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A inteligência artificial é a próxima bolha?

Publicado 03.03.2023, 16:18
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  • O interesse pela inteligência artificial (IA) e pelo ChatGPT cresceu nos últimos meses.
  • Mas, após um 2022 tumultuado e um recuo do mercado acionário em fevereiro, os investidores continuam cautelosos.
  • Neste artigo, vamos analisar as cinco fases de uma bolha financeira, sugerindo que a IA pode estar entrando na segunda fase.
  • Desde o lançamento do ChatGPT, um novo assunto vem dominando as conversas de investidores e aficionados da tecnologia: a inteligência artificial.

    As pesquisas no Google (NASDAQ:GOOGL) sobre o termo “IA” (inteligência artificial) em todo o mundo tiveram uma alta de cerca de 30% desde o início do ano.

    Interesse em buscas sobre IA

    Fonte: Google

    Também houve um aumento exponencial das pesquisas sobre o nome “ChatGPT” nos últimos meses.

    Interesse em buscas sobre ChatGPT

    Fonte: Google

    Nesta altura do campeonato, praticamente todo mundo já testou a ferramenta para ver o que ela é capaz de fazer.

    Da perspectiva dos investimentos, não vimos nada de muito extraordinário. Os investidores ainda estão cautelosos com a forte queda de 2022, e o recuo registrado em fevereiro (após a euforia de janeiro) apagou um pouco do otimismo.

    BOTZ diário

    O gráfico acima mostra a forte alta deste ano no fundo Global X Robotics & Artificial Intelligence (NASDAQ:BOTZ), que investe em ações de robótica e inteligência artificial. No entanto, é importante ressaltar que a tendência segue o mercado mais amplo, o que explica sua significativa queda de preços em fevereiro.

    Como sempre, quando o mercado mais amplo voltar a subir novamente (não é uma questão de “se”, mas de “quando”), a narrativa irá mudar, portanto prefiro abordar o assunto hoje com a mente aberta, sem a euforia das massas

    Cinco estágios de uma bolha financeira

    Apresento a seguir as principais características do surgimento e do estouro de bolhas especulativas, para que você possa reconhecê-las quando elas ocorrerem no futuro.

    1. Evento principal

    O evento principal geralmente envolve uma novidade no mercado, como uma tecnologia. Podemos citar como exemplo a bolha das empresas “ponto com”, as hipotecas subprime, vendidas com altas taxas de retorno e “pouco risco” em 2008 e, indo um pouco mais no passado, as ações de empresas ferroviárias ou de mecanismo de transporte nas crises de 1929.

    Essas novidades, que também podem ser relevantes no âmbito tecnológico, dão início ao próximo passo, que é a narrativa de autorreforço.

    2. Narrativa de autorreforço

    É o momento em que a mídia começa a remoer o assunto, como de costume, exagerando os aspectos positivos da nova tecnologia, seu impacto devastador na sociedade e todos os benefícios que ela proporcionará ao mundo. Os primeiros gestores começam a estruturar e criar produtos relacionados ao assunto. Os influenciadores e as celebridades aumentam o interesse, levando a novidade para as massas. Os participantes do mercado procuram fazer com que a mensagem da nova tecnologia gere novas oportunidades, atraindo dinheiro.

    3. Medo de ficar de fora

    É quando tem início a terceira fase, conhecida como “medo de ficar de fora”, ou FOMO, na sigla em inglês. Ou seja, ninguém quer ficar fora da festa. Quando você vê seu vizinho, colega de trabalho ou melhor amigo investindo e ganhando “muito dinheiro”, se convence de que precisa entrar nesse novo negócio, senão irá perder a nova onda de lucros.

    4. Perda de racionalidade

    A quarta etapa é a pior. Todos os padrões lógicos são rompidos. Ações sem fundamentos crescem a dois dígitos, empresas sem lucro atraem novos investidores a cada dia e as conversas ficam centradas em um único grupo de ações, chamadas de “nova Microsoft (NASDAQ:MSFT)", “próxima Meta”, “próximo Google”.

    Ninguém se importa com os fundamentos, ninguém olha o mercado como um todo, ninguém se preocupa com as perspectivas de crescimento e ninguém se dá ao trabalho de calcular quantos anos de lucro serão necessários para cobrir os valuations. Você não se importa com a gestão financeira e, pior ainda, não acredita que os valores podem acabar caindo e retornando ao nível normal.

    5. Colapso

    A quinta fase sempre acontece e é a mais cruel de todas. É o retorno à normalidade, que geralmente coincide com um alucinante colapso dos valuations. O mecanismo de retroalimentação trabalha em modo reverso, e todos se convencem de que, de fato, o circo todo não fazia muito sentido. Infelizmente, também é quando os investidores precisam enfrentar as perdas. Alguns aprendem a lição, outros não.

    Não sei se a próxima bolha será a inteligência artificial, mas a fase 1 pode estar chegando ao fim e a fase 2 está apenas começando, então teremos que ficar de olho nos próximos meses para ver se há alguma evolução nesse sentido. Veremos, mas pelo menos agora sabemos como o processo se desenrola.

    ***

    Aviso: Este artigo foi escrito apenas com fins informativos e não constitui qualquer solicitação, oferta, conselho ou recomendação de investimento, não tendo por objetivo incentivar a compra de ativos de nenhuma forma.

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