Dentre as diversas informações utilizadas por nós investidores do Mercado de Câmbio, como auxílio nas análises que antecedem o processo de tomada de decisão relacionada ao investimento, nos deparamos frequentemente com o conceito estatístico da correlação.
Basicamente, a correlação consiste em verificar uma possível relação entre duas variáveis (no caso dos investimentos no Mercado de Câmbio FX dos dois ativos financeiros que compõem a paridade) e tem como objetivo verificar a influência que a alteração no preço de um desses ativos possa causar no outro. Importante destacar que essa influência pode ocorrer de duas formas: positiva ou negativa.
Na correlação positiva, a variação no preço de um dos ativos que compõem a paridade dos contratos negociados no Mercado afeta da mesma forma o outro ativo, ou seja, no caso da valorização do Ouro o Dólar Norte Americano tende a se valorizar. Na situação inversa, na correlação negativa, quando o preço de um dos ativos sobe o do correlato desce.
Importante destacar que a correlação nem sempre acontece, ou seja, não é uma regra que o investidor deverá seguir, mas sim analisá-la no caso concreto para fazer as suas considerações e ponderações.
Ouro vs Dólar norte-americano
No que diz respeito a correlação existente hoje entre o Ouro e o Dólar norte-americano, importante adentrar, brevemente, na história envolvendo esses dois ativos financeiros para uma melhor compreensão dessa relação.
De meados do ano de 1900 até o de 1971, o padrão-ouro vigorava fortemente no sistema monetário internacional. Durante essa época, os países emitiam suas moedas com base na quantidade de ouro que possuíam em suas reservas bancárias, o conhecido “lastro em ouro”. Em razão de fatores históricos como a Grande Depressão e a Primeira Guerra Mundial, bem como do papel desempenhado pelos Estados Unidos na reconstrução econômica dos países destruídos na Guerra e finalmente por questões de praticidade na entrega física do ativo, o dólar norte-americano passou servir como “lastro” em substituição ao ouro, ou seja, os países emitiam uma determinada quantidade de moeda nacional de acordo com suas reservas em dólar norte-americano.
Ocorre que posteriormente, com o fim do acordo de Bretton Woods, o preço das moedas passou a sofrer variações livremente (sem intervenção direta dos Governos) sendo estipulados de acordo com a Lei da Oferta e da Procura. Diante deste cenário, no qual em momentos de instabilidade econômica o preço da moeda tende a cair, o Dólar norte-americano tornou-se vulnerável à esses momentos enquanto o preço do Ouro permanece praticamente estável.
Esse contexto criou uma manobra adotada por grande parte dos investidores e dos grandes bancos mundiais que buscam um refúgio para proteger o capital nesses momentos de instabilidade política e econômica que afetam a cotação do dólar norte-americano. Essa estratégia consiste em migrar os seus recursos alocados no Dólar norte-americano para o Ouro.
Essa migração cria a chamada correlação negativa entre o Ouro e o Dólar norte-americano já que devido a proporção em que ocorre a migração desses recursos o Dólar norte-americano sofre uma desvalorização enquanto o Ouro se valoriza.
Portanto, diante desta realidade, podemos concluir que na grande maioria das vezes em que estivermos diante de uma desvalorização do dólar norte-americano teremos uma valorização do Ouro por ser este o “porto seguro” dos investidores no momento de instabilidade econômica que afeta o preço do Dólar norte-americano, fato este que não pode nem deve ser negligenciado pelo investidor precavido.
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