A Dança dos Números

Publicado 11.09.2018, 09:08
Atualizado 10.01.2024, 08:22
EUR/USD
-
USD/BRL
-

A pesquisa do Datafolha mostrou exatamente o contrário do que o mercado financeiro brasileiro esperava, jogando um balde de água fria nas apostas dos investidores. O efeito do ataque a Jair Bolsonaro na semana passada foi mínimo, com o líder na intenção de voto oscilando dentro da margem de erro da pesquisa, de 22% no fim de agosto para 24% ontem.

Além disso, o índice de rejeição ao candidato de extrema-direita avançou de 39% para 43%, mostrando que a comoção do atentado não pegou. Já os nomes dos concorrentes à esquerda cresceram, com Ciro Gomes assumindo a segunda colocação, ao subir de 10% para 13%, enquanto Fernando Haddad saltou cinco pontos porcentuais, indo de 4% para 9%.

Geraldo Alckmin andou de lado e passou de 9% para 10%. Em contrapartida, Marina Silva viu seu apoio derreter de 16% para 11%, na maior queda entre os candidatos. Ainda assim, a ex-senadora está tecnicamente empatada com o ex-governador e o ex-prefeito de São Paulo, tendo ainda a companhia do ex-ministro.

Ou seja, atrás de Bolsonaro, que segue firme rumo à disputa final, o segundo lugar segue embolado. Mas é importante observar a evolução dos números. O destaque mesmo ficou com o porcentual de votos brancos ou nulos, que despencou de 22% para 15%. Em um cenário de segundo turno, apenas o candidato do PT tem maior dificuldade em derrotar Bolsonaro, com quem fica praticamente empatado, enquanto Ciro e Alckmin são os que ganhariam com mais facilidade.

Foi o primeiro levantamento realizado após a candidatura do ex-presidente Lula ser barrada pela Justiça Eleitoral e depois de Bolsonaro ter sido vítima de um ataque a faca durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG). O Datafolha ouviu pouco mais de 2,8 mil eleitores em quase 200 municípios brasileiros. Na maior cidade do país, os números do Ibope confirmam essa oscilação dentro da margem de erro de Bolsonaro.

O candidato do PSL passou de 22% para 23% entre os eleitores paulistas, com os demais candidatos também oscilando positivamente em até três pontos. Já no Rio, o líder nas pesquisas disparou de 25% para 33% no estado que o elegeu deputado federal em todos os seus mandatos. Para hoje, está prevista a divulgação de uma nova pesquisa Ibope, também à noite.

O instituto foi a campo desde a semana passada e, desta vez, não deve pedir consulta na Justiça Eleitoral para liberar os números sobre a intenção de voto do eleitor. O mercado financeiro deve esperar os dados nacionais do Ibope para contrapor ao cenário apresentado pelo Datafolha ontem.

O maior temor dos negócios locais é justamente um melhor desempenho de Ciro - ou mesmo de Haddad - com os candidatos de esquerda captando votos que seriam para o ex-presidente Lula e ganhando competitividade no pleito. Para o investidor, uma eventual disputa em segundo turno entre Bolsonaro e o candidato do PDT seria um cenário mais pesado.

Ainda no front eleitoral, o PT tem até as 19h de hoje para definir uma nova chapa ou ficar de fora da disputa. O prazo definido pelo TSE encurtou em cerca de uma semana a data limite que o partido teria para definir seu candidato de fato e o partido ainda faz mistério, à espera da decisão do STF sobre um novo recurso da defesa para poder escolher um novo candidato até a próxima segunda-feira.

A tendência é de que o vice, Fernando Haddad, assuma o lugar do ex-presidente Lula, inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Manuela D’Ávila ficaria sendo a vice de fato, confirmando a expectativa criada quando a então presidenciável pelo PCdoB decidiu retirar a candidatura. É praticamente nula a chance de o PT apoiar outro candidato, como Ciro Gomes ou Guilherme Boulos, com a união da esquerda ocorrendo só no segundo turno - se PT, PDT ou PSOL chegarem lá.

Já no exterior, os mercados no Ocidente tentam se blindar da nova sessão de perdas na Ásia, onde Xangai e Hong Kong voltaram a cair, ma Tóquio subiu 1,3%. As principais bolsas europeias estão de lado, ainda sem forças para acompanhar o sinal positivo vindo de Nova York. O dólar se enfraquece em relação ao euro e à libra, diante da perspectiva de um Brexit amigável entre Reino Unido e União Europeia (UE) em até dois meses.

Ainda assim, a lembrança da volatilidade de agosto nos mercados emergentes segue viva entre os investidores, fornecendo motivos para uma cautela elevada. O mercado financeiro aguarda o próximo passo na disputa comercial entre Estados Unidos e China, após o governo Trump sinalizar que está pronto para impor novas tarifas sobre os bens chineses.

O calendário econômico desta terça-feira no Brasil traz índices regionais da inflação ao consumidor (8h) e da atividade industrial (9h), além dos dados atualizados sobre a safra agrícola. Também será conhecida a primeira prévia deste mês do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M).

No exterior, saem (11h) o relatório Jolts sobre o número de vagas de emprego disponíveis nos EUA e os estoques no atacado, ambos referentes ao mês de julho. Logo cedo, será conhecido o índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha e na zona do euro neste mês.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.