Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
As ações estão prestes a ter um futuro mais promissor? Apesar da “mania de inversão” que tomou conta do ambiente de investimentos, há um exemplo importante que parece estar fora do radar de muitos: a inversão entre o dividend yield do S&P 500 e o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano.
Recentemente, o rendimento do título de 10 anos ficou abaixo do S&P 500. Se a história se repetir, as ações norte-americanas podem ganhar um poderoso impulso.
Tomando como referência o dividend yield (relação entre o dividendo pago por ação e a cotação do último dia do ano) do fundo SPDR S&P 500 ETF (NYSE:SPY) para o S&P 500 e o rendimento do título de 10 anos do Tesouro americano, essa inversão só ocorreu em três períodos desde 1994: em 2009, de 2012 a 2013 e de 2015 a 2016.
Agora, esse mesmo tipo de inversão está acontecendo novamente. Além disso, durante os períodos de 2012 e 2015, o mercado acionário também havia passado por uma consolidação de quase dois anos. Naquelas ocasiões, quando a inversão se reverteu, as ações dispararam, provocando uma alta significativa nos papéis.
Inversão nos títulos de 2 anos/10 anos
Embora as preocupações com a inversão dos rendimentos dos títulos de 2 e 10 anos tenham tomado conta das manchetes, poucos têm dado atenção ao que estava acontecendo com o dividend yield do SPY (NYSE:SPY). Desde o fim de julho, o rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro americano despencou de aproximadamente 2,1% para cerca de 1,55%. Essa queda acentuada fez com que a taxa dos Treasuries ficasse abaixo do dividend yield do SPY ETF a 1,88%, resultando em um spread de 0,33% negativo. A diferença entre as duas taxas está agora em seu menor patamar desde novembro de 2016.
Déjà-vu?
As inversões do passado também ocorreram durante períodos de estagnação do mercado acionário. Durante a inversão de 2015 e 2016, o mercado de ações estava se movimentando de lado, de março de 2015 a novembro de 2016, com o S&P subindo apenas 0,34% – uma consolidação que durou quase 18 meses.
Em seguida, ocorreu o rali das ações pós-eleições presidenciais nos EUA, com o S&P 500 subindo cerca de 35% até janeiro de 2018.
Algo similar aconteceu de abril de 2011 a julho de 2013, quando o S&P 500 se valorizou apenas 0,2%, enquanto o rendimento do título de 10 anos estava abaixo do dividend yield do S&P 500 ETF. O S&P 500, então, avançou impressionantes 55% de julho de 2012 a março de 2015.
O mais surpreendente é que, nos últimos 18 meses, surgiram muitas semelhanças com esses períodos mencionados acima, inclusive um período de estagnação do mercado de ações. Desde o fim de janeiro de 2018 até hoje, o S&P 500 subiu apenas 0,85%, refletindo o que ocorreu tanto na estagnação de 2012 quanto de 2015.
Se a história se repetir, o mercado acionário pode estar se preparando para sua próxima pernada de alta.
História se repetindo?
Sem dúvida é possível que, em breve, o mercado de ações veja seu próximo avanço significativo. Em vista da opção de deter ações ou títulos governamentais em um ambiente de juros baixos, a escolha parece favorecer as ações.
Além disso, as ações oferecem a vantagem adicional do crescimento de lucro e devem se beneficiar se a economia mundial começar a melhorar frente à sua desaceleração recente.
A razão para que a história aparentemente esteja se repetindo é bastante clara: nos períodos de 2012 e 2015, os investidores foram confrontados com preocupações com o crescimento mundial. De 2011 a 2013, havia um alto grau de incerteza em torno dos problemas envolvendo o sistema bancário europeu, enquanto em 2015 e 2016, forças deflacionárias assustavam o mundo.
A situação atual não parece ser diferente. Atualmente, os investidores estão preocupados com a maneira como a guerra comercial entre EUA e China pode desacelerar o crescimento e jogar a economia mundial em uma recessão.
Se os problemas do presente forem resolvidos como aqueles do passado, as taxas do título de 10 anos devem começar a subir novamente. Assim que o mundo começar a dar sinais de melhora, o mercado acionário também deve iniciar um movimento ascendente.
Embora a frase “a história se repete” seja geralmente usada em um contexto negativo, nesse caso, pode ser algo que os investidores de ações estejam esperando: um futuro mais promissor para seus papéis.