Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Nova classe de ativos
- Tendência de baixa continua
- 1. Governos amam a blockchain, mas odeiam as criptos
- 2. Reversão baixista desde a máxima de meados de novembro
- 3. Outros portos seguros pegaram o bastão de alta
- Possível fundo nas criptos; rali pode ser retomado devido à guerra e à tensão geopolítica
Depois de semanas apresentando as razões pelas quais acreditava que a Ucrânia nada mais era do que uma porção ocidental do seu país, o presidente russo Vladimir Putin ordenou que 200.000 tropas invadissem seu vizinho em 24 de fevereiro. Os EUA, a Europa e a própria Ucrânia consideram que o país do Leste Europeu invadido é soberano.
Essa invasão gerou uma série de riscos geopolíticos, pressionando os governos mundiais, seus cidadãos e os mercados financeiros globais.
Alguns participantes do mercado acreditam que a classe de criptoativos relativamente nova possa ser usada como proteção contra a inflação e porto seguro durante transtornos geopolíticos. No início de março de 2022, com a inflação em disparada e o cenário político global se deteriorando ao ponto de a possibilidade uma nova guerra mundial atingir seu mais alto nível desde 1945, por que as moedas digitais não decolaram?
Nova classe de ativos
O Bitcoin só entrou em cena em 2010, mas o criptomercado é ainda mais jovem. As moedas digitais só ganharam massa crítica nos últimos cinco anos.
O lançamento do Bitcoin futuro no fim de 2017 fez com que a cripto líder ganhasse popularidade, fazendo seus preços ultrapassarem US$20.000 por token. No entanto, a cripto já vinha subindo em condições extremamente voláteis.
Em 2010, Bitcoin valia apenas cinco centavos. No fim de 2013, seu preço atingiu a máxima de US$1135,45 antes de recuar para menos de US$1000. Em 2017, seu preço explodiu. Nos últimos anos, as variações anuais foram nada menos que incríveis:
- Em 2017, sua faixa de negociação foi de US$762,38 a 19.862 por token
- Em 2018, sua faixa de negociação foi de US$3.158,10 a 17.224,62 por token
- Em 2019, sua faixa de negociação foi de US$3.355,25 a 13.844,30 por token
- Em 2020, sua faixa de negociação foi de US$3.925,27 a 29.301,78 por token
- Em 2021, sua faixa de negociação foi de US$28.957,79 a 68.906,48 por token
Até agora em 2022, sua faixa de negociação foi de US$33.076,69 a US$47.937,17. A mínima do Bitcoin em 2022 deu continuidade ao padrão de mínimas ascendentes, faltando ainda 75% para o ano acabar, período em que pode atingir uma máxima mais alta.
Embora os riscos geopolíticos venham crescendo, três fatores têm pesado sobre os preços das criptomoedas no início de março de 2022. Mas a possibilidade de preços mais altos está crescendo.
Tendência de baixa continua
Em 24 de novembro, o Bitcoin futuro na CME alcançou uma máxima recorde de US$69.355. Em seguida, perdeu força.
Fonte: CQG
Desde então, o Bitcoin vem registrando máximas descendentes.Como ressalta o gráfico semanal, o Bitcoin futuro atingiu a mínima de US$32.855 por token em 24 de janeiro, perdendo mais da metade do seu valor.
A ação dos preços não violou a mínima de 24 de janeiro, e o Bitcoin registrou uma mínima mais alta de US$34.295 no fim de fevereiro. O padrão de máximas menores e mínimas maiores é o desenvolvimento de uma formação de cunha, sugerindo que um movimento mais significativo de alta ou baixa no horizonte.
O Bitcoin é um dos ativos mais voláteis, por isso, pode ser que leve mais tempo para decidir se romperá para cima ou para baixo até outra mínima menor.
Três catalisadores entraram no caminho de um enorme rali no Bitcoin e em outras criptomoedas nas primeiras semanas de 2022.
1. Governos amam blockchain, mas odeiam as criptos
Os especuladores e vários participantes do mercado abraçaram as criptomoedas como uma classe de ativos popular. No entanto, os governos não estão entre seus apoiadores.
Muitas críticas regulatórias têm como foco os usos ilegais de moedas anônimas que voam abaixo do radar dos controles governamentais. No entanto, o medo real é que as criptomoedas atrapalhem sua capacidade de expandir ou contrair a oferta monetária, através da qual conseguem aumentar ou reduzir o meio circulante no sistema financeiro global.
