Inquestionavelmente há uma “torcida” por parte do mercado financeiro pró candidato da oposição, mas há também uma injustificável intensidade na volatilidade imposta à moeda americana que se afasta da razoabilidade e se configura como pura especulação, seja por favorecer ou contrariar o desejável.
Afinal, nas muitas pesquisas que ora pendem para Dilma ora pendem para Aécio numa margem de 1 a 2%, não se encontram bons fundamentos para oscilações bruscas no preço da moeda americana, bem distante da volatilidade normal de outras moedas emergentes, como repercussão de situações pontuais presentes no mercado global.
O real ser depreciado em torno de 1% ante o dólar, quando o peso mexicano se valoriza 0,14%, a lira turca 0.08% e o peso colombiano e mesmo com desvalorizações mais discretas como do peso chileno 0,14%, sol peruano 0,05% e rand 0,48%, deixa evidente que a diferença é demasiada para que seja racionalmente atribuída a uma discretíssima vantagem em pesquisa eleitoral.
Esta volatilidade de que deveria ser pequena quando se faz grande denuncia a presença firme e forte da especulação, e sinaliza que este mercado está somente para profissionais, afastado absolutamente de quaisquer fundamentos.
A tendência do preço da moeda americana é por si mesma no Brasil é de apreciação. O Brasil tem condições irreversíveis no curto prazo para que esta seja uma realidade inexorável, e, não será o fato de ser eleita a oposição que vai mudar este quadro prospectivo,
Antes o país precisa redimir-se de seus erros, reposicionar-se em linha de reconstrução e alinhamento com novas políticas que o coloquem em linha de crescimento, e isto não sugere que seja feito tudo de uma única vez, mas cada fase ao seu tempo, para que então mudem as perspectivas para o setor externo, que precisará readquirir o seu potencial de atração de volumoso fluxo de recursos externos, para que o país saia desta situação desconfortável atual, que obriga o BC a expressiva intervenção no mercado de câmbio.
Acreditar que a oposição poderá implementar todo o conjunto de ações para gradualmente alcançar todas as fases mencionadas pode até ser mais razoável do que possam acreditar que a oposição possa fazê-lo, mas não há atalhos, situação ou oposição precisarão trilhar o mesmo conjunto de ações para que o país volte a ter credibilidade, confiabilidade e atratividade externa.
E com o cenário externo que já não favorece o Brasil agravado pela convicção prevalecente de que crescerá menos, naturalmente o desafio para o governo brasileiro que assumir ficará muito maior, já que a propensão de receber investimentos externos tende à retração, e, até pode provocar o deslocamento de recursos externos atualmente locados no Brasil para mercados considerados mais seguros, com destaque para o mercado americano.
Se o FED postergar o fim do QE3 e a perspectiva da mudança da política monetária, isto ocorrerá face à percepção de que as economias globais crescerão menos, o impacto não tende a ser benigno pois tende a ocorrer o deslocamento pelas razões expostas acima.
E se ocorrer a convicção de que o mundo crescerá em ritmo menor e mesmo assim o FED resolver encerrar o QE3 e sinalizar mudanças na política monetária americana, então o setor externo para o Brasil ficará muito mais complicado.
A credibilidade, que promoverá a reversão de expectativas em relação ao setor externo, passa por políticas novas e atitudes firmes e não somente por nomes.