Sendo um dos mais importantes estudos científicos da atualidade, a “Teoria do Caos” é aplicada em praticamente todas as áreas do conhecimento humano, desde as ciências exatas até as ciências humanas. Ou seja, característica inerente aos sistemas mais complexos. Ela parte da ideia de que uma pequena mudança no início de um evento iminente pode trazer consequências exógenas e, consequentemente, desconhecidas com o passar do tempo. A fim de facilitar o entendimento, proponho a seguinte situação (Hipotética, claro!): a mãe de uma criança perde o último dia para matricular seu filho em uma escola “A”, pois seu carro quebrou no caminho (“Aqui o conceito de exogenia!”).
Com isso, a mãe resolve tal adversidade no dia seguinte, matriculando seu filho em outra escola de outro bairro. Tal decisão impactará, obrigatoriamente, seu filho a ter amigos totalmente diferentes aos da escola “A”. Além disso, terá outros professores que, por sua vez, influenciarão diretamente no processo de aprendizagem e - possivelmente - o levando a outros interesses. Enfim, o filho terá uma vida totalmente diferente em decorrência de um pequeno problema no carro da mãe. Afora os casos de romances escolares que duram por toda uma vida. Imaginem isto aplicado ao filho que foi estudar na escola “A”.
No começo da década de 1960, o americano Edward Lorenz (1917 – 2008) que era meteorologista e matemático percebeu que suas previsões sofriam alterações consideráveis quando ele alterava, ou desconsiderava algumas casas decimais nos seus cálculos. A partir daí, ele cunhava a frase, que é bem famosa até hoje: - “É como se o bater das asas de uma borboleta no Brasil causasse, tempos depois, um tornado no Texas”. Após tal comentário de Lorenz, o estudo sobre sistemas caóticos passou a despertar grande interesse em toda comunidade científica.
Agora que já temos a noção de que o “bater de asas de uma borboleta” pode causar um tornado em um local distante, veremos o porquê desta informação poder ser útil. A princípio ela realmente não tem muita utilidade, pois as causas da hipersensibilidade às condições iniciais em sistemas caóticos são muitas e ao mesmo tempo ínfimas, mas mesmo assim é possível extrair algo útil da descoberta de Lorenz. Ou seja, o que a teoria do caos quer realmente nos dizer é que, nós não podemos prever individualmente como um sistema caótico vai evoluir a partir de uma condição inicial, já que pequenas causas podem ter consequências enormes, mas mesmo assim, podemos dar uma informação estatística, algo do tipo: amanhã teremos uma chance de 20% de chover na cidade de São Paulo.
No entanto, aplicando a linguagem correta de probabilidade, conseguimos dizer alguma coisa sobre sistemas que parecem não seguir nenhuma ordem, e, não por acaso que hoje, colhemos frutos destas descobertas. Os meteorologistas conseguem fazer previsões cada vez mais precisas, melhorando a qualidade de vida da população.
Ademais, o experimento “pêndulo caótico” proporciona visualizarmos um sistema caótico na prática, formado por três imãs na base e um imã preso em um barbante. A pessoa que vai fazer o experimento iniciará balançando-o e observando a trajetória que o pêndulo irá fazer. Após o pêndulo parar, a mesma pessoa tentará mais uma vez balança-lo, buscando iniciar o movimento exatamente da mesma maneira que iniciou no primeiro ato. Segundo o que aprendemos até aqui, já sabemos que a pessoa dificilmente executará esta tarefa com sucesso devido às inúmeras pequeninas variações que ocorrerão ao longo do experimento.
Além disso, a "Teoria do Caos" é empregada na Bolsa de Valores (Economia), Física (Sistemas dinâmicos), Engenharia (Gerenciamento de riscos de um projeto), Biologia (Previsões genéticas no Planeta Terra) e até mesmo na Filosofia (se a teoria afeta o mundo real nessa amplitude, é impossível desconsiderá-la aqui também).
Embrulhando o conceito ao que nos interessa, podemos concluir que a sincronia entre os fatos, sempre terá implicações nos investimentos e está tudo bem. Afinal, alguns chamarão tais consequências de contingência!
Por fim, abordarei o conceito de “obviedade que precede o caos”. Recentemente, o presidente do FED (Federal Reserve), Jerome Powell, afirmou que já está em andamento um movimento de “soft landing” na economia norte-americana, sem recessão nem alta no desemprego. Ele citou três ciclos históricos de sucesso, 1965, 1984 e 1994, quando ocorreram essas movimentações. E por isso se diz otimista.
Concomitantemente, no Brasil, a iminente queda na SELIC não só interrompe um ciclo de altas na taxa básica, mas tende a estimular a atividade e mais que isso, sinaliza o melhor momento – historicamente falando – de entrada “do comprar” na bolsa.
Portanto, a “sincronia imperfeita” entre os dois momentos diferentes entre as economias americana e brasileira, torna muito óbvia a decisão de trocar o CDI pela renda variável (pelo menos até meados de 2024), pois os Bancos Centrais de ambos os países – dado o ciclo econômico – acertarão em seus movimentos futuros (de curto prazo pelo menos). Ou seja, não dependa de sincronia alguma, pois não terá outro momento de comprar bolsa com valuation tão descontado e atrativo como o de agora! Obviamente, com algum grau de stock picking!