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5 Princípios Que Irão Proteger Sua Carteira

Publicado 29.03.2021, 15:21
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O maior ataque é a defesa.

Mas poucos investidores sabem desse fato. Os menos experientes acabam direcionando suas energias buscando maximizar seus retornos. O que a maioria deles esquece é que investir não se trata somente de avaliar o retorno esperado, mas também os riscos envolvidos.

Não se trata de uma mera escolha, trata-se de sobrevivência.

A matemática não me deixa mentir: quando sua carteira se desvaloriza, ela precisa subir ainda mais do que quando caiu para voltar onde estava. Percentualmente falando, subir de 50 para 100 é o dobro do que cair de 100 para 50.

Abaixo você pode observar o quanto é necessário para uma carteira subir somente para recuperar o valor perdido.

Comparativo: quanto uma perda exige de ganhos para recuperar

Sendo assim, contra números não há argumentos: tão ou mais importante que buscar ativos de alto retorno, você precisa proteger sua carteira. Por isso, o objetivo de hoje é te mostrar os 5 maiores princípios de utilizados pelos investidores profissionais e que irão te ajudar a tornar sua carteira resistente e antifrágil.

1 – DIVERSIFICAÇÃO: o último almoço grátis do mercado

Essa é um dos conselhos mais comuns de se ouvir, e não é por acaso, pois também é uma das ações mais fáceis de ser compreendida e uma das mais simples de ser executada.

Associar a Diversificação como “o último almoço grátis do mercado” não é por acaso. Afinal, essa é uma decisão única e exclusivamente do investidor, pois ele não depende de nenhum fator externo para tomá-la.

Começamos a entender a importância de diversificar quando nos damos conta que quanto mais concentramos nossas fichas em um ou poucos ativos, mais expostos e dependentes a ele(s) estamos.

Por isso diversificar o patrimônio surge como uma estratégia de proteção para nossa carteira, pois certamente não serão todos os ativos investidos que entregarão o resultado previsto.

O gráfico abaixo mostra que, quanto mais você diversifica sua carteira, mais você reduz o seu Risco Não-sistemático, também chamado de Risco Diversificável.

Risco da Carteira x Risco não-diversificável

Mas preciso dizer que tudo em excesso faz mal, até mesmo a Diversificação. Sim, diversificar demais pode atrapalhar.

Chegará um ponto que adicionar mais ativos na sua carteira não reduzirá mais o seu Risco. Em contrapartida, quanto mais ativos você adiciona, mais ativos terá que gerir e acompanhar, e esse trade-off passa a não compensar mais.

Segundo estudo de Elton e Gruber (M. Modern Portfolio Theory and Investment Analysis, 1983), uma carteira com mais de 16 ativos já não tem mais uma redução de risco significativa. Quando uma carteira possui ativos demais, dizemos que ela não está mais diversificada, mas sim pulverizada.

Além disso, somente a diversificação não irá deixar sua carteira totalmente a salvo. Se você voltar nesse mesmo gráfico, verá que existe um tipo de risco que não há como mitigar através da diversificação, o Risco Não-diversificável, ou também chamado Risco Sistemático.

O Risco Sistemático é uma composição entre o risco de mercado (aquele que é inerente aos ativos em questão) e o risco de crises globais, onde a maioria dos ativos são afetados, não há para onde escapar.

A única forma de reduzir o Risco Sistemático é seguir os demais princípios, que serão abordados a seguir.

2 – CASH IS KING: tenha sempre uma reserva de oportunidade

Toda situação difícil traz algum aprendizado. E o mesmo acontece com grandes crises. A situação causada pelo Covid-19 nos mercados é um exemplo disso. As velozes e violentas quedas de Fevereiro e Março de 2020 deixaram muitos investidores em pânico.

Mas nem todos. Houve um pequeno grupo de investidores que viu na crise uma oportunidade, e comprou ações a preços que talvez nunca mais veremos. Afinal, como esses investidores conseguiram aproveitar tão bem essas oportunidades?

Simplesmente porque eles estavam preparados para isso, pos possuíam uma Reserva de Oportunidade. Ou seja, foram pacientes e deixaram parte do seu capital reservado exatamente para aguardar e comprar ativos a preços de liquidação, exatamente daqueles se desesperaram e venderam suas ações.

Pois então, a sempre rejeitada Renda Fixa tem SIM um grande papel estratégico para uma carteira bem protegida. O próprio Warren Buffett possui um caixa de muitos bilhões de dólares exatamente para comprar ativos no momento em que ele encontrá-los a bons preços.

Importante lembrar que você não deve confundir sua Reserva de Oportunidade com sua Reserva de Emergência, são recursos com finalidade muito diferentes!

Além disso, cabe aqui uma mudança de mentalidade do investidor de Longo Prazo: não veja a volatilidade como sua inimiga, e sim como sua aliada.

Aproveite os momentos em que os ativos que você acredita estiverem a preços muito abaixo do seu valor justo e compre-os nesses preços! Afinal, todo mundo gosta de comprar uma boa pechincha, não é mesmo?

