Mais uma semana com o Set-23 trabalhando com uma amplitude de +2.000 pontos (mínima na segunda feira / máxima na quinta-feira / mínima novamente na sexta-feira / fechamento respectivamente @ 160,30 / 173,60 / 163,00 / 163,55 centavos de dólar por libra-peso). Mesmo com volume diário negociado ao redor dos +26.000 lotes e com o Set-23 chegando a oscilar +/- 500/900 pontos em 1 só dia, os fundos + especuladores continuaram vendendo e terminaram o período ainda vendidos em -21.116 lotes (segundo último relatório do CFTC*).
Os produtores chegaram a se animar, mas a alegria durou pouco. Desde a semana passada, quando o Set-23 chegou a negociar na mínima do ano @ 155,25 centavos de dólar por libra-peso (com compradores indicando interesse de compra no mercado físico ao redor dos +850/+900 R$/saca para produto a ser entregue entre julho-agosto-2023) o Set-23 chegou a subir praticamente +1.800 pontos!
No mercado spot o café tipo 6 voltou a ser negociado acima dos +1.000 R$/saca, o café tipo “cereja descascado” entre +1.050/+1.100 R$/saca, e o café robusta acima dos +600 R$/saca! Novamente semana “travada” com poucos negócios reportados e “rumores” onde a “indústria” estaria no mercado precisando cobrir posições para conseguir performar suas necessidades/compromissos durante os próximos 2 meses.
Nos últimos 2 pregões da semana notícias vindas dos EUA referente novos riscos do país poder entrar em recessão fez o mercado a cair -700 pontos. A inflação na Inglaterra e nos países da zona do euro continua acima dos +10,00% ao ano colaborando com o sentimento para uma queda no consumo no curto/médio prazo no “velho continente”.
O R$ voltou a oscilar entre +5,40 / +5,17 R$/US$ e terminou a semana @ 5,2130 R$/US$. Com esse cenário (R$ + NY) os preços para a próxima safra continuam oscilando com interesse de compra entre +880/950 R$/saca e produtores continuam reticentes pois ninguém sabe qual será o tamanho da próxima safra brasileira 23/24!
O clima vem judiando muito do Brasil nas últimas semanas. Previsões climáticas seguem indicando mais chuvas até o próximo dia 15 de dezembro! As chuvas continuam fortes e intensas em todo cinturão produtor. Nessa semana tivemos muitos casos de alagamento nos estados do Espirito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (inclusive com quedas de barreiras, rupturas de açudes, e infelizmente algumas mortes). Ninguém sabe ainda o tamanho do estrago / efeito na próxima safra 23/24, mas já é tido como certo que a próxima safra 23/24 deverá ser “apenas um pouco acima da safra 22/23”. Como ainda ninguém sabe o tamanho da safra 22/23, então esse comentário “apenas um pouco acima da safra 22/23” também não quer dizer nada!
E ainda teremos 2 invernos pela frente! O inverno que está apenas começando no hemisfério norte e o próximo inverno no Brasil entre maio-agosto-23! Como diria o Galvão Bueno: “haja coração”!
Na quinta-feira foi publicada a estimativa para a próxima safra 23/24 da consultora Maja Wallengren da consultoria “Spilling the Beans”. Chegou a percorrer aproximadamente 4 mil km e 21 dias na “estrada” visitando vários produtores/fazendas “in loco” pelas principais áreas produtores (inclusive visitando o Estado de Rondônia). Segundo seu levantamento, na próxima safra 23/24 o Brasil deverá colher entre +50/+56 milhões de sacas.
Comparando essa previsão com a do Rabobank estamos novamente falando em uma diferença entre +12/+18 milhões de sacas! De novo, uma diferença equivalente a uma “+1x / +1,5x a produção da Colômbia”!
Com esses cenários, dependendo do que vier a acontecer, o mercado poderá voltar a negociar acima dos +240 centavos de dólar por libra-peso ou abaixo dos +150 centavos de dólar por libra-peso! Com esses “extremos” o famoso índice “estoque x consumo” para o final da safra 23/24 oscila entre +8,80% até +18,88%! Quem estiver com os dados corretos conseguirá “fazer preço” nesse mercado!
Qual será o “gatilho” que o “mercado” precisa para “acordar” – tanto para novas altas quanto para novas baixas? Redução nas exportações brasileiras para +2,50/+2,00 milhões de sacas por mês já a partir de dez-22/jan-23? Aumento significativo dos estoques certificados (essa semana terminou em +609 mil sacas com “pendentes” em +445 mil sacas)? Novo aumento dos juros americanos e Inglaterra + banco central europeu agora em dez-22? Que o inverno no hemisfério norte (apenas começando) e os reflexos da guerra Rússia/Ucrânia sejam tão severos afetando o “bolso do consumidor” e redução real na demanda? E claro, números assertivos com relação as safras brasileiras/Colômbia/América Central/Vietnam!
No curto prazo o Set-23 fechou “feio”, com o índice “estocástico” voltando a fechar “em cima” das importantes médias móveis e suportes dos 17 e 09 dias respectivamente @ 165,20 e 163,55 centavos de dólar por libra-peso. Se o mercado romper esses suportes “para baixo” poderemos ver novamente o Set-23 buscar os +160/+155/+150 centavos de dólar por libra-peso. Se os suportes forem respeitados, então novas resistências precisam ser rompidas com volume/consistência começando @ +170,00 / +173,60 / +178,00 centavos de dólar por libra-peso.
Para o produtor “vendido” (e que acredita que terá problemas com sua safra 23/24) aproveite essas quedas para comprar seguro contra eventual quebra de safra (em função das chuvas/doenças/pragas/geadas durante o próximo inverno maio-agosto-23) analisando e comprando opções de compra “call*” ou estruturas “call-spreads*”.
Como sempre, protejam-se! O mercado sempre será soberano.
Ótima semana a todos!