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2022: “O Sarrafo Está Baixo” no Mercado Financeiro

Publicado 12.01.2022, 10:49
Atualizado 09.07.2023, 07:32
IBOV
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O cenário político/econômico acalmou um pouco em dezembro e permitiu uma recuperação das ações, ainda em um ambiente de instabilidade e baixa confiança. O Ibovespa encerrou o mês com alta de +2,85% após ter atingido alta de quase 7,50% em meados do mês. 

Conforme eu alertei em outros artigos, o ano de 2021 foi muito difícil para os mercados financeiros no Brasil, a despeito do bom desempenho da economia real. Partimos de um cenário muito otimista para a economia que foi se deteriorando continuamente ao longo dos meses, traduzido em uma inflação muito mais alta do que a esperada e como consequência taxas de juros também mais altas.

O governo praticamente abandonou o plano econômico liberal e passou a atuar na base do improviso na economia, que teve o seu auge na propositura da PEC dos Precatórios, que na prática rompeu o teto de gastos em vigor desde 2016 e quebrou a relação de confiança com o mercado financeiro. 

A partir desse momento (junho/21), o mercado de ações entrou em um movimento de queda contínuo até o final do ano, com pequenos períodos de recuperação. 

As expectativas dos investidores para 2022 são muito baixas (“o sarrafo está baixo”). O fato de entrarmos no último ano do governo praticamente inviabiliza votações importantes no Congresso para avançar em reformas necessárias. 

Tal qual o segundo semestre de 2021, deveremos ter decisões na economia baseadas no improviso e com potencial de resultados de curto prazo (eleições), o que não agradou o mercado e dificulta a atração de novos recursos para ações. 

No ambiente internacional, a situação também é delicada uma vez que deveremos ter uma política mais contracionista nas economias desenvolvidas, via aumento de juros e redução de liquidez, com o objetivo de controlar a inflação, algo que já ocorre no Brasil desde março/21. 

Por outro lado, vemos preços das ações em patamares baixos e aparentemente ajustados a esse cenário pouco favorável. 

Assim, surpresas positivas em relação ao cenário podem gerar impactos positivos pontuais aos preços das ações, uma vez que os aspectos negativos parecem “precificados”.

Exemplos de surpresas positivas que devemos nos atentar: redução mais rápida do que o esperado da inflação, com impactos nos juros; sucesso na tentativa de capitalização/privatização da Eletrobrás; possibilidade de vitória de um projeto de economia liberal ao longo da disputa que se encerra ao final do ano, essa sim uma surpresa bombástica e com reflexos positivos não apenas de curto prazo. 

Dessa forma, vemos o mercado de ações direcionando recursos para aquelas empresas com desempenho operacional consistente e resiliente, com modelos de negócios robustos já testados e que reagirão positivamente no caso das “surpresas positivas” e com risco de queda baixo.    

Ações de negócios com projetos mais arriscados, muito dependentes de crescimento acelerado, tendem a ser deixadas de lado temporariamente, ainda que atraentes em termos de preço. 

Nesse ambiente em que nem todas as ações terão bom desempenho no ano, teremos que ser muito seletivos e assertivos nas escolhas para atingir resultados adequados. 

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