A Consequência do Corte da Selic no Preço dos Ativos

Publicado 31.07.2019, 11:31

Hoje teremos mais uma reunião do Copom, para que o BC decida o que fazer com a taxa Selic, que atualmente se encontra em 6,5 por cento.

Essa decisão é muito importante, pois afeta o preço de diversos tipos de ativos, como por exemplo a bolsa.

O mercado já precifica que o BC vai reduzir a Selic em 44 bps. Ou seja, aproximadamente 75 por cento de chance de queda de 50 bps, e 25 por cento de chance de queda de 25 bps. Afinal, o BC não promove variações diferentes do que múltiplos de 25 bps.

Essa precificação pode ser conferida no preço dos títulos prefixados de vencimento curto. Como a taxa de um título é uma média das expectativas futuras a respeito da trajetória da Selic para aquele vencimento específico, você consegue fazer a conta, pelas taxas curtinhas, de quanto o mercado precifica para a próxima reunião. E, assim, vai compondo nos vencimentos mais longos, até ter a Selic estimada para todos os vencimentos.

Por que o mercado está tão otimista?

Os últimos dados de atividade e inflação vêm mostrando um quadro de estagnação econômica no Brasil.

Os dados de atividade mostram recuperação muito lenta e aquém do que o BC esperava. Isso leva o mercado a crer que estamos rodando abaixo do nosso PIB potencial.

O BC sempre reforça que ele não olha para atividade como um indicador final, mas, sim, como mais um instrumento para ajudá-lo a prever e controlar a inflação, que é o seu real objetivo.

Porém, quando temos essa situação de hiato aberto (PIB abaixo do potencial), a inflação tende a desacelerar e ficar abaixo da meta. E isso, sim, preocupa o BC.

O último dado de IPCA mostrou que os núcleos de inflação, que retiram efeitos aberrantes e choques específicos, estão rodando em níveis bem mais baixos do que a meta de inflação. Alguns, inclusive, próximos de zero.

A autoridade monetária não pode deixar que isso aconteça, e deve perseguir o centro da meta. Por isso, todos estão falando de novas quedas de juros.

A única condição que o último Copom tinha colocado para finalmente dar novas quedas era que a Reforma da Previdência tivesse avanços significativos.

E isso finalmente aconteceu! Com a aprovação do texto base e dos destaques em primeiro turno na Câmara, o mercado já acredita que temos cumprido essa condição do BC.

Os 50 bps, ao invés dos 25, vieram puxados pelo mercado, que acredita que o BC já está muito atrasado nessa queda necessária. E, por isso, tem que correr atrás fazendo uma redução muito maior.

Como o BC não se pronunciou nenhuma vez depois que o mercado precificou esses 50 bps (como ele tradicionalmente faz quando não concorda com a precificação do mercado), acredito que este passe a ser o cenário mais provável mesmo.

A curva atual mostra que a Selic iria até 5,25 por cento, caindo 125 bps no total. Temos que ficar bem atentos a isso, pois pode vir a ser mais, ou menos, a depender do comunicado.

Qual a consequência disso para os preços de mercado?

Para os títulos públicos, uma queda de 50 bps em si não provocaria muitas mudanças nos preços, uma vez que ela já está praticamente precificada.

Porém, isso pode se alterar baseado no comunicado oficial que sai após essa decisão.

Se o BC escreve que este será um ajuste pontual e que ele está antecipando o passo, o mercado não mexeria muito mais, acreditando que teremos poucas novas quedas pela frente. Seria uma forma do BC "segurar" o ímpeto vendedor do mercado.

Mas se ele não escreve nada disso, o mercado vai entender que esse passo maior de 50 pode significar uma intenção do BC de testar novas mínimas. E, aí sim, os juros curtos poderiam ter novas quedas significativas, digamos, acima de 20 bps.

Outro ativo muito beneficiado pela queda de juros seria a Bolsa!

Juros mais baixos causam um impacto imediato de aumentar o valor das ações precificadas por fluxo de caixa descontado. Mas gera também uma série de incentivos indiretos como redução de despesas financeiras, aumento da viabilidade de novos projetos, financiamento barato de capex...

Com todos esses benefícios, acredito que a bolsa seria a maior beneficiada dessa queda de juros.

O resultado do Copom sai hoje, em torno de 18h30.

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