desde a crise de 2007, chegamos ao limite mínimo dos juros mundiais."
O problema é que ainda não vi otimistas com o movimento acima.
A culpa é dos Bancos Centrais?
Conhece o ditado: "Para um martelo, todos os problemas são pregos".
Desde a adoção do até então inédito sistema de metas de inflação na Nova Zelândia, em fevereiro de 1990, a resposta para tudo no mundo é: "Abaixe os juros".
Crescimento fraco? Abaixe os juros. Problema? Abaixe os juros. Falta crédito? Abaixe os juros. Crise? Abaixe os juros.
Claro que estou exagerando, mas a principal ferramenta dos bancos centrais independentes é mover as taxas de juros.
Até recentemente, o Japão era encarado como uma exceção. Pois bem, a exceção virou a regra.
No Japão, você investe por 10 anos e recebe -0,125 por cento ao ano. Você investe 1.000 yen e resgata 987,6.
Parece que o sistema econômico que todo o mundo usa, desde os anos 1990, atingiu seu limite.
Aproximadamente, 30 por cento de todo o dinheiro aplicado nos países desenvolvidos, hoje, está com taxas negativas.
Apertem os cintos, a proteção sumiu
Nas crises anteriores, os investidores se protegiam colocando seu capital nos títulos de renda fixa.
Principalmente nos títulos americanos, os títulos mais líquidos e seguros do mundo.
Mas eles não são mais, tão seguros, hoje.
Lembrando que o investidor ganha dinheiro quando as taxas de juros caem e perde quando elas sobem.
Se as taxas de juros subirem, o investidor perderá dinheiro.
Para onde correrá o investidor que perde dinheiro nos ativos mais seguros do mundo?
Eu não sei. A Marilia não sabe. O Howard Marks não sabe. O Buffett não sabe. Ninguém sabe.
Uma bolha bem na frente de nossos olhos
Estudando a bolha imobiliária americana de 2007, uma coisa me surpreendeu.
Todo mundo sabia que os preços das casas estavam subindo demais. Todo mundo sabia que os empréstimos imobiliários estavam frouxos demais, todo mundo sabia que os bancos estavam alavancados demais.
A surpresa foi o impacto que o estouro da crise afundaria o sistema bancário americano – sem bancos, a economia não funciona.
Com seus balanços abarrotados de empréstimos subprime (ou podres), os maiores bancos norte-americanos, e mundiais, foram caindo como dominós.
Um a um, os bancos foram tendo problemas, cada vez maiores, para se financiar. E a quebra dos bancos derrubou o sistema financeiro e obrigou o governo americano a salvar o capitalismo.
Primeiro o Bear Stearns, depois Lehman, Merrill Lynch, Citi, ...
Com a confiança no sistema arruinada, o governo se viu obrigado a injetar dinheiro do contribuinte nos bancos.
Relendo comentários de grandes investidores, muitos sabiam que aquilo iria estourar em algum momento.
Só não imaginavam que o estouro seria tão forte.
O Patrimônio dos bancos está investido em renda fixa
O capital Tier 1 dos bancos, a parcela mais conservadora do capital dos bancos, está investido em renda fixa.
No mundo inteiro funciona da mesma forma.
A base do capital dos bancos fica investida em títulos públicos. No Brasil, nos EUA, na China, na Europa e no Japão.
Se tivermos um estouro da bolha de renda fixa e, consequentemente, um aumento das taxas de juros globais, podemos ter sérios problemas nos bancos.
E, assim como foi na crise do subprime, um problema sério nos bancos globais pode deixar a economia mundial de joelhos.
Este é o risco.
Sem motivo para alarde
Muita gente, muito mais inteligente do que eu, vem se preocupando com a bolha na renda fixa mundial há anos e anos.
Mesmo assim, as ações continuam nas máximas. Ainda estamos no meio do ciclo.
O SPX (S&P 500) não está nada caro. Mas nada impediu que o SPX caísse -57 por cento do meio do ciclo em 2007.
O Ibovespa está muito mais barato, ainda no início do ciclo, e o preço baixo pode nos dar maior resiliência em caso de choque.
Mas seria tolice imaginar que uma crise mundial de grandes proporções não nos afetaria.
Estamos, sim, na contra mão. Mas o risco existe.
Como proteger seu capital do estouro da bolha das bolhas?
Essa é a pergunta de 1 trilhão de dólares.
Certamente, o impacto da crise, se houver, não será da forma que imaginamos. Só temos crise quando acontece um choque inesperado no mercado.
Todas as grandes crises são diferentes e inesperadas.
Prever o timing de uma crise é um exercício de adivinhação.
Uma crise pode, ainda, demorar anos e anos para aparecer. A crise pode nunca aparecer.
Seria de uma arrogância impensável se eu dissesse que sei a resposta.
Eu não sei. Ninguém sabe.
Mas, na Nord Research, estamos, cuidadosamente, estudando formas de proteger seu patrimônio da bolha das bolhas.
O mundo está mundando. Nós estamos evoluindo.
O Plano Nord 2020 já começou.
Teremos novidades.
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