Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- 2020 foi um ano de ouro - 2021 foi um fiasco
- Ouro foi coadjuvante das criptos
- Ouro teve desempenho abaixo de outras commodities
- Três razões para 2022 ser um ano mais precioso para o metal
- Os desafios para o ouro no próximo ano
O ouro é usado como meio de troca, reserva de valor e símbolo de riqueza desde antes dos tempos bíblicos. Trata-se de um metal híbrido e uma moeda. Além das suas propriedades ideais para diversos usos industriais, o ouro é a moeda definitiva. Bancos centrais, governos e autoridades monetárias ao redor do mundo validam o papel do ouro no sistema financeiro, pois mantêm o metal como parte integrante das suas reservas de câmbio internacional. Nos últimos anos, aumentaram suas posições.
O preço do ouro tocou o fundo no final dos anos 1900, quando o Banco da Inglaterra leiloou uma porção substancial das reservas do Reino Unido. Os leilões iniciados em 1999 fizeram o ouro atingir a mínima de US$252.50 por onça e US$ 255 em 2011, no mercado futuro da Comex. Desde então, o preço do ouro disparou, alcançando a máxima histórica em praticamente todas as moedas mundiais em 2019-2020.
Enquanto 2020 foi um ano extraordinário para o mercado do ouro, 2021 foi um fiasco. Estamos a poucas semanas de entrar em 2022, e o preço do metal precioso estava girando em torno de US$1780, mais de sete vezes acima da mínima de 1999, mas US$ 283 abaixo da máxima de 2020.
2020 foi um ano de ouro - 2021 foi um fisco
O ouro foi negociado em uma ampla faixa de US$612,10 em 2020, com o mercado alcançando a mínima de US$1450,90, em março de 2020, e a máxima de US$2063 no contrato contínuo da Comex.
Fonte: CQG
O gráfico destaca que o ouro futuro negociado na Comex fechou a US$1520,00 em 31 de dezembro de 2019 e subiu 25,1%, para US$1901.60 por onça em 31 de dezembro de 2020. Após um brilhante 2020, o ano de 2021 foi de correção, com o preço ao nível de US$1778,70 em 15 de dezembro, um declínio de 6,5%.
Ouro foi coadjuvante das criptos
Em 2021, o ouro ficou à sombra de outras commodities, das ações e, principalmente, das criptomoedas. Mesmo após as recentes liquidações desde as máximas recordes, as duas criptomoedas líderes entregaram retornos impressionantes em 2021.
Fonte: Barchart
O gráfico mostra que o Bitcoin fechou a US$28.986,74 em 31 de dezembro de 2020 e encontrava-se no nível de US$48.808,07 em 15 de dezembro, um ganho de mais de 68%.
Fonte: Barchart
O Ethereum, vice-líder entre as criptomoedas, saiu de US$738,912 em 31 de dezembro de 2020, para US$4.010,391 em 15 de dezembro de 2021. Depois de subir cinco vezes mais, o Ethereum registrou melhor desempenho que o Bitcoin, e ambas superaram o ouro como reserva de valor e ativo de crescimento em 2021.
Ouro teve desempenho abaixo de outras commodities
Em 15 de dezembro, o ouro e outros metais preciosos não mantiveram o mesmo ritmo de várias outras commodities líderes em 2021:
Alguns dos outros mercados líderes de commodities tiveram um ano melhor em 2021:
- O petróleo subiu 48%
- O gás natural subiu 50%
- O cobre avançou 20,8%
- O milho teve um ganho de 20,7%
- O trigo se valorizou 17,8%
- O açúcar subiu 24,1%
- O café avançou 86%
Os metais preciosos perderam seu brilho em 2021, depois de um 2020 altista. O ouro foi a primeira commodity a atingir nova máxima histórica em 2020. O mercado do ouro corrigiu, consolidou-se e digeriu os ganhos do ano passado neste ano.
Três razões para 2022 ser um ano mais precioso para o metal
Correções em bull markets podem ser dramáticas, abalando a confiança até mesmo dos “touros” mais convictos. Três fatores dão suporte ao ouro a poucas semanas de entrarmos em 2022:
- A inflação está disparando, e os bancos centrais estão atrás da curva ao tentar solucionar a condição econômica. O ouro tende a se beneficiar de espirais inflacionárias.
- Os bancos centrais e governos continuam sendo compradores líquidos de ouro, aumentando suas reservas. O setor oficial valida o papel do ouro no sistema financeiro global, na medida em que mantém o metal como parte integrante de reservas de câmbio internacional.
- Toda correção significativa no ouro foi uma oportunidade de compra neste século. O ouro atingiu o fundo em 1999 quando o Reino Unido vendeu metade das suas reservas. Desde que foi negociado ao nível de US$252,50 em agosto de 1999, o ouro registrou mínimas e máximas ascendentes.
Ao nível de US$1780 em 15 de dezembro, o ouro pode estar em baixa no ano, mas sua forço certamente não se esgotou. O metal amarelo está mais perto das máximas do que das mínimas deste século. Ele continua bem acima do seu nível de suporte técnico de longo prazo.
Fonte: CQG
O suporte técnico de médio prazo está na mínima de março de 2021 a US$1673,30. No entanto, o nível crítico de suporte está na mínima de março de 2020, em US$1450,90. O ponto intermediário entre a mínima de março e a máxima de agosto de 2020 é US$1756,95 por onça, abaixo de onde se encontra o preço em 15 de dezembro.
Os desafios para o ouro no próximo ano
A elevação das taxas de juros e um dólar forte representam os maiores desafios para o ouro e outros metais preciosos em 2022. O Fed disse aos mercados que acelerará o ritmo de desmontagem do seu programa de flexibilização quantitativa, o que favorece a moeda americana. A reação instintiva foi vender ouro, já que custa mais carregá-lo e o metal deve subir em comparação com outras moedas à medida que o dólar se valoriza. No entanto, dois fatores podem provocar uma reação oposta:
- As taxas de juros reais referem-se às taxas nominais menos a inflação. Os juros reais nos EUA continuam em território negativo, considerando a leitura mais recente do índice de preços ao consumidor (IPC), que é de 6,8%.
- A alta do dólar é uma miragem, já que todas as moedas fiduciárias estão perdendo valor. Os mercados cambiais só medem os instrumentos de câmbio em comparação com pares de moedas. Quando consideramos o poder de compra, a inflação deteriora o valor de todas as moedas, inclusive do dólar.
Eu estou otimista com o ouro em 2022. Um movimento abaixo do nível de US$1450,90 alteraria essa visão do ponto de vista técnico. O ouro atua como meio de troca desde antes dos tempos bíblicos e as criptos surgiram há um pouco mais de uma década. Embora a emergente classe de ativos tenha gerado retornos incríveis, os governos do mundo não são fãs das moedas digitais, na medida em que representam uma ameaça ao seu controle da oferta monetária, um fator crítico de poder.
Além disso, enquanto a política monetária deve sofrer um aperto, os trilhões de liquidez em estímulo fiscal desde o início de 2020 fazem com que o enfrentamento da inflação seja ainda mais difícil. O ouro pode sofrer pressão de venda com a mudança de comportamento do Fed, mas eu acredito que preços menores criarão uma brilhante oportunidade de compra no futuro. O ouro não caiu na graça dos investidores e traders no fim de 2021, o que pode ser uma razão perfeita para um rali em 2022 e nos próximos anos. A faixa de negociação do ouro em 2020 foi US$612,10; em 2021, foi de US$289,20, evidenciando que o metal se consolidou neste ano.