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A importância de fazer mais com menos

Publicado 22.11.2023, 10:00
AAPL
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Após o sucesso do Apple (NASDAQ:AAPL) II, em meados de 1980, Steve Jobs estava incomodado com duas questões. Primeiro, o seu sucesso não duraria para sempre; e segundo, por mais que tivesse participado da criação, o Apple II não era um projeto seu e sempre seria visto como a obra-prima de seu sócio, Steve Wozniak, também conhecido como Woz.

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Jobs queria um projeto para chamar de seu. Um produto que, em suas palavras, "deixasse uma marca no universo".

O Apple III, a evolução do II (a máquina da imagem acima), foi um fracasso total. Nem mesmo os engenheiros envolvidos assumiram a responsabilidade. Um deles descreveu o Apple III como "uma espécie de bebê concebido durante uma orgia. Ninguém queria assumir o filho".

Jobs então contratou dois engenheiros da HP para tentar criar algo totalmente novo. O nome do projeto era Lisa - o nome de uma filha renegada de Jobs. A Apple teve que criar um acrônimo para que pudessem alegar que o nome não tinha nada a ver com a filha bastarda do fundador, visando evitar polêmicas, chamando-o de "Local Integrated Systems Architecture", nome que não fazia muito sentido, mas serviu para o propósito naquele momento.

Anos mais tarde, o próprio Jobs admitiu: "É óbvio que era o nome da minha filha".

Mas durante o seu desenvolvimento, o empresário percebeu que a equipe não era tão interessada quanto ele gostaria. O time queria criar algo voltado para o mercado empresarial, enquanto Jobs queria algo voltado para as grandes massas.

Suas interferências no projeto desagradaram os engenheiros contratados da HP, que juntos de Michael Scott e Mike Markkula (primeiro CEO e primeiro investidor da Apple respectivamente), tramaram uma reorganização da empresa que tirou Jobs da gerência do projeto Lisa.

Enquanto isso, em outra parte da Apple, alguns engenheiros trabalhavam em uma divisão chamada de "Macintosh", que chamou a atenção de Jobs. Esse produto deveria ser vendido para as grandes massas e ter uma interface mais amigável para pessoas comuns.

O Macintosh deveria ser um Lisa mais barato e amigável para o consumidor. (enquanto o Lisa custaria em torno de 10 mil dólares, o Macintosh custaria algo próximo a 3 mil). Jobs apostou publicamente cinco mil dólares com John Couch, o responsável pelo projeto Lisa, que o Macintosh seria lançado antes do Lisa.

Jobs perdeu a aposta, mas acertou quando pensou que poderia deixar sua marca no mundo.

O Lisa foi lançado em janeiro de 1983, quase um ano antes do Macintosh. Embora Jobs não fizesse parte da equipe Lisa, ele foi para Nova York para fazer a publicidade do computador em seu papel de garoto propaganda e presidente do conselho da Apple.

O Lisa era uma máquina completa e potente. Ganhou uma certa aceitação no meio empresarial. O mouse construído para o Lisa era funcional, mas na época era meio que padrão dos usuários a preferência pelo uso das setas no teclado, já que a interface não era tão amigável. Seu design robusto e industrial era interessante para o mercado, mas seu preço alto, imposto para tentar cobrir os anos de investimento em sua criação dificultava bastante as suas vendas. Do que adianta ser incrível e ninguém conseguir comprar?

Alguns meses após o lançamento, a Apple anunciou o Macintosh, uma versão mais barata e menos potente do Lisa. Seu sistema operacional era aparentemente uma versão “subdimensionada” do Lisa com muito menos memória (128KB vs 1MB), uma resolução gráfica menor (170.104 pixels vs 259.200 pixels), um monitor menor (9″ vs 12″), e nenhuma possibilidade de conectar um disco rígido.

Duas notáveis exceções foram a maior velocidade do CPU Motorola 68000 (7.8 MHz vs 5 MHz) e a presença de som que fez do Macintosh um dos primeiros computadores pessoais “multimídia” da história.

O que destacava o Macintosh dos demais computadores era o hardware despojado, o sistema operacional mais simples, e, aproveitando a experiência que a Apple já tinha tido com o Lisa, permitiu à empresa vender o Macintosh a um preço muito inferior ao dos seus irmãos mais velhos ($2.490). Além disso, a máquina foi noticiada como tendo sido "dirigida pelo próprio Steve Jobs".

Mas, sem dúvidas, o que fez o Macintosh crescer tanto foi o seu design. O Lisa foi concebido como uma máquina orientada para os negócios; consequentemente, também a sua aparência era bastante séria, como seria de esperar de uma peça de equipamento profissional caro, naqueles dias. Em comparação com o Macintosh, a Lisa também era quase três vezes maior e mais pesada.

O Mac era, em vez disso, um computador pequeno que cabia em quase qualquer canto de uma casa, fosse na mesa bagunçada de um estudante ou numa prateleira da sua sala de estar. Sua pequena pegada tornou fácil encontrar um lugar para ele, seu peso era de cerca de 7 kg, o que significava que você podia movê-lo de um lugar para outro com apenas uma mão, como o próprio Jobs demonstrou orgulhosamente na primeira apresentação pública do Mac, em 24 de janeiro. Além disso, o Mac parecia “familiar”, enquanto o Lisa parecia uma colega séria, o Mac era um companheiro alegre.

A ideia do mac era desmistificar o computador nos anos 80, um período em que muitos ainda percebiam os computadores como máquinas intimidadoras operadas por uma elite de cientistas hiper-especializados.

O cuidado com os detalhes da máquina fizeram com que o Macintosh fosse o computador pessoal de maior sucesso daquela época e abriria o mar para as possibilidades que viriam dali para frente. Até mesmo o interior do computador foi cuidadosamente montado para manter um design bonito. Não era porque ninguém ia ver que ele poderia ser feio.

Embora fosse um computador bem menos potente do que o Lisa, o Macintosh fez a Apple explodir em vendas e a partir dali mudou o rumo dos computadores pessoais.

Essa jornada nos traz uma lição valiosa: reconhecer o poder da inovação e da adaptação no mercado.

Assim como o Macintosh revolucionou a indústria de computadores com sua acessibilidade, design e utilidade, investir em empresas que priorizam a inovação, adaptam-se às demandas do mercado e se dedicam aos detalhes pode ser uma estratégia sólida.

O Macintosh se tornou o divisor de águas da computação com muito menos poder do que outros concorrentes - inclusive dentro da própria Apple - mas foi o grande vitorioso justamente por fazer mais com menos.

Compreender a importância do diferencial competitivo e a capacidade de evoluir e se adaptar é fundamental para identificar oportunidades de investimento promissoras. Nem sempre gastar muito é eficiente. Talvez "o simples bem feito" faça mais sentido.

Pense nisso e até o próximo artigo!

Bons negócios!

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