Publicado originalmente em inglês em 10/03/2021
Não importa de que lado da divisão política você esteja, é difícil não concordar que o pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão do presidente americano Joe Biden criará vencedores e perdedores na economia real e também no mercado acionário.
Muitas empresas verão uma explosão de vendas assim que a nova rodada de auxílio emergencial e maiores benefícios de seguro-desemprego chegar a milhões de americanos. Alguns podem usar esse dinheiro em viagens, jantares ou iniciar reformas em casa quando a economia se reabrir totalmente.
Outro fator que contribuirá para esse cenário é a tendência cada vez maior de investir em ações durante a pandemia. Os benefícios podem gerar cerca de US$ 170 bilhões em fluxos de pequenos investidores no mercado de ações, segundo estrategistas do Deutsche Bank em uma nota no mês passado. Uma pesquisa com investidores de varejo mostrou que os entrevistados pretendiam alocar 37% desse auxílio em ações.
“O sentimento do varejo continua muito positivo, independente da idade, da renda ou da experiência do investidor. A expectativa é que esses investidores mantenham ou até elevem suas posições inclusive após a reabertura econômica".
Isso dito, os investidores de longo prazo devem evitar investir em ativos especulativos e colocar sua renda extra em empresas sólidas e com histórico de recompensar seus acionistas. Com isso em mente, apresentamos abaixo uma lista de três ações que se encaixam bem nessa estratégia:
1. JPMorgan & Chase
Os bancos americanos tiveram uma corrida extraordinária desde meados do ano passado. Em um ambiente em que o governo está gastando volumes enormes de recursos para estimular a economia, há muitas razões para manter o otimismo com essas instituições financeiras.
Primeiro, a disparada dos rendimentos dos títulos públicos mostra que eles conseguirão aumentar o spread do crédito que fornecem a consumidores e empresas. A tendência favorável na curva de juros, com a ponta longa subindo mais rápido do que a curta, deve continuar devido aos maiores gastos dos consumidores, estimulando a inflação. Além disso, a reabertura da economia criará mais demanda por crédito das empresas que sofreram durante a pandemia.
No setor bancário, gostamos do JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), maior instituição do segmento nos EUA, graças ao seu forte balanço patrimonial e qualidade das suas operações. Apesar de o JPM ter subido mais de 50% desde setembro, quando recomendamos sua compra, esse rali ainda tem mais espaço para avançar.
Apesar de os bancos não poderem aumentar seus dividendos além do que já pagaram no segundo trimestre de 2020, desde dezembro o Fed permite que retomem suas recompras de ações. O JPMorgan deu início a um novo programa de recompra no valor de US$ 30 bilhões, mantendo seus dividendos de US$ 0,90 por ação e um rendimento de 2,6%.
2. Walmart
As varejistas de baixo custo estão entre as ações que devem continuar se beneficiando quando os consumidores tiverem mais dinheiro para gastar. Nesse grupo, nossa principal escolha é o Walmart (NYSE:WMT) (SA:WALM34).
Os papéis dessa grande varejista não tiveram bom desempenho neste ano após a forte corrida desde o crash provocado pela pandemia no ano passado. Mas essa fraqueza, em nossa visão, representa uma oportunidade de compra para investidores de longo prazo.
Essa rede de Bentonville, Arkansas, mostra de forma consistente em seus balanços financeiros que é um dos locais prediletos dos consumidores para gastar o dinheiro do auxílio emergencial. Embora o Walmart espere um retorno a padrões mais normais de negócio em 2021, a empresa está ingressando em novas áreas, como publicidade e marketplace online, para rentabilizar sua vasta base de consumidores.
A empresa está impulsionando sua unidade de mídia digital, chamada Walmart Connect. Seu alvo são anúncios em plataformas de e-commerce, como o Walmart.com e o aplicativo Walmart, com foco em compradores que estão fazendo aquisições em tempo real.
Com sua força no comércio eletrônico e sólidas operações físicas, acreditamos que o WMT é uma boa aposta no longo prazo tanto para valorização de capital quanto para receita com dividendos, que rendem atualmente 1,72%.
3. Nike
A maior fabricante mundial de artigos esportivos, Nike (NYSE:NKE) (SA:NIKE34), é outra empresa sólida que está bem posicionada para se beneficiar do dinheiro extra dos consumidores.
Os bloqueios econômicos, o cancelamento de eventos esportivos e a forte crise criaram uma tempestade perfeita para varejistas como a Nike nos últimos 12 meses. Mas seus recentes resultados mostraram que a companhia está voltando com tudo, graças à sua bem-sucedida estratégia de comércio eletrônico. A receita digital da empresa disparou 84% no trimestre encerrado em 30 de novembro.
A Nike é uma dessas empresas cujos investimentos em tecnologia estão gerando resultado durante a pandemia e transformando seus negócios para uma operação mais enxuta e lucrativa.
Redes físicas de varejo que foram fechadas durante a primeira rodada de medidas de distanciamento no ano passado podem ter mais potencial de alta após o novo auxílio aos consumidores, que vão querer comprar novos calçados esportivos para aproveitar os meses quentes do verão. Em novembro, a Nike elevou sua projeção de receita para todo o ano e agora espera crescer dois dígitos percentuais. A empresa também prevê melhores margens de lucro.