5 Pontos para Observar no Resultado da Pfizer nesta Terça-Feira

Publicado 31.10.2016, 18:25
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Por Clement Thibault

A Pfizer, empresa global de pesquisa, desenvolvimento e produção de produtos de saúde, deverá divulgar seu resultado trimestral nesta terça-feira (1/11), antes da abertura dos mercados.

Pfizer

PFE Daily

1. Lucro e receita

A Pfizer deverá apresentar lucro de US$ 0,49 por ação com US$ 13,03 bilhões em receitas, crescimento da ordem de 7,2% na comparação anual.

2. Cisão difícil de realizar

Nos últimos anos, a Pfizer reorganizou seus negócios em dois segmentos: Saúde Essencial, com a maioria de seus remédios como Lipitor e Viagra, e Saúde Inovação, que foca no desenvolvimento de novas drogas e atualmente é a área com maior crescimento da empresa. Uma das decisões-chave gerenciais da Pfizer dos últimos anos foi não realizar o spin-off da divisão de inovação em uma nova companhia.

A decisão foi anunciada em 26 de setembro após a companhia gastar quatro anos – e US$ 600 milhões – avaliando suas opções, frustrando analistas de Wall Street que acreditavam que o valor combinado das duas empresas seria maior do que o da Pfizer hoje. Essa foi uma decisão conservadora da direção da farmacêutica e que possivelmente irá dificultar o crescimento da área de Inovação, apesar de gerar um fluxo de caixa mais robusto.

3. Legado de remédios

Os dois remédios mais lucrativos da Pfizer no último trimestre foram Prevenar 13 e Lyrica.

O Prevenar 13 é uma vacina para a prevenção das treze formas mais comuns de pneumonia pneumocócica. Somente o Prevenar 13 trouxe US$ 1,25 bilhões em receita no último trimestre. Ele foi apresentado pela primeira vez no fim de 2009 na Europa com foco em recém-nascidos e crianças e foi levado aos EUA em 2010. Em 2013, a vacina estava aprovada para uso em 120 países. Ao mesmo tempo, foi estendida a autorização para crianças ainda não vacinadas, assim como adolescentes e adultos de mais de 50 anos. A previsão para o futuro, contudo, é de redução nas vendas do Prevenar 13, dada ao seu alcance atual, mas a recente aprovação para uso em adultos de 19-49 deverá manter as vendas estáveis por um tempo.

O Lyrica, segundo carro-chefe de vendas da Pfizer, também trouxe um total de US$ 1,25 bilhões. O remédio serve de controle para a epilepsia, reduzindo os impulsos nervosos no cérebro que causam convulsões. É também utilizado para tratar a dor neuropática, fibromialgia e alguns distúrbios de ansiedade. A receita é estável, com perspectiva de crescimentos de um dígito pelos próximos dois anos, até o fim da exclusividade da patente da Pfizer em dezembro de 2018.

A Pfizer ainda possui oito remédios principais que deverão gerar bilhões de dólares em receitas neste ano. Dada à regulamentação de patentes que impede a cópia do fármaco por 20 anos, a receita de qualquer droga blockbuster seu limite no tempo. Então, para o investidor, além da capacidade atual de gerar receita, a produção de novas drogas é um fator importante – senão o mais importante – do que o portfólio atual.

4. Criando uma sequência saudável de novos remédios

Como as patentes somente protegem as novas drogas de seus genéricos por um total de 20 anos, a receita de qualquer remédio blockbuster tem um período curto de vida. Então para o investidor, além do portfólio de produtos, é crítico saber o que a farmacêutica possui em estágios avançados em pesquisa e desenvolvimento.

Para manter o crescimento de sua linha premium de drogas, a Pfizer trabalha em duas frentes. Primeiramente, a companhia investe cerca de US$ 7 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento para criar seu próximo sucesso de vendas.

O Ibrance foi apresentado pela primeira vez em 2015 para o tratamento de câncer de mama com metástase. Desde a sua divulgação inicial, ele tem sido utilizado para tratamento de outras doenças. A Pfizer busca aprovação para expandir para mais formas de câncer, como o pancreático. Ibrance está no caminho de gerar mais de um bilhão de dólares neste ano, mas, se o plano de expansão da companhia vingar, novos mercados vão se abrir para o remédio expandido sua geração de receitas.

Talvez, ainda mais importante, a Pfizer segue fazendo aquisições estratégicas como forma de expandir sua geração de novos produtos. No fim de 2015, a Pfizer tentou uma fusão de US$ 160 bilhões com a irlandesa Allergan, operação que fracassou devido a mudanças nas regras de impostos nos EUA, que tornou o negócio menos atrativo para a gigante norte-americana. O cancelamento da fusão abriu espaço para compras de empresas menores.

Em 27 de setembro, a Pfizer adquiriu a Medivation por US$ 14 bilhões. Essa operação permitiu a Pfizer adicionar o Xtandi, remédio contra câncer de próstata, para seu portfólio de oncologia. A compra da Medivation também trouxe uma potencial droga para a empresa: o Talazoparib, que bloqueia uma enzima essencial para o desenvolvimento da célula cancerígena. Uma série de farmacêuticas está trabalhando em drogas similares e os testes do Talazoparib está marcado para terminar em junho de 2017. Apesar de não haver garantia de que essa droga será um novo sucesso de vendas, as chances são boas. Mas, mesmo que não seja, a aquisição expande o portfólio da Pfizer e as suas capacidades futuras.

5. Bons dividendos

A consequência de uma queda nos últimos meses da cotação da Pfizer – dos US$ 37 de julho para US$ 32 hoje – os dividendos da Pfizer devem ser considerados. Nos últimos quatro trimestres os dividendos foram de 30 centavos de dólar por trimestre, ou US$ 1,2 por ano, um rendimento de 3,75%.

Mesmo após o corte em 50% nos dividendos em 2009, de 32 centavos de dólar para 15 centavos de dólar por trimestre para reequilibrar as finanças após a aquisição por US$ 68 bilhões da Wyeth, a companhia tem lentamente, mas consistentemente, aumentado sua distribuição nos últimos sete anos.

A próxima sessão ex-dividendos da Pfizer será dia 8 de novembro e a expectativa é de que a empresa eleve em 2 ou 3 centavos de dólar. Dada as expectativas de ganhos de US$ 0,49, no modelo GAAP, e de US$ 0,62 fora do GAAP neste trimestre e o mercado buscando mais rendimentos, uma ação boa pagadora e com crescimento constante merece uma segunda avaliação.

Conclusão

O preço por lucro de 28 é 20% maior do que a média da indústria, que é cerca de 23. Por essa relação, apenas, a Pfizer pode ser considerada cara, apesar que seu dividendo impeça de ser avaliada como extremamente sobreavaliada. Quando se considera outras medidas, no entanto, como preço sobre o patrimônio, a Pfizer possui relação de 3 contra 3,5 da média da indústria formada por suas concorrentes como Merck (NYSE:MRK) e Eli Lilly, o que torna óbvio que a companhia tem mais do que só lucros imediatos. O fluxo de caixa livre, por exemplo, é gigantesco de US$ 13 bilhões, 33% mais que Merck e o preço da ação por fluxo de caixa é de 15, menos do que a metade da média da indústria.

Mesmo com o preço por lucro alto, a Pfizer ainda deve ser considerada um investimento seguro. Suas perspectivas, especialmente na oncologia, aparenta um rendimento sólido o suficiente para o investidor avaliar a ação. As quedas recentes nos preços do papel abrem uma oportunidade dupla: travar bons dividendos e ganhos com o crescimento do valor da ação.

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