Artigo publicado originalmente em inglês no dia 25 de abril de 2018.
Graças à Opep e ao presidente Donald Trump, a cotação do petróleo teve forte queda na sexta-feira antes de subir à nova máxima na segunda-feira.
Podemos esperar mais volatilidade nos mercados de petróleo nas próximas semanas uma vez que as perspectivas e a política da Opep para o segundo semestre de 2018 ganham maior destaque, a administração Trump toma decisões fundamentais a respeito de sanções sobre o Irã e vemos sinais de aumento na produção de petróleo dos Estados Unidos.
O Comitê Ministerial Conjunto de Monitoramento (JMMC, na sigla em inglês) do acordo de cortes na produção da Opep e de países externos à organização se reuniu em Jidá, na Arábia Saudita, na última sexta-feira para avaliar as taxas de conformidade dos participantes e discutir o progresso da organização quanto ao cumprimento das metas. O JMMC parabenizou os participantes por sua alta taxa de conformidade (149%) ao mesmo tempo que observou que o Iraque e o Cazaquistão ainda estão produzindo muito mais petróleo do que o permitido por suas cotas.
Nada disso parecia importar ao mercado de petróleo, que buscava sinais se a Opep e a Rússia pretendem continuar com os cortes na produção em 2019. Em vez de maior clareza, os ministros do petróleo da Rússia e da Arábia Saudita pareciam divergir se os cortes na produção deveriam continuar ou não.
Khalid al Falih, ministro do petróleo da Arábia Saudita, sugeriu que a Opep tentaria continuar com os atuais cortes na produção quando ele disse a repórteres que os estoques ainda estão mais altos do que antes da queda de preços de 2015. Ele afirmou que "a redução nos estoques precisa continuar", mas acrescentou: "ainda não estamos decididos sobre qual é a meta, precisamente".
Alexander Novak, ministro do petróleo da Rússia, segunda potência mais influente neste acordo, adotou um tom diferente. Antes da reunião, ele disse a repórteres russos que o acordo duraria até o final de 2018, mas que, se as condições do mercado exigirem, o grupo poderia considerar o relaxamento de algumas das cotas. Após a reunião, Novak disse a repórteres que o grupo poderia discutir a possibilidade de aumento da produção durante o segundo semestre de 2018 ou no início de 2019. Essas discussões ocorreriam na reunião regular da Opep em Viena em 22 de junho.
Essencialmente, os ministros do petróleo na reunião de Jidá passaram mensagens contraditórias. No entanto, isso teve pouca importância no mercado de petróleo porque um tuíte do presidente Donald Trump tinha precedência. Após a reunião ser concluída, o presidente dos EUA tuitou: "Parece que a Opep está de volta. Com quantidades recordes de petróleo em todos os lugares, incluindo navios totalmente carregados no mar, preços do petróleo estão artificialmente altos! Isso não é bom e não será aceito!"
{{%twitter%https://twitter.com/realDonaldTrump/status/987284041304100864">
Apesar do fato de que há muito pouco que Trump possa fazer para mudar ações e decisões da Opep, os mercados reagiram imediatamente ao seu tuíte. Contratos futuros de petróleo WTI, que chegaram à máxima de US$ 68,29 por barril, caíram imediatamente para US$ 67,50. Notícias de que a contagem de sondas nos Estados Unidos teve aumento de cinco na semana passada também mantiveram os preços baixos na sexta-feira.
Na segunda-feira, no entanto, o mercado parecia ter deixado de lado tanto o tuíte do presidente dos EUA quanto a contagem mais alta de sondas. O WTI eliminou as perdas de sexta-feira e continuou a ganhar força, atingindo US$ 68,95 por barril na noite de segunda-feira. Os contratos futuros ultrapassaram a marca de US$ 69 por barril no início das negociações na manhã de terça-feira, mas permaneceram voláteis.
Agora que o estoque de petróleo está muito mais equilibrado, o mercado está reagindo de forma mais significativa a pequenas questões como tuítes do presidente Trump que não possuem impacto real sobre os mercados de petróleo. Se essas condições continuarem, o que parece provável neste ponto, devemos ver ainda mais fortes reações de curto prazo a decisões políticas e declarações. De fato, o presidente Trump disse à imprensa que "ninguém sabe" o que ele fará a respeito do Irã em 12 de maio.
Aguarde movimentação no preço do petróleo com base na especulação sobre a iminente decisão do presidente Trump quanto a sanções norte-americanas sobre o Irã, em quaisquer notícias sobre a reunião a respeito do desarmamento nuclear da Coreia do Norte e em sugestões contínuas de Novak, de al-Falih e de outros participantes da Opep.