O ano de 2022 se encerra com muitos desafios superados e tantos outros a serem vencidos pelos produtores de café, pelas cooperativas e associações cafeeiras do Brasil. O aumento do preço do café no mercado comprador internacional no final de 2021 e nos meses de julho, agosto e setembro deste ano, trouxe a expectativa de que os valores chegariam a patamares ainda mais altos, o que não foi alcançado. Encerramos o ano com uma queda significativa nas cotações. No entanto, com uma safra anunciada pela Conab no dia 15 de dezembro, de um volume muito inferior ao que o mercado especula, há uma expectativa de remuneração mais justa ao cafeicultor.
Outro problema vivido pelo produtor foi a incapacidade de cumprir os compromissos de entrega do café de venda futura, em razão das adversidades climáticas como seca e geadas, que continuaram assolando os cafezais comprometendo os volumes a serem colhidos.
Esse fato trouxe inúmeras dificuldades para as cooperativas e associações que tiveram que se desdobrar para conseguir dar suporte aos seus cooperados, pois eles já vinham de um custo de produção elevado e, com baixa produção, a situação se alarmou. Os cafeicultores que aproveitaram a reação do mercado e venderam no momento correto obtiveram sucesso no ano que se finda, mas poucos tiveram essa visão.
Além disso, a queda de produção das últimas safras nos países produtores deixa o mundo com um dos menores estoques de passagem já registrados. Mas, a demanda esteve em baixa em razão da guerra entre Ucrânia e Rússia, já que o mercado europeu é grande consumidor e tem feito fortes investimentos neste conflito.
No entanto, na atual conjuntura, a especulação fica ainda mais latente pelo fato de que o preço do café fica vinculado às informações do volume mundial de produção com grande oscilação na Bolsa, fazendo com que os preços não se estabilizem no mercado. Isso está longe de ser o ideal, pois dá margens ao agente especulador, fazendo com que os preços fiquem aviltados.
O Conselho Nacional do Café está trabalhando diuturnamente para que as informações especulativas sejam combatidas, visto que algumas empresas privadas apontam super safras nos próximos anos, e todos nós que vivemos a cafeicultura somos conscientes de que isso não ocorrerá. As chuvas de granizo prejudicaram muitas lavouras, principalmente no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas, os dois maiores produtores de café do Brasil, impactando as próximas safras, que não estão definidas, visto depender da regularidade climática nos meses de janeiro e fevereiro, principalmente, época da definição do volume a ser colhido.
Assim, reiteramos a importância do trabalho do CNC em ser o defensor do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), pois ele é o “banco do produtor” e nos dá aporte necessário em todas as linhas fundamentais, do cultivo à comercialização, perpassando pela pesquisa e tecnologia, para que não fiquemos mais à mercê da volatilidade de preços, buscando renda próspera e permanente na atividade.
Mas, o ano de 2022 não foi apenas de dificuldades. Tivemos avanços sólidos para a cafeicultura brasileira com uma contribuição ativa no superávit da balança comercial sendo, pela ordem, o quarto produto em volume, e registramos conquistas fundamentais nos aspectos sociais, econômicos e ambientais. O Conselho Nacional do Café, braço operacional da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), trabalhou na defesa constante das cooperativas, associações e cafeicultores.