Há o consenso entre os especialistas do mercado que o mais adequado para a diversificação de uma carteira é utilizar ativos com baixo coeficiente de correlação ou correlação negativa. O dólar apresenta em boa parte do tempo correlação negativa com a bolsa brasileira. Estar atrelado a ativos dolarizados é um instrumento eficiente para os investidores brasileiros que pretendem constituir um robusto portfólio de investimentos.
Como qualquer moeda fiduciária, o dólar também perde valor ao longo do tempo devido ao efeito inflacionário. Sendo assim, a melhor opção é alocar em ativos geradores de caixa que paguem e sejam lastreados em dólar.
Os Estados Unidos são a principal economia do mundo e possuem um mercado financeiro sólido e consolidado. Em momentos de maior aversão ao risco, os investidores globais buscam por segurança. A moeda norte-americana e os ativos do país são sempre uma opção. O dólar é uma proteção natural pelo denominado “flight to quality”, que significa “fuga/voo para qualidade”.
A proteção cambial na maior parte do tempo gera uma redução da volatilidade total em eventuais crises. Para facilitar o entendimento, cito um exemplo hipotético.
USD/BRL = R$ 4,00 USD/BRL = R$ 5,00
Suponha um investimento em ativo local e outro em ativo nos EUA no mesmo valor antes de uma determinada crise, cada um deles com um montante de R$ 4.000. Ambos tiveram queda similar de 30% no decorrer da baixa do mercado. Em contrapartida houve a valorização do dólar de R$ 4,00 para R$ 5,00. Esse fato reduziu a queda, em reais, do ativo negociado no exterior para 12,5%. Ou seja, o ativo brasileiro ficou com um saldo de R$ 2.800 e o americano de R$ 3.500.
Na crise Subprime em 2008, o dólar saiu de R$ 1,55 para R$ 2,59. Na crise ocasionada pela pandemia em 2020, a moeda americana passou de R$ 4,50 para quase R$ 6,00. Apesar de o exemplo mencionado ser fictício, a valorização cambial foi observada com intensidade superior ao citado nas duas últimas principais quedas do mercado. Abaixo o gráfico do dólar na paridade com o real desde 2007.
Gráfico usd/brl. Site investing.com
Outro fator que contribui para valorização é a taxa de câmbio, esta é afetada predominantemente pela variação da inflação entre os países no longo prazo — pela denominada paridade do poder de compra. A inflação americana é historicamente inferior à brasileira.
Dito isso, é preciso abordar que existem dois componentes de risco ao investir em ativos internacionais: flutuação das ações ou títulos na moeda local e a flutuação da taxa de câmbio entre o dólar e o real. São chamados de risco doméstico e de risco cambial.
A consequência, entretanto, de investir globalmente é ter a possibilidade de assumir maiores riscos (mais ações) e aumentar a expectativa de retorno. Além de manter retiradas no mesmo patamar em reais, durante o usufruto, perante momentos de maior incerteza no mercado.
Para finalizar, é possível fazer a alocação internacional de forma indireta, pela bolsa brasileira (B3 (BVMF:B3SA3)) por meio de ETFs ou BDRs. Ou diretamente no exterior, através de corretoras sediadas nos Estados Unidos e valer de mais opções de ações, títulos, ETFs e ADRs.
A teoria financeira demonstra que para obter o melhor retorno em relação a um risco específico é preciso diversificar os seus investimentos entre classes de ativos, não somente dentro de uma única classe de ativos. É aconselhado a análise do perfil como investidor e a avaliação do entendimento técnico sobre o mercado financeiro para a construção da carteira mais adequada aos seus objetivos.