Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
O presidente dos EUA, Donald Trump, finalmente terá seu desejo atendido em relação a um dólar mais fraco. A moeda americana vem mostrando vigor desde o início de 2018; no entanto, há sinais de que seu predomínio possa estar chegando ao fim. Os rendimentos dos títulos governamentais têm caído ao redor do mundo. No entanto, nos EUA, eles têm caído a um ritmo ainda mais acelerado. Isso acabou gerando uma contração nos spreads entre os rendimentos norte-americanos e globais, o que pode ajudar a derrubar o dólar em relação a uma cesta de divisas.
A moeda americana já começou a se enfraquecer frente ao iene japonês. Tudo indica que sua desvalorização frente ao euro pode não estar muito longe. É possível que o enfraquecimento do dólar crie um cenário interessante para o Federal Reserve (Fed), à medida que o banco central norte-americano embarca em uma política de flexibilização monetária.
Um Dólar Forte
O índice do dólar já subiu cerca de 11% desde o início de 2018. Contudo, esse significativo avanço do índice fez uma parada, e a moeda americana vem andando de lado desde o final de 2018, em uma faixa entre 96,50 e 99. Agora que está havendo uma contração no spread dos rendimentos, o dólar pode começar a cair forte.
O Iene
A desvalorização já começou em relação ao iene japonês, uma vez que o spread entre os títulos de 10 anos dos EUA e do Japão se contraiu cerca de 135 pontos-base desde novembro de 2018, encolhendo para 1,75%. Ao longo do mesmo período, o iene japonês se valorizou cerca de 7% frente ao dólar, de aproximadamente 115 para 106. Há sinais de que o iene pode se valorizar ainda mais, talvez retornando para 100. A moeda japonesa vem seguindo em tendência rumo aos 100 desde abril e, se cair abaixo do suporte técnico de 104,80, pode desencadear uma valorização mais acentuada.
O Euro
A próxima desvalorização do dólar será perante o euro, pois o spread entre os títulos de 10 anos dos EUA e da Alemanha teve contração de quase 65 pontos-base desde novembro, para aproximadamente 2,2%. Como já dissemos em artigos anteriores, esse spread pode cair para cerca de 2%. É provável que a redução do spread ajude a deixar o euro mais forte frente ao dólar. De fato, desde abril, o euro se estabilizou em cerca de 1,10 a 1,11 frente à moeda americana, apesar da expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) inicie uma grande política de estímulo em sua reunião de setembro.
O mais interessante em relação ao euro é sua capacidade de se segurar firme antes do afrouxamento monetário. Isso indica que talvez o mercado cambial esteja esperando que o Fed seja mais agressivo e mantenha uma flexibilização mais prolongada do que o BCE. Do contrário, o euro estaria se desvalorizando significativamente em relação ao dólar antes da reunião do BCE em setembro.
Quanto o dólar pode se desvalorizar?
Talvez ainda seja cedo demais para saber quanto o índice do dólar pode cair por um longo período. Parece razoável que ele caia para cerca de 95 no índice, um declínio de mais de 3%. Depois disso, o próximo nível de suporte técnico mais importante para o índice seria 92,50, uma queda de quase 6%.
De maneira geral, o dólar estável sinaliza que seu recente predomínio pode estar em seu ponto máximo e que seu período de força pode estar chegando ao fim. Isso gerará uma dificuldade a mais para o plano do Fed de realizar cortes de juros mais agressivos. Se o dólar realmente começar a se desvalorizar, é possível que reative a inflação, fazendo com que os preços de commodities como petróleo, cobree minério de ferro subam.
É um cenário confuso, e quem sabe um dia o mercado e todos os bancos centrais estejam na mesma página. No entanto, até que esse dia chegue, tudo leva a crer que as oscilações das moedas mais fracas continuará seu movimento de vaivém. Enquanto isso, o dólar apresentar a fraqueza vista ao longo de 2017 e parte de 2018.