Existem alguns períodos na história econômica e social de determinados países que podem mudar para sempre o curso para qual o país se guiará, podendo transformá-lo em uma grande potência figurante no hall de maiores economias. Foi dada ao Brasil essa oportunidade na última década, quando o cenário global se voltou com a atenção sob os países chamados Emergentes, ou seja, aqueles com grande potencial econômico. Repito, potencial. Hoje olhando para trás, onde até 2010 parecíamos estar na crista da onda em um momento de invencibilidade, sabemos hoje que fomos pegos de calças curtas quando a maré baixou, o que parecia uma mera marola se tornou um tsunami e nos encontramos agora, para continuar nas metáforas envolvendo termos marítimos, na ressaca de uma crise.
Com um gosto amargo na boca de “poderia ter sido mais”, hoje o país encontra-se em um pesado momento pós-crise, com um desemprego em alta, investimentos em baixa, produtividade minguante e índices que apontam alguma recuperação, mas ainda sim a passos de tartaruga. Para piorar, temos os países de “primeiro mundo” com suas economias se fortalecendo e apresentando melhora em seus números com dados positivos e índices que traduzem confiança em perspectivas positivas, tais como os PMIs europeus que indicam uma forte confiança em suas economias, além de contínuas reformas como a Reforma Fiscal norte americana, que tende a resgatar investimentos para os EUA, aliada ao movimento de alta nos juros pelo FED.
Sendo assim, a que tudo indica, teremos no ano de 2018 novos personagens principais no cenário econômico mundial com o protagonismo se voltando aos países de economia mais consolidada e menos aos emergentes (salvo a China com seu crescimento ainda impressionante), dado principalmente ao clima de estabilidade e principalmente positivismo para o desenvolvimento destas economias, enquanto que investidores mundiais evitarão maior exposição em países como o nosso que de quebra passará por um de seus momentos mais instáveis politicamente, onde enfrentaremos uma eleição presidencial que determinará o continuísmo das reformas iniciadas na era Temer, ou então retrocederá tais reformas frente o caráter populista e antirreformas que domina hoje a maior parte dos candidatos em disputa.
Como estratégia a fim de tentar passar ileso pela turbulência que só uma eleição pode trazer, a dica é alocar menor percentual da carteira de investimentos em ativos em bolsa, dado que estes variam bruscamente em períodos em que manchetes de jornais podem derrubar fortemente determinados papéis e/ou setores. Caso haja a ânsia de alguma exposição à bolsa, é recomendado que o investidor se posicione em setores que possam surfar dados econômicos positivos mais certeiros como, por exemplo, o setor de varejo (LAME4 (SA:LAME4), BTOW3 (SA:BTOW3), MGLU3 (SA:MGLU3), VVAR11 (SA:VVAR11)) que tende a apresentar resultados fortes no seu 4Tri/2017 com números vindos de vendas de eventos como o Natal e a Black Friday em topos históricos. Por outro lado, estatais serão os papéis a se evitar com maior risco nesta corrida eleitoral do ano que vem caso as pesquisas demonstrem candidatos mais intervencionistas em posições de vitória, o que traz risco para investidores por conta disso, devendo as estatais figurar em menor quantidade de carteiras recomendadas em 2018. E se o ideal é fugir de risco, recomenda-se ainda alocar uma parte substancial da carteira em ativos que tenham como benchmarking a inflação futura (IPCA, IGP) e a curva de juros futuros, ambos beneficiados em casos de presidenciáveis “anti-mercado” vencendo nas urnas, além de alocação no já conhecido antídoto de instabilidade nacional, o dólar, projetado para próximo dos R$ 4,00 em eventual derrota de um candidato centrista.