Na próxima semana, em 3 de agosto, a Opep+ se reunirá para discutir as cotas de produção para o mês de setembro e possivelmente para o resto do ano de 2022. Essa reunião pode ter grandes consequências para os mercados petrolíferos, pois a organização concluirá seu plano de redução gradativa dos cortes de produção desde maio de 2020, sem um direcionamento claro para as cotas predeterminadas.
Por isso, o cartel ainda não estabeleceu uma taxa de aumento da oferta para os próximos meses. O plano original era que os países integrantes da aliança voltassem à sua plena capacidade produtiva em setembro de 2022, mas, em junho, o grupo decidiu elevar esse aumento a partir de agosto, haja vista que a demanda estava acima do previsto.
Portanto, qual direção a Opep+ deve tomar? E o que isso significaria para os mercados petrolíferos?
1. Manutenção da situação atual
A Opep+ pode decidir manter suas atuais cotas de produção por mais um mês (setembro), enquanto debate internamente o que fazer a respeito da Declaração da Cooperação de modo geral. Nessa oportunidade, o grupo pode resolver manter suas cotas até o fim do ano ou alterá-las de alguma forma. Considero que esse é o cenário mais provável. Seu impacto, da mesma forma, deve ser reduzido nos mercados de petróleo, mas faria com que a Opep+ tivesse de lidar com o mesmo problema em setembro.
2. Aumento das cotas de produção
A Opep+ pode realizar mais um pequeno aumento das cotas de produção em setembro, mas os mercados não devem levar essa resolução muito a sério. Considerando que muitos países produtores não estão conseguindo atingir suas cotas atuais de produção, tudo indica que esse movimento não terá um impacto significativo.
3. Corte das cotas de produção
Em sua reunião, a Opep+ deve dar bastante atenção a vários indicadores econômicos, a fim de avaliar se é factível o cenário de recessão. Se o grupo acreditar nessa possibilidade, pode ser que decida cortar as cotas de produção, na medida em que o consumo do petróleo costuma cair forte durante recessões. Essa iniciativa pode promover a alta dos preços do petróleo, já que, em um período de alta demanda e preços elevados, a Opep+ decidiria reduzir a oferta.
4. Dissolução da Opep+
Outra possibilidade é que os principais membros da Opep+ defendam que a utilidade da Declaração de Cooperação, como é chamado o acordo que estabeleceu a aliança, atingiu seu fim, devendo ser dissolvida. A participação da Rússia na Opep gerou um escrutínio indesejado do Ocidente, de forma que o encerramento da aliança poderia resolver parte dessa tensão. Além disso, tudo indica que a Rússia quer produzir petróleo sem as amarras das taxas definidas pelo grupo. Os mercados veriam essa iniciativa como um sinal de maior volatilidade e instabilidade. Penso que esse evento é pouco provável, na medida em que a Arábia Saudita deseja manter a Rússia envolvida na gestão do mercado petrolífero através da Opep.
Mas vamos esperar para ver.