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2021: O Ano Que Teima em Não Começar

Publicado 04.01.2021, 17:08
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Levou o que parecia uma eternidade, mas já “chegou” o ano que vai demorar a começar, como se houvesse uma tecla “pausa” que nos fizesse parar no tempo, à espera de um outro tempo.

Antes de prosseguir, aconselho vivamente a reler ou a conhecer o que dissemos há um ano, para que aquilo que vamos agora dizer não fique sem o seu devido contexto.

Já leu?, Então pode-se dizer que nem o mais delirante roteiro de cinema seria capaz de inventar toda a série de acontecimentos que se desenrolaram, sobretudo a partir de Fevereiro de 2020. Não me refiro à pandemia “per si”, mas em relação ao desencadear de eventos que se sucederam ao longo dos meses e que condicionaram (e vão condicionar) o mundo em todos os setores, com enorme destaque para a Economia e para a esfera financeira global.

Nunca tive a menor dúvida que esta década seria complexa, como descrevi há um ano, mas a ideia passava por momentos de euforia, seguidos por crises, por enormes transformações que iriam condicionar o futuro. Acreditava num reviver dos “roaring twenties”, mas também em novos colapsos na Economia, alavancada por uma extrema liquidez, portanto capaz de levar a excessos já vistos no passado. Acreditava em enormes possibilidades, mas também em renovadas dificuldades. Em caso algum, seria capaz de imaginar um vírus que acabaria por nos levar a “embaralhar e dar de novo”.

Assim, em vez de uma ou várias crises ao longo da década, ou mesmo de uma enorme crise lá mais para a frente, a década começa logo muito mal para as sociedades como um todo, com pouquíssimas exceções. Em vez de problemas que poderiam surgir ou não no futuro, vimo-nos confrontados com a maior de todas as contrações económicas. Para uns, algo nunca visto. Para outros, é o maior problema em muitas décadas. Em qualquer caso, já é a maior crise do século XXI. Mais importante que tudo é o facto de não se tratar de uma crise com origem na Economia ou nos mercados financeiros ou ambos, mas sim de uma crise de saúde pública com ramificações em todos os setores da sociedade, com consequências imediatas e, seguramente, prolongadas nas economias, nas sociedades em todo o mundo.

Sendo assim, quem acompanha, quem vive os mercados ou mesmo, parcial ou integralmente dos mercados, até não tem muito a se queixar, pelo menos até agora, pelas razões sobejamente conhecidas. Se nos últimos anos falávamos com um forte sentido crítico no maior experimentalismo da esfera financeira global de que há memória, agora, por via de todas as razões, não podemos deixar de assinalar com choque e espanto que afinal, tudo o que os Bancos Centrais haviam feito até esta crise, não passa de uma brincadeira de crianças em comparação com aquilo a que assistimos agora e, mais importante, com o que virá no futuro. Sim, todas estas decisões vão perdurar por muitos anos, com consequências ainda desconhecidas, como sempre é inevitável em todo e qualquer experimentalismo sem semelhante exemplo no passado.

Não é de admirar o que se passou nos mercados, sobretudo nos últimos seis meses, tendo em conta as ações tomadas pelas autoridades monetárias, sem falar nos aumentos de gastos por parte dos principais Governos.

O corrente ano vai ser completamente condicionado pelos acontecimentos do ano anterior. Pode-se dizer que não ficaremos por aqui pois os próximos anos ainda serão para “lamber as feridas”. De repente, tudo ficou em suspenso, desde decisões de foro pessoal até a iniciativas coletivas. Empresas desapareceram, outras floresceram, mas o balanço é negativo, como se vê pela enorme queda do PIB global. É como se vivêssemos uma guerra mundial sem balas, sem munição.

Falar do futuro passou a ser falar de dúvidas, angústias e, sobretudo, incógnitas. Sabemos que sairemos deste buraco, mas não sabemos o que virá depois. O chamado “normal” voltará, mais trimestre, menos trimestre. Até nos arriscamos a dizer que muito do que se passava antes voltará a ser o que era como se nada tivesse acontecido. Mas ainda não sabemos quais das mudanças atuais ficarão entre nós nem sequer sabemos quem cá ficará e a fazer o quê. Quais os Governos, quais as instituições que vão sobreviver. Quais as empresas, os empresários, os funcionários que vão permanecer como antes?

