Em um mundo cada vez mais imprevisível e conectado, a diversificação de ativos ganha uma importância ainda maior na estratégia de investimentos de qualquer pessoa. Em um artigo produzido pelo Alexandre Cancherini e pelo Thiago Takeda, ambos da Galapagos, eles explicam essa questão de forma bem clara.
Segundo o material, desde a introdução do conceito da fronteira eficiente por Harry Markowitz em 1952, a ideia da diversificação de ativos se tornou um princípio fundamental no mundo das finanças.
Através de um modelo matemático, Markowitz demonstrou ser possível otimizar um portfólio, reduzindo seu risco total e preservando seu retorno esperado, através da diversificação dos ativos que compõem uma carteira.
Portanto, da equação matemática mais sofisticada à famosa expressão popular – aquela sobre não colocar todos os ovos na mesma cesta – o conceito de diversificação é fundamental na construção de um portfólio balanceado.
No material, Alexandre e Thiago explicam que, nesse contexto, entender o conceito de correlação é fundamental.
Segundo o gestor e o analista da Galapagos, em investimentos, correlação nada mais é do que como dois ou mais ativos se relacionam entre si. Este movimento pode ser positivo, negativo ou até mesmo inexistente.
As correlações positivas são aquelas nas quais os ativos de uma carteira tendem a se mover na mesma direção. Como, por exemplo, é de se esperar entre ações de uma empresa de computadores e das ações de seus fornecedores de microprocessadores.
Por outro lado, no caso de correlações negativas, é esperado que os ativos apresentem desempenho em direções opostas entre si. Por exemplo, é de se esperar entre títulos de renda fixa e ações ou o desempenho do dólar americano e da bolsa brasileira.
Retomando a linha de raciocínio, outro conceito importante citado por Alexandre e Thiago para entender a fronteira eficiente de Markowitz é a ideia de risco-retorno, que sugere uma relação direta entre o risco de um ativo e seu retorno esperado.
Ou seja, quanto maior o risco assumido em um ativo, maior o potencial de retorno. A fronteira eficiente nada mais é do que a representação de portfólios na matriz de risco-retorno que apresenta o maior retorno esperado para cada nível de risco.
A ideia por trás do pensamento de Markowitz está na diferenciação entre o risco individual de um ativo qualquer e o risco de uma carteira de investimento, demonstrando que o risco total de um portfólio não é simplesmente a soma, nem tampouco a média, dos riscos dos ativos que o compõem, mas sim o resultado de como esses ativos se relacionam entre si. Ou em “matematiquês”, o risco de uma carteira é determinado não apenas pela variância dos retornos individuais de seus ativos, mas também pelas covariâncias entre eles.
Assim, eles explicam que a interação entre os ativos é tão importante quanto o comportamento isolado de cada um para definir o risco total do portfólio.
Por isso, ao combinar ativos com covariâncias baixas ou negativas, reduz-se o risco da carteira como um todo, sem comprometer o retorno esperado do portfólio.
Outro benefício da diversificação está associado a dificuldade de escolher o investimento “da vez” em um mercado cada vez mais dinâmico e volátil.
Na tabela abaixo, Alexandre e Thiago mostram o comportamento das principais classes de ativos brasileiros ao longo dos últimos anos; como podemos ver, a ausência de um padrão é notória.
Por exemplo, quem diria, em 27 de outubro de 2023 – dia em que o presidente Lula afirmou a jornalistas que “dificilmente chegaremos à meta” fiscal e que não via problema algum em ter “um déficit de 0,5% ou 0,25%” – que o Ibovespa teria a melhor performance entre as classes de ativo no ano?
Como disse o físico dinamarquês Niels Bohr, “previsões são difíceis, especialmente sobre o futuro”.
Para complementar, eles explicam que uma gestão de carteira também permite ao investidor aproveitar oportunidades específicas em diferentes momentos do ciclo econômico através de ajustes em sua composição.
Diferentes estágios do ciclo impactam de forma diferente o comportamento dos ativos. Assim, a diversificação alinhada às dinâmicas econômicas é uma importante ferramenta para otimizar a relação entre risco e retorno na medida que as condições de mercado evoluem.
Acompanhar esses indicadores e tomar as decisões corretas, obviamente, não é tarefa das mais simples. São necessários anos de estudo e de acompanhamento do mercado para obter resultados relevantes.
Neste ponto, entra a questão das Carteiras Administradas.
No mercado, as carteiras administradas de investimentos têm ganhado destaque como uma solução para investidores que buscam otimizar seus resultados financeiros com a ajuda de um gestor profissional.
Em outras palavras, elas funcionam como um serviço de investimento personalizado, no qual um gestor profissional aloca e gerencia ativos em nome do investidor, de acordo, é claro, com o seu perfil.
A equipe de gestão é responsável por realizar ajustes periódicos na composição da carteira com base nas condições econômicas e nas oportunidades de mercado.
Esta modalidade, como eu disse antes, permite uma diversificação mais eficiente, com acesso a estratégias mais avançadas, além de ajudar a otimizar a questão tributária da carteira.
Obviamente, não é algo recomendado para todos e a qualquer momento, mas, sem dúvidas, trata-se de uma estratégia válida e amplamente utilizada na indústria de Wealth Management.
Bons negócios e até a próxima!