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A conta digital da Apple e a crise bancária nos EUA

Publicado 19.05.2023, 11:49
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A recente crise bancária nos Estados Unidos tem sido motivo de preocupação para os investidores e para a população norte-americana como um todo. Com bancos regionais decretando insolvência, especialmente, por conta de uma política monetária mais dura adotada pelo FED para fazer frente à inflação, a discussão sobre a saúde do sistema monetário nunca foi tão importante. 

No início do ano, fomos surpreendidos com as notícias de falência do Silicon Valley Bank e o Signature Bank. Mais recentemente, o Silvergate e o First Republic Bank também decretaram insolvência. 

Os motivos para os problemas são variados e derivam de uma série de decisões tomadas ao longo de décadas. A crise de 2008 e a pandemia acabaram por acentuar as ineficiências do modelo. 

Feita esta introdução, a pergunta que fica é: o que a Apple (NASDAQ:AAPL) tem a ver com isso?

Em primeiro lugar, a nova conta oferecida pela gigante da tecnologia é remunerada, algo pouco acessível até então para o investidor norte-americano, e traz uma mudança importante no spread bancário por lá. 

Para quem não entende bem do assunto, o spread nada mais é do que a diferença entre o que o banco paga para um investidor e o quanto ele cobra para emprestar esses mesmos recursos. 

Bom, o que acontecia antes é que as instituições financeiras pegavam esse dinheiro e criavam diversas operações de crédito sem, no entanto, repassar os ganhos para os donos daquelas quantias, os clientes. 

Ou seja, o chamado spread bancário simplesmente não existia ou era muito baixo nas contas de depósito à vista até o anúncio da Apple, que, sem a menor dúvida, abre um precedente bastante interessante para o investidor nos Estados Unidos. 

Contudo, uma das principais consequências desta movimentação é a elevação do custo de crédito na economia norte-americana por conta dos ajustes que os bancos certamente farão. 

Atualmente, estima-se que a gigante da tecnologia seja dona de mais de 57% do mercado de smartphones nos Estados Unidos, que tem uma população de mais ou menos 330 milhões de pessoas.  

Além disso, fora a remuneração da conta, o Apple Card, cartão de crédito atrelado ao sistema, oferece um cashback de 3% e o APY (Annual Percentage Yeld), que considera a média nacional de rendimento nos Estados Unidos, é mais de dez vezes maior do que a média nacional.

Os bancos, sem a menor dúvida, devem sofrer os impactos dessa inovação, mas, como eu destaquei acima, o custo do crédito será elevado justamente por conta do repasse que será feito por essas instituições bancárias com a finalidade de manter o spread atual. 

Do lado do investidor, um benefício a mais para otimizar os recursos. O historiador inglês Eric Hobsbawm intitulou sua autobiografia de “Tempos Interessantes” e, em um dos trechos, desejou: “que você viva em tempos interessantes”. 

Os avanços estão acontecendo e, por trás de cada grande projeto, há uma oportunidade. 

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