Devidamente empregado por Magda Chambriard, o novo diretor financeiro da Petrobras (BVMF:PETR4), Fernando Melgarejo, não passou no teste de proficiência de inglês para ocupar a vaga.
Poderíamos aqui discutir se o cargo dele depende ou não do conhecimento da língua universal.
Eu desconfio que sim.
De qualquer forma, parece que Fernando está correndo atrás do prejuízo, fazendo um intensivão.
"The book value is on the table".
Nesse ritmo, logo poderá digerir as manchetes internacionais que mais interessam no momento.
Por exemplo: "Is the Fed behind the curve?".
Por definição, os bancos centrais estão quase sempre atrasados em relação ao mercado e - sobretudo - em relação à vida real.
Não é uma exclusividade do Fed, nem do Bacen brasileiro.
Mas não deixa de ser particularmente curiosa a sinuca de bico em que o nosso BC se meteu: pode uma pessoa chegar atrasada a um encontro, justamente porque saiu adiantada de casa?
Bem, vamos lembrar que, em maio deste ano, presenciamos um embate acalorado dentro do Copom.
A grande dúvida era se a Selic deveria ser cortada em 25 bps ou 50 bps.
Prevaleceu a vontade da estrita maioria de cinco membros, enquanto os quatro diretores indicados por Lula (todos falam inglês) votaram por 50 bps.
Agora, apenas três meses depois, estamos ponderando se a Selic deve ser elevada (!) na próxima reunião.
Por incrível que pareça, existe espaço político para isso.
Neste sprint final de 2024, Lula terá a oportunidade de botar uma alta dos juros ainda na conta de Campos Neto, deixando Galípolo à vontade para reiniciar o afrouxo em 2025, chegando com momentum à disputa eleitoral de 2026.
Ironicamente, sob essa perspectiva de "subir para cair", o Governo pode querer colocar a maior alta de juros possível na conta imediata do RCN; tem gente séria falando em +2 pontos percentuais ao longo das três reuniões remanescentes até dezembro.
E, com ainda mais ironia, talvez o próprio Campos Neto se coloque contra esse movimento, por não querer ver sua imagem manipulada pela oposição.
Lula hawkish e RCN dovish? Quem diria…
Agora, será que existe espaço técnico (e necessidade técnica) para uma contração tão dura?
Essa é uma das questões limitadas pelo fato de não existirem aulas de laboratório na Faculdade de Economia.
"Ceteris paribus" é uma construção meramente conceitual.
Em linhas gerais, tudo o mais constante, se o dólar seguir caindo naturalmente, o Copom não vai mais precisar aumentar a Selic.
Mas, na prática, quais fatores estão embutidos nesse "naturalmente"?
A valorização cambial vista nos últimos dias é tão natural quanto suco Tang; ela já pressupõe algum aumento de Selic.
Daí, podemos intuir que se trata de uma contração monetária com ares de flexibilização.
Ao mesmo tempo, não se trata de nada, porque não aconteceu ainda; os efeitos precedem as causas.