O Brasil tem se destacado mundialmente não apenas em soluções bancárias, mas também em meios de pagamentos, graças às inovações promovidas pelo Banco Central do Brasil (BCB) nos últimos 10 anos e o crescimento significativo de fintechs com soluções inovadoras. Essas mudanças têm impulsionado o crescimento do setor e, consequentemente, aumentado as demandas sobre o órgão regulador. No entanto, é necessário reconhecer que ainda há muito a ser feito nos próximos cinco anos, uma vez que essa é uma tendência orquestrada pelo próprio regulatório.
A criação do Pix, por exemplo, levou quase mil instituições a serem supervisionadas pelo BCB nesse quesito. Além disso, já são mais de 100 instituições de pagamentos autorizadas. Diante desse cenário, é compreensível que o número de servidores do Banco Central se torne insuficiente para atender a todas as demandas. Os servidores e os sindicatos representativos reivindicam a abertura de concurso público para mais vagas, além de uma reestruturação da carreira. Eles também desejam a implementação do bônus produtividade, a exigência de ensino superior para o cargo de técnico na autarquia e a alteração de nomenclatura do cargo de analista para auditor.
A rotina de greves parciais no Banco Central tem se arrastado, chegando a uma paralisação de 24 horas em janeiro/24. Mais de 50 cargos gerenciais foram entregues, o que afeta diretamente projetos e processos críticos, como o Pix, o Sistema de Transferência de Reservas (STR) e o desenvolvimento de sistemas de TI, entre outros. Essa situação preocupa as fintechs, que dependem do regulador para avançar em sua agenda evolutiva e cumprir as entregas necessárias. O cenário é de insegurança para os que operam dentro do ambiente do Banco Central, não por questões puramente técnicas, mas para conseguirem cumprir uma agenda administrativa e operacional junto às instituições
Como representante de uma fintech, considero o BCB um órgão competente e apoio à valorização das demandas dos servidores. A evolução do sistema financeiro não pode ser interrompida e um colapso no Banco Central seria desastroso tanto para o Brasil quanto para as empresas globais que fazem parte de nosso ecossistema financeiro e de pagamentos.
É fundamental que as entidades representativas das fintechs se pronunciem e fortaleçam o apoio em defesa dos direitos dos brasileiros. O Banco Central desempenha um papel crucial na regulação e no desenvolvimento do setor financeiro, e é necessário garantir que ele tenha os recursos e a estrutura adequados para cumprir sua missão. O apoio às demandas dos servidores é essencial para manter a estabilidade e o progresso do sistema financeiro brasileiro, beneficiando a todos os envolvidos.