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500 Mil Reais: Como Fazer uma Carteira de Investimentos?

Publicado 02.03.2022, 16:28
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Olá, investidor.

Vou te mostrar todo o meu racional para montar a melhor carteira possível com 500 mil reais.

Para se ter uma ideia, a sugestão é a mesma que faria para alguém da minha família.

Introdução

Desde outubro de 2016, quando o Banco Central começou um movimento de redução estrutural da taxa básica de juros no Brasil, investidores têm se visto obrigados a procurar soluções para rentabilizar seus investimentos. Porém, o que vemos agora é um movimento contrário que, devido a pressões inflacionárias e resposta à aversão ao risco de investidores por conta de problemas fiscais do país, o Banco Central brasileiro se viu na necessidade de subir os juros a patamares altos mais uma vez, possivelmente chegando a dois dígitos em 2022. Por isso, uma das palavras mais importantes quando pensamos em montar uma carteira de investimentos é a diversificação.

O primeiro e mais importante passo para saber como investir o seu dinheiro é ter um conhecimento bem claro do seu perfil de investidor, para que você consiga adequar os seus investimentos aos seus objetivos financeiros e à sua tolerância a risco. É importante que você não corra riscos além dos necessários, ou seja, que possam tirar a sua tranquilidade durante o processo.

Além de conhecer os tipos de investimentos que devem compor uma carteira de investimentos que seja balanceada, é importante saber os riscos que cada um possui para que não existam surpresas desagradáveis. Abaixo, mensuramos quais você precisa saber para se proteger:

  • Risco de mercado: as oscilações no valor dos ativos financeiros que podem gerar perdas financeiras decorrentes da variação de preços de mercado, como cotações de câmbio, ações, commodities ou taxas de juros e indexadores como os de inflação, por exemplo.
  • Risco de crédito: É o risco da contraparte não cumprir com as obrigações de pagamento aos seus investidores, tanto do pagamento de cupons periódicos quanto da não devolução do capital investido. Um exemplo seria investir em um título de crédito de uma empresa x e essa empresa ir à falência.
  • Risco de liquidez: É o risco de não conseguir transformar esse investimento em dinheiro, ou seja, não conseguir resgatá-lo antes de seu vencimento. Um exemplo são fundos de investimento em participações, que só conseguem dar liquidez a seus investidores no seu vencimento.

É preciso que você também tenha bem claro em sua cabeça quais os objetivos que você tem para esse recurso, se é para a sua aposentadoria, para a geração de renda passiva, pagar a faculdade dos filhos ou até mesmo fazer uma viagem. É importante que você tenha seus objetivos em mente, pois isso vai te ajudar a saber qual o horizonte de investimento, fazendo com que escolha ativos que possam melhor entregar esse objetivo que você designou. Além disso, dentro de sua carteira de investimentos, é necessário definir qual é o recurso de curto prazo, de médio e longo prazo.

Conhecendo o seu perfil de investidor, os riscos aos quais estão expostos cada tipo de investimento, seu objetivo como investidor e seu horizonte de investimentos, é chegada a hora de montar uma carteira de investimentos. Mais do que saber qual o ativo da vez e adivinhar o que vai acontecer com o mercado no futuro, é preciso montar uma carteira diversificada que navegue por diversas classes de ativos, buscando o que cada uma tem de melhor em cada momento que virá pela frente. Diversos estudos mostram que mais de 90 por cento dos retornos de uma carteira de investimentos no longo prazo são determinados pela alocação entre as classes de ativos. O Market Timing (momento de entrada ou saída do investimento) e a Seleção dos ativos em si, portanto, têm pouca influência sobre os retornos de sua carteira no longo prazo.