Os governos, entretanto, abraçaram a tecnologia blockchain, que respalda os criptoativos, já que compõe a essência da revolução da tecnologia financeira, aumentando a velocidade, eficiência e qualidade dos registros das transações financeiras. Ao mesmo tempo, a ameaça das criptomoedas ao controle da oferta monetária faz com que os governos rejeitem e odeiam a emergente classe de ativos composta por mais de 18.000 tokens.
2. Reversão baixista desde a máxima de meados de novembro
As duas criptomoedas líderes, Bitcoin e Ethereum, mostraram-se altamente voláteis nos últimos anos. Em 10 de novembro de 2021, ambas atingiram máximas históricas. Da mesma forma, ambas registraram reversões baixistas que fizeram os preços caírem mais da metade.
Fonte: Barchart
O gráfico mostra que o Bitcoin atingiu a máxima recorde em 10 de novembro e fechou o pregão abaixo da mínima de 9 de novembro, caracterizando um padrão-chave de reversão no gráfico diário. O preço colapsou após a reversão, com os vendedores superando os compradores.
Fonte: Barchart
O gráfico mostra que a cripto vice-líder, o Ethereum, registrou o mesmo padrão de baixa em 10 de novembro e perdeu metade do seu valor na mínima de 24 de janeiro.
A reversão técnica fez com que quem chegou atrasado ao criptomercado perdesse dinheiro especulando no Bitcoin, Ethereum e diversas outras criptomoedas que seguiram o caminho das líderes. Depois de registrar perdas, inúmeros participantes do mercado continuam de fora, mesmo com as criptos mostrando sinais de fundo.
3. Outros portos seguros pegaram o bastão de alta
Muito antes de as criptomoedas existirem, o ouro atuava como mais importante porto seguro. Mas, com a explosão do Bitcoin e outras criptos até suas máximas de novembro de 2021, antes de implodir após reversões baixistas, muitos investidores passaram a acreditar que outro mercado de “segurança” havia emergido. Durante esse período, o metal precioso, instrumento clássico de proteção, desenvolveu um padrão de cunha de máximas menores e mínimas maiores, com viés de baixa.
Fonte: CQG
Depois de registrar máximas ascendentes desde agosto de 2020, quando o ouro tocou seu pico recorde de US$2063 por onça, o metal precioso começou a registrar mínimas ascendentes, em março de 2021. Em fevereiro de 2022, o ouro rompeu o padrão, para cima.
Por mais de um ano, o nível de US$1800 por onça atuou como ponto de pivô antes de escapar do seu padrão de cunha. O ouro era negociado a mais de US$1970 por onça no fim da semana passada e, nesta manhã, ultrapassou a marca de US$2000. Claramente, o padrão de cunha se transformou em uma tendência de alta.
Com isso, a posição técnica do ouro provavelmente está fazendo com que os participantes do mercado favoreçam o metal precioso em relação às criptomoedas. Mesmo assim, em vista da facilidade de movimentar as criptomoedas em momentos de estresse econômico e político, suas qualidades como capital de fuga favorecem sua alta.As criptomoedas são alternativas mais transportáveis, anônimas e líquidas a outros ativos.
Possível fundo nas criptos; rali pode ser retomado devido à guerra e à tensão geopolítica
O líder soviético Vladimir Ilyich Lenin disse algo memorável:
“Há décadas em que nada acontece, e há semanas em que décadas acontecem.”
Suas palavras parecem proféticas em vista da invasão da Rússia na Ucrânia. O evento mudou o cenário geopolítico, forçando as pessoas de todo o mundo a se adaptarem aos riscos da nova dinâmica. Eu acredito que a guerra na Ucrânia só favorece o argumento em defesa das criptos, principalmente com a China apertando o cerco contra Taiwan e a Rússia buscando recriar a ex-União Soviética.
As razões por que o Bitcoin, Ethereum e outras criptos continuam mais perto das mínimas de 24 de janeiro do que das máximas de 10 de novembro em 7 de março são compreensíveis. No entanto, a dinâmica geopolítica mudou drasticamente com a invasão russa, favorecendo ainda mais a posse de criptomoedas.
Acredito que veremos novas máximas na classe de ativos, assim como vimos no ouro. Assim, as chances favorecem um rompimento para cima do padrão de cunha nas criptos.