Wall Street vem prestando atenção ao “reflation trade”, ou operação de reflação, expressão usada de certa forma com pouco rigor em 2021. As políticas de reflação ocorrem após um período de contração econômica. Economistas destacam que:
“A flexibilização monetária via bancos centrais é um método; o outro é o estímulo fiscal e maiores gastos governamentais, a fim de combater as pressões deflacionárias e alçar a economia”.
O estímulo econômico gerado pelo investimento na geração de empregos, infraestrutura e políticas específicas por parte do Federal Reserve, como a flexibilização quantitativa, são esforços de reflação econômica nos EUA. Desde o início da pandemia, em 2020, muitos outros países deram passos similares para reflacionar suas economias deflacionadas e fazê-las funcionar bem de novo.
Quando a inflação surge após o fundo de um ciclo econômico, temos a reflação, já que os preços deprimidos começam a se recuperar. Além disso, vemos um crescimento no emprego e nos salários. Por isso, uma operação de reflação envolve a crença de que certos segmentos do mercado podem performar melhor, assim que a economia se recuperar e “normalizar”.
Wall Street tem debatido sobre quais indústrias e ações devem se beneficiar mais se a operação de reflação tomar forma nas próximas semanas. A expectativa é que as ações de valor e commodities, mineradoras, instituições financeiras, mercado imobiliário e empresas de infraestrutura tenham bons resultados.
A KKR & Co, por exemplo, gigante do private equity, sugere:
“Compre quem forma preços e evite quem aceita preços.... Sugerimos aumentar posições em infraestrutura, mercado imobiliário e finanças baseadas em ativos. Em termos de ações globais, estamos otimistas com Europa, Japão e ações de pequena e média capitalização nos EUA, além de alguns mercados emergentes."
A KKR também assinala que os investidores devem evitar “ações populares com valuations elevados”.
Evidentemente, nem todos em Wall Street necessariamente concordam com as visões da KKR. E essa diferença de opinião é o que dá dinâmica ao mercado.
De posse dessas informações, apresentamos hoje dois fundos negociados em bolsa (ETFs) que podem registrar ganhos robustos em 2022.
1. Invesco S&P MidCap 400 Pure Value
- Preço atual: US$93,60
- Média de 52 semanas: US$ 30,13 - 99,71
- Retorno do dividendo (Yield): 1,23%
- Taxa de administração: 0,35% ao ano
O fundo Invesco S&P MidCap 400® Pure Value (NYSE:RFV) investe em ações de média capitalização nos EUA, com base no índice S&P Midcap 400. Seus gestores avaliam as empresas levando em conta seus fundamentos, como múltiplos de preço-lucro, preço-vendas e preço-valor contábil.
O RFV possui 100 participações e começou a ser negociado em março de 2006. Em termos setoriais, temos finanças (36,12%), consumo discricionário (19,62%), tecnologia da informação (10,40%) e indústria (9,95%) respectivamente. As 10 principais participações do fundo respondem por cerca de um quinto do seu patrimônio líquido de US$152,7 milhões.
Entre os principais nomes do seu portfólio estão: a seguradora Unum Group (NYSE:UNM) (SA:U1NM34); Navient (NASDAQ:NAVI), que fornece financiamento estudantil; a varejista automotiva AutoNation (NYSE:AN); Commercial Metals (NYSE:CMC), fabricante de aço e produtos metálicos; e a refinaria de petróleo HollyFrontier (NYSE:HFC) (SA:H1FC34).
Desde o início do ano, o ETF acumula alta de quase is e tocou sua máxima recorde no início de novembro. Os múltiplos de preço-lucro (P/L) e preço-valor contábil são de 10,30x e 1,29x, respectivamente. Os leitores interessados podem considerar recuos como oportunidades de compra. Acionistas de longo prazo também recebem dividendos.
2. Vanguard Value Index Fund ETF Shares
- Preço atual: US$ 143.78
- Média de 52 semanas: US$ 116,08- 145,80
- Retorno do dividendo (Yield): 2,11%
- Taxa de administração: 0,04% por ano
O fundo Vanguard Value Index Fund ETF Shares (NYSE:VTV) investe em ações dos EUA que também possuem bons fundamentos. O fundo começou a ser negociado em janeiro de 2004 e seu patrimônio líquido é de US$134,4 bilhões.
O VTV possui 347 participações e rastreia o índice CRSP US Large Cap Value. O setor financeiro tem a maior participação, com 22,50%. Em seguida vem saúde (18,40%), indústria (14,20%) e bens de consumo básico (9,70%). Os 10 principais nomes do fundo respondem por 20% do seu patrimônio.
Entre os principais nomes da sua carteira estão Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa) (NYSE:BRKb)), de Warren Buffett; os bancos JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34) e Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34); a seguradora de saúde UnitedHealth Group (NYSE:UNH) (SA:UNHH34); a gigante farmacêutica Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) (SA:JNJB34); e a petrolífera Exxon Mobil (NYSE:XOM) (SA:EXXO34).
Desde o início do ano, o ETF acumula alta de 21,4% e tocou sua máxima histórica em meados de novembro. Os múltiplos de preço-lucro e preço-valor contábil são 17,3x e 2,7x. O VTV se torna uma boa compra em torno de US$140.