Será um ano de recuperação, sem dúvidas. A principal variável para a recuperação econômica já está acontecendo - pelo menos em outros países - e é a vacinação.
Com a vacinação, que deve permitir afrouxamento no distanciamento social na segunda metade do ano, teremos a volta mais forte de setores que foram destruídos pela pandemia.
O setor de serviços será um dos maiores beneficiados, a dar a volta por cima em 2021, com a volta das viagens, dos restaurantes e da nossa vida normal.
A volta dos serviços não é pouca coisa. Este setor é o maior empregador de grandes cidades e sua recuperação trará consigo a volta do emprego.
Para se ter uma ideia, o número de pessoas sem emprego e que desistiram de procurar um pela crise, desalentadas, atingiu patamares sem precedentes no Brasil durante a pandemia e a retomada do setor de serviços fará, portanto, o desemprego diminuir.
Mas nada disso acontecerá num toque de mágica, isto tudo depende da vacinação que, por enquanto está atrasada no Brasil em relação a outros países. Por isso a ansiedade, autoridades.
Falando em outros países, a China - único país que não teve queda no PIB em 2020 dentre as maiores potências, continua seu crescimento pujante e vem levando consigo a demanda por comodities e fazendo que preços de algumas, como o do minério de ferro ir para as alturas, levando consigo a valorização de ações da Vale (SA:VALE3), por exemplo.
Há quem diga que a continuidade de juros reais negativos combinado com a recuperação das economias pós pandemia, investimentos em infraestrutura para impulsionar empregos e fluxo de liquidez financeira empurrado para ativos reais, ensejará em um novo super ciclo das commodities, dado que o último pico dos preços aconteceu há mais de 10 anos.
Falando de juros reais negativos, acredito que nenhum economista acreditaria, se visse o futuro em uma bola de cristal há alguns anos atrás, que o mundo conviveria com juros tão baixos e inflação comportada por tanto tempo.
As teorias econômicas clássicas refutariam a tese, mas talvez estas não dessem um peso tão alto para o fator tecnologia, que mudou drasticamente a forma como vivemos.
A tecnologia deve mudar ainda mais nossa forma de viver daqui pra frente, com o impulso que ganhou na pandemia – vendas online anteciparam 3 anos de crescimento e a migração de pessoas para a bolsa também – e com outros que vem por aí, como o 5G.
Mudanças estruturais, como tecnologia e financial deepening - com a sofisticação da carteira de investimentos das pessoas físicas – devem aumentar cada vez mais.
Além disso, os bancos centrais aprenderam com a crise do subprime americano em 2008 que quanto mais rápido e intenso o remédio, mais rápida a recuperação do paciente economia.
Assim, aplicaram uma dose cavalar de estímulos em 2020, que fez a liquidez no mundo atingir recordes, levando consigo as bolsas.
Nunca se viu um paciente doente pular da cama tão rápido, dando um salto olímpico, como foi o caso das bolsas mundiais em 2020, incluindo a nossa.
Mas a volta das viagens, do turismo, do emprego e da renda, traz consigo um possível vilão, que já anda nos rondando: A inflação. E é aqui que fica meu conselho para onde você deve olhar em 2021.
Para a equação juros baixos, estímulos nas alturas e com isso, bolsas, commodities e até criptomoedas em alta continuarem, é preciso que a inflação se mantenha baixa, para que não seja necessário uma reversão nos estímulos, ou seja, uma alta de juros.
Aqui no Brasil. O IGP-M já teve alta de mais de 20% nos últimos 12 meses, puxado pelas commodities e preços no atacado, dado que preços de serviços – sem terem demanda – estavam no chão e seguraram o IPCA.
O retorno do setor de serviços, pode acordar esse gigante chamado inflação, que nos amedrontou por praticamente toda nossa história.
As reformas estruturais, administrativa, tributária, são mandatórias para colocar nossa situação fiscal na rota de correção, bem como o respeito ao teto dos gastos, e ajudar a segurar o câmbio, a inflação e os juros.
Inflação e reformas serão a chave para desvendar os mercados brasileiros em 2021. Fique atento a isso.
No mais, estamos falando de mercados, e como vocês viram em 2020, tudo pode mudar em um piscar de olhos.
Por isso, além do olhar macro, não esqueça de atentar-se aos fundamentos das empresas e investir naquelas que vão superar qualquer cenário no longo prazo.
Bom 2021 para você e para mim, que seja um ano mais próspero que 2020, eu acho que não será tão difícil, e você, o que acha?