3 – ATIVOS DE INFLAÇÃO: o único investimento que garante retorno real

Você sabe qual foi o melhor investimento brasileiro da última década? Se você acha que foi o mercado de Ações, está completamente enganado.

O melhor investimento da década foram os títulos de Renda Fixa atrelados à Inflação. O índice IMA-B, que mede os retornos dos títulos de inflação de até 5 anos, renderam 260% no período, enquanto que o Ibovespa, por exemplo, rendeu “apenas” 66,12% nesse mesmo intervalo.

A Década da Renda Fixa no Brasil

Mas como um título de Renda Fixa pode render mais do que o Ibovespa?

Primeiramente, não podemos esquecer que o retorno que irá acrescentar valor ao nosso patrimônio não é o retorno nominal, aquele que vemos em nossa tela, mas sim o Retorno Real, ou seja, o retorno de nossa carteira subtraído da inflação no período.

E nesse quesito, o único investimento que garante retorno real é exatamente aquele que é atrelado à algum índice de inflação, como por exemplo os títulos IPCA+.

Em segundo lugar, o mercado de ações pode amargurar muitos anos de perdas, dependendo do desempenho das empresas que o compõem e do crescimento econômico (ou não) do seu país. Foi o que aconteceu no Brasil entre 2010 e 2020, por exemplo. Mais uma década perdida.

Portanto, é importante que você tenha parte da sua carteira em Renda Fixa atrelada à inflação, pois além de garantir o retorno real de parte da sua carteira, ela também pode ser uma boa ajuda para aqueles momentos em que a Renda Variável estiver passando por um viés de baixa em seu ciclo.

4 – OURO: um seguro contra crises

Que o Ouro sempre foi sinônimo de riqueza, estabilidade e poder você já sabe. O que talvez você não saiba é que o nobre metal também tem se mostrado um grande protetor de carteiras de investimentos, principalmente durante grandes crises.
Durante muito tempo os países utilizavam o ouro como uma forma de proteger suas economias, atrelando-o às suas moedas. Globalmente, essa abordagem só terminou no início dos anos 70, com o colapso de Bretton Woods.

Mesmo assim, o ouro segue sendo considerado como uma reserva de valor pelos agentes econômicos, exatamente por ser um recurso escasso e raro. Em períodos recessivos, essa demanda aumenta ainda mais.

Não é à toa que sua cotação atingiu novas máximas com o início da crise do covid-19, já que o mundo testemunha uma recessão por conta das restrições sanitárias que precisaram ser impostas.

Gráfico: cotação do ouro

Falando especificamente em proteção de carteiras, os preços do Ouro e do Mercado de Ações costumam ter uma relação inversa entre si (logo mais falaremos sobre correlação). Ou seja, sempre que os mercado de ações sofre uma queda significativa ou um colapso e acende a luz amarela do risco sistemático, os investidores fogem para o Ouro, e sua cotação sobe.

Sendo assim, estar exposto na carteira em ouro, seja através de ETFs, fundos ou mercados futuros, acaba sendo mais um mecanismo de proteção contra momentos de turbulência dos mercados.

5 – ATIVOS DESCORRELACIONADOS: O Santo Graal dos investimentos

E chegamos ao último e não menos importante princípio de proteção para sua carteira desse artigo.

Recentemente, Ray Dalio comentou que os ativos descorrelacionados eram o “santo graal” dos investimentos, e poucas pessoas entenderam. A correlação entre ativos é um fator estatístico que representa o quanto o desempenho de um ativo é similar ou oposto ao de outro.

Na prática, quanto mais um ativo se movimenta junto com outro ativo, mais correlacionados eles são. O contrário também é verdadeiro: se um ativo se movimenta no sentido oposto à outro, esses ativos são perfeitamente descorrelacionados.

Isso quer dizer que, apenas diversificar sua carteira (primeiro princípio desse artigo) não significa que você esteja deixando sua carteira protegida, principalmente se isso for feito sem nenhum critério técnico.

Por exemplo: se você tiver uma carteira com 5 ações, e essas 5 ações forem todas de bancos, sua carteira não está diversificada de maneira eficiente, pois os bancos são muito correlacionados entre si, e normalmente o setor inteiro anda na mesma direção.

Por isso torna-se importante ter ativos descorrelacionados. Um exemplo clássico diz respeito à relação entre o Dólar e a Bolsa. Normalmente quando um sobe, o outro cai, e vice-versa.

Comportamento Dólar x Ibovespa

Portanto, se você quer proteger sua carteira em outro nível de sofisticação é muito importante dominar esse conceito. Entenda a relação de causalidade entre os ativos e como um investimento “conversa” com o outro, compreendendo assim de que forma sua carteira como um todo se relaciona entre si.

CINCO PRINCÍPIOS, UM OBJETIVO

Construir patrimônio é um jogo de longo prazo. Mais importante do que buscar rentabilidade é se manter vivo. Não tenho dúvidas que, se você seguir a maioria desses princípios, estará afastando o risco da ruína da sua vida.

Em um mundo repleto de ganância, ego e excesso de confiança, o investidor que demonstrar mais humildade em agregar mecanismos de proteção à sua carteira será aquele que vai chegar mais longe.

Te espero no próximo artigo!

Forte abraço.

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