Estamos chegando ao final da safra 2022/23 no Centro-Sul. O Norte-Nordeste (NNE) ainda está em plena safra.
Produção
No Centro-Sul (CSUL) a produção até março/23 deve ficar em torno de 550 mi t, maior que a da safra passada, mas ainda longe do recorde de 2020/21 quando se moeu 605 mi t. Uma condição climática adversa em 2020 foi responsável pela queda de moagem.
A preferência pelo açúcar foi clara nesta safra atual. Os melhores preços deste produto em relação ao etanol justificam esta preferência. A produção de açúcar deve ficar próxima de 34 mi t, sendo que em 2020/21 foi de 38,5 mi t.
No caso do etanol de cana, a produção deve ficar em torno de 25 bi litros. Em 2020/21, foi de 27,8 bi litros.
O NNE deve ter safra próxima de seu recorde dos últimos anos devido a boas chuvas que ocorreram por lá. A previsão de moagem de cana nesta safra 2022/23 é de 57 mi t, sendo seu recorde dos últimos 10 anos de 59,4 mi t.
Preços e Custos
A safra atual foi pelo quarto ano consecutivo favorável ao produtor em termos de preços. Estes cobriram, no CSUL, todos os custos, inclusive juros sobre capital próprio.
As usinas souberam aproveitar esta oportunidade com boa estratégia empresarial e comercial. Elas têm usado o hedge de preços para o açúcar de exportação de forma eficiente. Têm usado a flexibilidade entre açúcar e etanol, que existe na produção, de forma a maximizar receitas e lucros. Como consequência, a situação econômico-financeira, de parte crescente de usinas, é sólida e permitirá seu crescimento e uma consolidação do setor em bases competitivas a nível global.
E a nova safra 2023/24
Tudo indica que será uma safra de maior produção que a atual. O clima tem corrido mais próximo da normalidade no CSUL e o processo de recuperação do canavial terá continuidade. Podemos esperar para o CSUL algo entre 570-580 mi t de cana a serem moídas em 2023/24.
Na região NNE já chegamos na faixa máxima de produção de cana: 57-60 mi t.
Quanto a custos, a recuperação do canavial, associado ao aumento do rendimento agrícola, funciona como um amortecedor dos impactos gerados pelos aumentos de preços dos insumos e fatores de produção, como mão-de- obra. Ou seja, espera-se que o aumento de custos de produção não seja um vilão na próxima safra.
Reforçando a condição acima, a inflação mundial vem perdendo força e isto alivia a pressão sobre custos.
E preços? Como ficam?
A tendência, desde meados deste ano, é de preços de commodities em baixa. Seja pelo aumento global de produção, seja pela demanda restrita devido à economia global, seja pela inexistência de choques de oferta previsíveis neste momento. Entre estes podemos citar a guerra Ucrânia-Rússia, o petróleo e o Covid-19 por enquanto sob controle. Cabe lembrar que as cadeias de suprimentos estão se normalizando.
Em resumo. A situação econômica do setor na próxima safra 2023/24 não está definida. Parece que o viés é de uma situação pior que a atual, porém sem stress que remeterá o setor a prejuízos econômicos.
Gestão de riscos: aproveitem o momento atual para vender açúcar das próximas duas safras em mercados de futuros.
Bom Natal para todos. Bom 2023 com saúde e paz.