No mercado financeiro do Brasil, os Exchange Traded Funds (ETFs) têm chamado a atenção dos investidores desde o seu surgimento em 2004. Um dos principais motivos desse movimento é a eficiência trazida por esse veículo financeiro.
Isso porque o ETF é um fundo de gestão passiva que visa replicar a carteira teórica de um índice de referência. Assim, o objetivo é que a modalidade tenha um resultado equivalente à performance do índice utilizado.
Quer entender melhor a evolução dos ETFs no mercado brasileiro? A seguir, veja as informações que separei para você saber mais sobre o tema.
Como os ETFs surgiram no mercado do Brasil?
A história dos ETFs no Brasil teve início em 2004. Foi nessa época em que ocorreu a oferta do primeiro fundo de índice na bolsa de valores brasileira (B3 (BVMF:B3SA3)) quando, na época, a bolsa ainda se chamava BM&F Bovespa.
O primeiro fundo desse tipo foi o PIBB11, lançado em 15 de julho de 2004 e baseado na Instrução Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº 359, de 2002. O objetivo desse ETF é replicar a carteira teórica do Índice Brasil 50 (IBrX50), onde o fundo é exposto exclusivamente ao ambiente nacional, investindo nas 50 empresas mais negociadas do mercado brasileiro e que atendem aos critérios do índice. Desde a estreia do PIBB11, a bolsa brasileira recebeu outros ETFs, mas o desenvolvimento foi relativamente mais lento.
Em 2019, por exemplo, existiam apenas 15 ETFs disponíveis para os investidores brasileiros. Esse cenário começou a mudar, em especial, a partir de 2020. Naquele ano, um movimento importante acontecia: o aumento expressivo da participação de investidores pessoas físicas na bolsa de valores brasileira. Na época, houve um aumento de 80% em relação a 2019, levando a B3 a ter quase 3 milhões de investidores no final daquele ano. Com mais interessados, o volume de negociação aumentou e novos ETFs foram lançados no mercado. Em novembro de 2022 já existiam quase 90 ETFs disponíveis na bolsa brasileira.
O aumento de ETFs disponíveis não foi a única mudança desde 2004. Também ocorreu uma evolução tanto no número de investidores quanto no volume movimentado em fundos. Como referência, podemos considerar o boletim mensal de ETFs, divulgado pela B3. Segundo o levantamento, o total de investidores em ETF superou 624 mil em outubro de 2022. Ao compararmos o total de outubro de 2022 com o volume de investidores em dezembro de 2016 é possível observar uma evolução de 2836% em menos de 6 anos.
Em relação ao número de negociações anuais, o desempenho de 2022 foi menor que os resultados medidos em 2021. Ainda de acordo com o levantamento da B3, mesmo assim, se considerarmos o longo-prazo, foram 75 milhões de operações, representando um aumento de 1250% em relação ao patamar de 6 milhões de negociações de 2016.
Uma evolução semelhante pode ser observada ao acompanhar o volume diário médio de negociação. Até outubro de 2022, o resultado foi de R$ 1,4 bilhão diário. Esse número representa um avanço de 763% em relação aos R$ 187 milhões negociados diariamente em 2016.
Quais os principais segmentos dos ETFs do país?
Ao avaliar os ETFs disponíveis no mercado brasileiro, você poderá encontrar ETFs baseados em índices de renda variável, ETFs de renda fixa e ETFs de criptoativos. Dentro desse amplo universo de ETFs, existem os fundos estritamente focados em ativos do mercado interno e também os ETFs globais.. Em relação aos setores, existem tanto os fundos de índices amplos quanto os setoriais, tais como: agronegócio, tecnologia, saúde, games e entretenimento, criptomoedas, mercado imobiliário, dentre outros.
O que explica a evolução dos investimentos em ETF?
Como você viu até aqui, houve um aumento no número de investidores de ETFs no Brasil e do volume de cotas negociadas. Isso demonstra que o mercado está mais interessado nesse veículo e nas oportunidades que ele pode oferecer. Mas você sabe o que justifica o crescimento do mercado de ETFs brasileiros? A seguir, apresento alguns motivos:
-
Maior acesso a informações por parte dos investidores: assim que os ETFs chegaram ao mercado brasileiro, a B3 e algumas gestoras de fundos criaram iniciativas para estimular a educação financeira sobre este produto financeiro;
-
Condições econômicas - queda dos juros: o comportamento da economia também tem sua participação na popularização dos ETFs, pois houve um aumento considerável de participação nesses investimentos em 2020 e, em partes, isso se deve às características da economia à época que favoreceram o investimento em ativos de maior risco. Neste período, a taxa básica de juros brasileira (Selic) atingiu sua mínima histórica, chegando a 2% ao ano;
-
Eficiência dos ETFs: a forma como o ETF funciona faz com que ele se torne mais atraente para investidores com diferentes necessidades. Aspectos como o ETF permitir ao investidor se expor a uma carteira diversificada de produtos, além dos baixos custos devido à gestão passiva, são alguns dos fatores que auxiliam no crescimento dos ETFs no mercado financeiro brasileiro;
-
Acesso à tendências inovadoras: a partir dos ETFs temáticos, os fundos de índice podem ser úteis para capturar tendências com potencial de valorização de forma simplificada. Como a ideia é obter um resultado equivalente à um índice de mercado, é possível aproveitar o crescimento de um segmento a longo prazo, auxiliando tanto com a diversificação da carteira quando com o aumento do potencial de rentabilidade do portfólio;
-
Amadurecimento do mercado brasileiro: Quanto mais maduro o mercado financeiro se torna, maior o interesse do público por outras oportunidades de investimento. O Brasil passa por uma fase de amadurecimento da educação financeira da população, ajudando a aumentar ainda mais o interesse em ETFs;
Qual a importância dos ETFs no mercado?
