Esta é a pergunta de um bilhão de reais e 10 entre 10 investidores devem estar se perguntando isso, após uma escalada de alta iniciada desde o final do ano passado e do rompimento das máximas históricas do Ibovespa.
A pergunta faz ainda mais sentido se pensarmos que a máxima histórica veio em meio a uma pandemia longe de estar controlada – sequer começamos a vacinar as pessoas aqui no Brasil - e de um recorde de quase 1 trilhão de reais gastos para auxiliar os mais pobres em 2020.
Sabemos que teremos que pagar esta conta.
A verdade é que mesmo com todos os poréms as bolas, não só a do Brasil, estão refletindo os juros historicamente baixos, que desperta no investidor a famosa TINA (There Is No Alternative).
Com juros reais negativos, o investidor vai para o risco, e com isso sobem não só as cotações das ações, mas das criptomoedas por exemplo, está aí o bitcoin em um rali surpreendente, que não me deixa mentir.
Enquanto os juros no mundo ficarem pressionados, provavelmente veremos bolsas em alta.
O fiel da balança é a inflação, será que ela virá e vai acabar com a festa?
O destaque mesmo foi a queda no dólar, que caiu mais de 3% para R$5,32 e com isso ajudou um pouco na queda dos juros principalmente nos contratos longos, isso mesmo com a surpresa do IPCA de dezembro que veio acima do esperado pelos economistas.
O IPCA de dezembro recém divulgado mostrou uma inflação acima da expectativa, em 1,35% de alta no mês. A variação de dezembro foi a maior para um mês desde fevereiro de 2003.
Com este número, a inflação medida pelo IPCA fechou 2020 com alta de 4,52% no acumulado do ano (as projeções eram de 4,38% de alta), a maior medição desde 2016.
Portanto a inflação não está tão comportada assim, mas a verdade é que, com os casos de coronavírus em alta no – no mundo e no Brasil - e sem uma grande certeza sobre a rapidez da nossa vacinação e da recuperação econômica a percepção é de que este resultado do IPCA, não altera muito o cenário e juros reais baixos por aqui.
Juros reais tão baixos devem continuar influenciando a busca por maiores retornos em mercados de risco.
É o famoso financial deepening, que deve continuar. Ou seja: a sofisticação da carteira de investimentos da pessoa física, antes tão acostumada com os juros altíssimos aqui no Brasil.
Com relação à bolsa, como sempre, há ativos que estão embalados pela euforia, com múltiplos injustificáveis mesmo com todo o crescimento imputado nos meus modelos, mas há uma porção deles que ainda tem muito potencial para andar.
Na euforia, no entanto, tome cuidado, se algo parece muito estranho para você, provavelmente é estranho mesmo, e dessa vez não vai ser diferente. Nunca é.