Retornos no longo prazo

Como montar uma carteira de 500 mil reais no cenário atual

Estamos em um cenário de muitas incertezas na economia global e local. A liquidez provida pelos principais bancos centrais ao redor do mundo tem feito com que a inflação seja um problema não só do Brasil, mas também de diversos outros países, fazendo com que a necessidade da redução desses estímulos (já iniciada pelo banco central americano, por exemplo) ou até mesmo aumento de juros sejam assuntos cada vez mais urgentes.

Na economia brasileira, temos, historicamente, riscos fiscais, econômicos e políticos que fragilizam as posições voltadas ao longo prazo. Além disso, um cenário de polarização política para as próximas eleições também promete trazer volatilidade ao mercado no ano de 2022.

Sendo assim, uma carteira que consideramos balanceada, que busque ganho de capital no longo prazo e esteja preparada para o cenário dos próximos 12 meses seria montada da seguinte forma:

Alocação sugerida

Uma carteira com essa alocação tem como objetivo entregar retornos que superem a inflação no longo prazo, trazendo ganho real de patrimônio. Cabe destacar que investir no cenário atual implica termos uma carteira que oscila no curto prazo, logo, precisamos avaliar os retornos em janelas de 3 anos pelo menos.

Para exemplificar um pouco melhor quais as funções de cada um dos ativos e quais podemos escolher, vamos defini-los abaixo:

Caixa: Podemos utilizar CDBs de grandes bancos, Tesouro Selic ou Fundos DI sem taxa de administração. Para pessoas com rendas estáveis, superavitárias, pensamos em reservar em torno de 6 a 12 meses de suas despesas para ter recursos disponíveis para boas oportunidades. Para pessoas que não possuem rendas tão estáveis assim e geralmente precisam retirar algum recurso de sua carteira de investimentos, pensamos em algo de 12 a 24 meses de reserva.

Títulos de Renda Fixa: Podemos utilizar títulos bancários, como CDB, LCA, LCI ou até mesmo títulos de crédito privado, como CRA, CRI e Debêntures. Aqui, gostamos de pensar em títulos bancários de vencimentos curtos, pois além de existirem boas oportunidades, ainda contamos com a segurança do fundo garantidor de crédito.

Fundos Multimercados: Gostamos de alocar fundos multimercados por apresentarem diversas estratégias que podem ser benéficas para o investidor, ao mesmo tempo que nos permitem acessar ativos que não são tão fáceis para a pessoa física. É uma classe que proporciona muito dinamismo para as carteiras de investimento, trazendo exposições em ações, moedas, commodities, juros, mercados globais, crédito etc. 

Ações/FIA – Brasil: Podemos ou administrar uma carteira própria de ações, seguindo uma estratégia bem montada, ou realizar uma gestão de carteira de ações através de fundos de investimento, buscando bons gestores para fazer esse trabalho para nós. Acreditamos que os maiores prêmios de retorno ainda estão no mercado de ações, mas para isso é fundamental que você saiba o grau de exposição a risco que você pode e aguenta correr. Além disso, mais importante do que simplesmente investir em ações é saber quais papéis comprar e qual estratégia seguir para conseguir extrair o que busca dessa parte da carteira. 

Ações/FIA – Global: Aqui também podemos ou administrar uma carteira própria de ações, seguindo uma estratégia bem montada, ou realizar uma gestão de carteira de ações através de fundos de investimento, buscando bons gestores para fazer esse trabalho para nós. É de suma importância que parte do nosso patrimônio esteja alocada em economias mais maduras e com moedas mais fortes do que a nossa, para uma diversificação geográfica da carteira e para termos acesso a uma gama maior de produtos que podem fazer sentido em nossa alocação.

É importante reforçarmos que a carteira teórica que montamos acima foi pensando em um(a) investidor(a) que busca ganho de capital em sua carteira de investimentos, possui renda estável, é superavitário em seu fluxo de caixa e possui um horizonte de investimento maior que 10 anos.

A tarefa de montar uma carteira de investimentos que seja aderente ao seu perfil de risco e aos seus objetivos financeiros não é exatamente trivial.

Grande abraço!

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