A crise da covid aumentou a atenção dos problemas pré-existentes do mundo e torna-se imprescindível monitorar o horizonte para ter ideia de como isso pode afetar seus investimentos.
O meu objetivo neste artigo é dizer como isso pode ajudar e quais setores podem ser beneficiados.
Num contexto geral percebe-se a diminuição das preocupações fiscais e alguma estabilização da crise da covid-19 abriram espaço para uma melhora da perspectiva de valorização para o real. Desde 2020 o real é uma das moedas que mais desvalorizou no mundo ante o dólar, tendo uma queda atual de aproximadamente -21%, conforme gráfico comparativo das moedas do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS).
Observa-se que o real vinha tendo fortes desvalorizações. No entanto, com a diminuição do risco do rompimento do teto de gastos, a perspectiva fiscal pode melhorar. A estabilização dos casos de covid também ajuda, assim como o BC diminuir estímulos monetários.
A seguir vou abordar os principais assuntos atuais que podem refletir no seu bolso e seus investimentos
1. Ciclo commodities
Sabe-se que a alta dos preços das commodities ajuda muito o Brasil, mas atualmente há um cenário de recuperação global. Dados recentes de atividade econômica e fiscal no Brasil têm surpreendido positivamente, o país conseguiu manter a atividade crescendo apesar da pandemia.
O crescimento mundial beneficia o país principalmente com a demanda de minério e grãos que a China importa do Brasil. No entanto, a China vem utilizando estoques próprios para tentar brecar o ciclo de alta e especulações das commodities.
A China possui estoques de matérias-primas como cobre, commodities agrícolas bem como enormes reservas de petróleo, mas as quantidades não são reveladas. Qualquer indicação de que o departamento de reservas é comprador ou vendedor pode mexer muito com os mercados.
Papeis atrelados: mineração, metais, agronegócio.
2. Reformas estruturais
Seria bom ver mais reformas estruturais avançando e temos visto algumas boas notícias sobre isso, como a possibilidade de aprovar uma reforma tributária, ainda que com abrangência menor. Para que haja uma valorização do real a continuação da filosofia econômica de reformas e privatizações precisaria continuar.
No entanto, a pressão por maiores gastos com a pandemia e uma possível interrupção do ciclo de altas da Selic pode expor a moeda novamente a pressões baixistas. O principal fator de risco poderia ser uma piora significativa da trajetória da dívida sem as reformas, bem como um cenário em que o BC não consegue trazer os juros reais para o território positivo. Assim o dólar poderia voltar a subir no Brasil porque uma trajetória fiscal pior representa um patamar mais alto de seu valor justo.
3. Eleições
Atenção para uma possível pausa no ciclo de altas da Selic, preocupações fiscais e, mais à frente, disputa eleitoral. Historicamente o real costuma se enfraquecer relativamente a pares emergentes em ciclos eleitorais. O ex-presidente Lula não concorrer à eleição de 2022 poderia ser bom para o real pois poderia tornar o cenário menos polarizado.
Por fim sabemos que o ambiente político no Brasil é historicamente volátil e diante do atual cenário essas questões estão voltando ao centro das atenções.
Obs: Cenário mais instável. Aumento de volatilidade.
4. Dinheiro estrangeiro
Considerando a visão do investidor estrangeiro a questão fiscal é o fator mais importante na hora de decidir quais economias emergentes irão escolher, o que deixa o Brasil em situação desfavorável, apesar das boas notícias recentes nesse campo, como PIB e exportação de commodities.
A dívida pública do Brasil é alta e o país acaba sendo mais vulnerável que seus pares emergentes. Historicamente o Brasil tem crescimento que gira em torno de 1.,5%, ou seja, potencial de crescimento médio baixo.
Recentemente houve uma segunda onda com que os países emergentes não estavam contando, então o cenário piorou um pouco.
A segunda onda da covid foi forte e há a possibilidade de que seja necessário continuar socorrendo a população, ou seja, ainda há risco de uma terceira onda. Alguns países podem gastar mais, como a Rússia ou o Chile. O Brasil não tem boa condição como os outros.
Obs: Estrangeiros costumam comprar papéis relacionados a commodities.
5. Inflação
O BC vem subindo a Selic na tentativa de conter a inflação e vem fazendo isso rapidamente. Segundo projeção da XP há expectativa da SELIC alcançar 6.5% até o fim do ano. A Inflação diminui o valor do dinheiro e o retorno dos seus investimentos, portanto, considerando um cenário de alta inflação, seria interessante olhar para empresas que sintam menos ou consigam repassar ao consumidor final, como exportadoras e supermercados.
Se ficou alguma dúvida ou você tiver sugestão comente abaixo, seu comentário é muito importante.
Um forte e respeitoso abraço a todos vocês.
Bons investimentos!