Depois de entender os motivos para o avanço dos ETFs, é interessante saber por que eles são relevantes para o mercado brasileiro. Isso se deve, principalmente, às vantagens que os fundos de índice podem apresentar para os investidores. Por exemplo:
Maior acessibilidade para investidores
Um dos principais aspectos de um ETF é a acessibilidade que ele oferece para quem deseja investir, primeiramente, porque o investimento mínimo exigido é de uma cota. Assim, o investidor só precisa desembolsar o equivalente à cotação do momento para investir, que geralmente é uma valor baixo, na casa de R$50 a R$100.
A mecânica da negociação de ETFs difere do investimento em ações, por exemplo. O lote padrão de ações é composto por 100 papéis e, embora seja possível recorrer ao mercado fracionário, será preciso realizar diversas operações para investir em empresas distintas. Isso nos leva diretamente para o segundo aspecto da acessibilidade dos ETFs. Com o fundo de índice, é possível se expor aos resultados de uma carteira completa de ativos. Assim, você pode realizar menos operações, o que diminui os custos de transação.
Alinhamento a diferentes perfis e objetivos
Outro aspecto que contribui para o interesse ETFs é o fato de eles se alinharem a diferentes perfis e objetivos. Um dos motivos para isso é por conta da gestão passiva. Como os resultados dependem menos da tomada de decisão dos gestoress, há menos riscos assumidos no investimento. Consequentemente, o investimento pode fazer sentido tanto para investidores mais arrojados quanto para aqueles moderados ou até conservadores, em certos casos.
Além disso, o ETF é útil para atender a diferentes objetivos. Se a intenção for se expor a um setor específico e obter ganhos com seu possível crescimento, por exemplo, pode ser interessante investir em ETFs temáticos. Já se o objetivo for diversificar a carteira e obter proteção cambial, o investimento em um ETF ligado a economias e moedas fortes pode ser oportuno. Da mesma forma, existem fundos focados em renda fixa, criptoativos, ações etc.
Variedade de opções disponíveis
Embora a modalidade seja relativamente recente, um dos aspectos que justificam a relevância dos ETFs para o mercado é a variedade de veículos disponíveis. Existem fundos de índices de mercado amplo e aqueles com exposição setorial. Também há como investir em diferentes segmentos com os fundos de índice. Isso é relevante porque aumenta as chances de um investidor encontrar uma ou mais opções de ETFs adequados à sua própria estratégia.
Ao mesmo tempo, com mais interessados, a tendência é que outras alternativas sejam lançadas na B3. Assim, a popularização dos ETFs pode criar esse ciclo positivo de desenvolvimento de novas soluções no mercado financeiro.
Fortalecimento do mercado
Também acredito que os ETFs cumprem um papel de propiciar e apoiar o fortalecimento do mercado de capitais do Brasil. Afinal, quanto mais investidores tiverem interesse nas oportunidades que eles oferecem, maior tende a ser a liquidez da bolsa, devido ao volume de negociações.
Vale destacar que os ETFs podem funcionar como portas de entrada para outras oportunidades do mercado. Um investidor iniciante pode começar compondo sua carteira com ETFs de renda fixa ou atrelados apenas ao mercado nacional. Com o tempo, ele pode buscar alternativas de renda variável e de setores específicos.
Ao chegar até aqui, você descobriu que os ETFs atraem cada vez mais investidores, desde o nascimento do primeiro fundo em 2004. Se for do seu interesse aproveitar essa alternativa em seu portfólio, o próximo passo é saber como realizar esse tipo de investimento.
Por fim, como as cotas dos ETFs são negociadas na bolsa de valores, será necessário ter conta em uma corretora. Ela fará o intermédio entre você e a B3, sendo que as operações são realizadas por meio do home broker. Nesse ambiente de negociação, pesquise o código de identificação (ticker) de cada ETF em que desejar investir. A partir disso, será possível definir o quanto deseja investir e qual será a quantidade de cotas adquiridas, considerando a cotação do momento.
Neste artigo, você viu como os ETFs têm se destacado no Brasil desde a estreia do primeiro fundo de índice. Com base no que apresentei, você também descobriu os motivos do desenvolvimento do mercado e onde comprar as cotas de ETF, caso o veículo seja interessante para a sua carteira.
Quer conhecer diversas oportunidades para investir nessa modalidade? Conheça os ETFs negociados na bolsa brasileira aqui!