É precisamente por causa destas dúvidas e por causa da urgência em mitigar estes problemas que foram tomadas as decisões que vimos por todo o lado. Desde ajudas diretas ao emprego ou aos novos desempregados, ajudas à caixa das empresas, alívios fiscais, enfim, ajudas de toda a espécie conforme a região do mundo, mas sempre com um fio condutor em comum: impedir o colapso económico, ganhando o tempo necessário para a resolução do problema. A grande questão em relação a esta estratégia, é que a mesma se baseia na crença de que a crise está prestes a acabar, a mesma pode ser combatida principalmente com “dinheiro” fresco e que o problema do sobre-endividamento será algo para ser debatido e resolvido depois, em melhor ocasião.

Apesar da “bondade” deste tipo de estratégia, creio que há uma certa ingenuidade na mesma: como já se nota, as coisas vão piorar antes de melhorar. Ainda estamos numa situação de altos e baixos. Em qualquer caso, tudo continua a ser adiado. Quanto mais adiarmos as atividades, mais tempo devemos esperar por uma retoma e mais penosa será essa normalização com a qual sonhamos todos os dias. Há quem diga que a normalidade voltará daqui a um ano ou menos. Na Economia, daqui a dois ou três anos. Mas ninguém pode ter certezas disso, pelo que tudo pode ser apenas um exercício de “wishful thinking”. Em boa verdade, o que sabemos, é que o colapso só pode ser evitado pela extrema liquidez. Como disse, tudo o que a história nos ensinou não se compara ao momento presente. Mais de 30% de todos os Dólares norte-americanos, Euros, Francos Suíços, Libras Esterlinas alguma vez emitidos pelos respetivos Bancos Centrais foram-no desde o início de 2020. Como sempre, trata-se de uma enorme compra de ativos, com foco nas OT e outros títulos, só que desta vez, devido ao aumento brutal e inaudito de dívida, não resta outra solução que não seja o aumento correspondente da “moeda” que vai adquirir esses papéis no mercado secundário, influenciando a curva de rendimentos de modo a que os juros não subam, como deveria ocorrer normalmente perante tamanho aumento do endividamento. Não sendo uma fórmula inédita, muito longe disso, tem uma componente especial que é o tamanho destas intervenções. Mais: dado que se trata de dívida nova, emitida devido aos problemas relacionados com a pandemia, há um dado novo. Este novo “dinheiro” não ficará esterilizado muito tempo, vai mesmo entrar na economia real. Pela primeira vez, poderemos ter não só inflação de ativos de risco, como se viu até agora, mas também inflação generalizada de ativos, a qual poderá atingir os índices de preços ao produtor e, pior ainda, ao consumidor, o que levaria a um risco acrescido, que seria o aumento de preços em conjugação com uma estagnação económica. Este seria o pior cenário, mas não deverá ser o mais provável. É bem possível que as economias consigam retomar o crescimento, embora de uma forma pífia, mas com o fantasma da inflação a atingir certos bens, incluindo bens de primeira necessidade. Disso vai depender muito a evolução dos preços das “commodities”. Durante muitos anos, o pavor dos preços altos foi muito centrado na evolução do petróleo. Hoje, poderá ser uma miragem. Outras matérias-primas “adormecidas” poderão acordar, influenciando esse cenário de elevação dos preços. Por outro lado, se as economias não surpreenderem pela positiva, os mercados poderão retrair, anulando esse efeito de inflação.

Este cenário, não sendo de desprezar, não é o mais provável. Mas como falar em probabilidades no meio de tamanhas incertezas?

O mercado acionista pode até continuar a sua saga de máximos em tempo de crise, mas os riscos aumentariam nesse cenário, pois a sua sustentação seria apenas devido à “impressão” de novo “dinheiro” e já não devido à perspetiva de uma boa evolução dos lucros das empresas. Há quem acredite na continuação da tendência atual dos mercados, até com maior euforia, ao qual se seguiria uma crise na esfera financeira global.

Em qualquer caso, há que redobrar a atenção: para muitos, os mercados voltaram a ser um casino. Isso não augura nada de bom, pois esse tipo de estabelecimento não costuma perder. Agora, o casino tem um novo jogo para a “clientela”, a qual está aderindo em massa ao dito. Trata-se do Bitcoin e seus congéneres. Acredito que é algo de futuro, é viável, no mínimo seria um novo tipo de “commodity”. Mas do jeito que está a ser negociado, olhando para a volatilidade e ação de preços, já não é o mesmo ativo que era até 2017/8. É algo que entrou na cultura popular, nas conversas (e nas compras) do povo “popular” e até nos rodapés dos canais de informação de TV. Sabemos como isso acaba, só não sabemos quando.

Mais uma vez, há que ficar de olho vivo, com atenção redobrada a tudo o que se passa.

Para já, por esses dias, mais do que entrar em 2021, o que queremos é sair de 2020, o ano que teima em não nos deixar.

 

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