Em uma tarde meio chuvosa em São Paulo, a comitiva de Dom Pedro I fez uma parada próxima ao rio Ipiranga, devido a um incômodo intestinal do príncipe. Foi nessa parada estratégica, no dia 7 de setembro de 1822, que ele recebeu notícias que o levaram a proclamar a famosa frase de independência. Hoje, visitantes do Parque da Independência, em São Paulo, podem ver o local exato, que fica sob uma árvore, e aproveitar para conhecer o deslumbrante museu. Vale a pena a visita!
A independência (financeira)
Porém, a maioria das pessoas não consegue realizar o sonho de sua independência financeira. O grito não sai da garganta… fica lá preso nas dívidas, nas contas, nos gastos excessivos, no descontrole emocional, na falta de um orçamento mínimo e, principalmente, na ausência de educação e preparo financeiro adequados.
A liberdade financeira deveria ser uma situação em que a pessoa consegue pagar suas contas pessoais básicas, através de seus investimentos e de sua renda passiva. Ou seja, está livre para decidir o que fazer com seu tempo e sua vida.
Muita gente vende isso como “se aposentar mais cedo”, “viver tranquilo de renda”, e embora essa possa ser uma forma de entender a situação, a verdadeira liberdade vai além de apenas estar financeiramente estável e infelizmente ainda é um privilégio de poucos.
Um objetivo restrito a uma pequena parcela da população
Apesar dos benefícios da independência financeira, esse conceito ainda está restrito a uma pequena bolha da população. O cenário atual mostra um aumento significativo do contingente de idosos na força de trabalho paulista, que inclui todos os trabalhadores, empregados ou não. Um estudo da Fundação Seade revela que, no Estado de São Paulo, 26% das pessoas com 60 anos ou mais estavam no mercado de trabalho em 2022, um percentual superior ao observado em todo o país, que é de 24%.
Vemos que muitos desses idosos trabalham por necessidade, mesmo na fase mais avançada da vida. Os dados da Fundação Seade indicam que quanto menor o nível de escolaridade, maior a parcela da população acima de 60 anos que continua trabalhando. A permanência ou entrada dos idosos no mercado de trabalho está ligada, principalmente, à necessidade de gerar renda para suas famílias.
Esse cenário evidencia que a independência financeira está longe de ser uma realidade para a maioria. Ao invés de poderem escolher como passar sua aposentadoria, muitos idosos ainda enfrentam a necessidade de trabalhar para sobreviver e manter suas famílias. A busca pela liberdade financeira, portanto, precisa ser ampliada e acessível a uma parcela maior da população, para que mais pessoas possam usufruir de uma vida com escolhas, segurança e dignidade, sem depender exclusivamente do trabalho, especialmente na fase mais idosa.
A verdadeira liberdade está no movimento
Muita gente quer ficar em casa, sem fazer nada. E aí reside (desculpe o trocadilho) um grave erro. A verdadeira liberdade vem de estar em constante atividade, se desafiando, estabelecendo novos objetivos e permanecendo ativo e produtivo. Essa sensação de completude e utilidade é algo que aqueles que ficam na inatividade podem não experimentar.
Não estou sugerindo que nossos pais e avós, muitos dos quais já têm suas limitações, devam trabalhar - eles merecem descanso. Porém, a atividade física e a interação social são benéficas para qualquer idade. O que questiono são pessoas super novas que desejam passar o resto de suas vidas na inatividade.
Tenho como objetivo continuar trabalhando ativamente, sempre. Não precisa dar expediente de 8/9 horas em empresas. Mas ter uma ocupação que desafie intelectualmente e permita um constante aprimoramento. Isso sim vai te dar plenitude. E de quebra, você reforça seu caixa para enfrentar algum infortúnio inesperado que muitas, muitas vezes mesmo, acontece.
A comunidade agradece, a sua família (e sua saúde) também! Feliz independência!