O gás natural registra um dos melhores desempenhos entre as commodities no ano. Os ventos favoráveis vêm do conflito na Ucrânia, do clima frio nos EUA e da diminuição dos níveis de estoque da commodity energética.
Enquanto escrevemos, o gás natural é negociado a US$ 7, aproximadamente 4% abaixo das máximas plurianuais vistas recentemente. Enquanto isso, o índice S&P GSCI Natural Gas, que rastreia o desempenho do produto, subiu cerca de 93% desde janeiro e 140% nos últimos 12 meses.
Métricas recentes fornecidas pelo Fórum dos Países Exportadores de Gás indicam:
“A participação do gás natural no mix de energia aumentará de 23% atualmente para 27% em 2050.”
Portanto, apesar da sua recente valorização, as perspectivas de demanda para a commodity no longo prazo continuam vigorosas. No entanto, o preço do gás natural também está suscetível a ventos contrários de curto prazo, como clima, economia, políticas governamentais e vários desequilíbrios de oferta e demanda.
O setor de energia elétrica, por exemplo, é fortemente dependente do gás natural nos EUA. Portanto, o uso generalizado de condicionadores de ar pode aumentar a demanda pela commodity nos meses de verão local.
A China é o maior país importador de gás natural e seu maior fornecedor é a Austrália. No entanto, o aumento de casos de Covid-19 no país asiático diminuiu recentemente sua demanda.
Por fim, a invasão da Rússia na Ucrânia está gerando ainda mais incerteza em relação ao cenário de oferta e demanda de commodities. Em outras palavras, a volatilidade dos preços do gás natural deve continuar nas próximas semanas.
No artigo de hoje, discutimos dois produtos negociados em bolsa que podem interessar a investidores que desejam “energizar” suas carteiras com ativos ligados ao gás natural.
1. Fundo United States Natural Gas
- Preço atual (USD): 23,82
- Média de 52 semanas: 10,25 - 28,15
- Taxa de administração: 1,35% por ano
Começamos nossa discussão com o fundo United States Natural Gas (NYSE:UNG), que investe principalmente em contratos futuros do gás natural. O fundo fornece acesso direto aos preços do produto entregue no centro de distribuição de Henry, em Louisiana, através de derivativos. Ele foi listado em abril de 2007 e tem patrimônio de US$421,4 milhões.
Os contratos futuros investidos são negociados na Bolsa Mercantil de Nova York, a NYMEX. Cerca de duas semanas antes da sua expiração, o fundo faz a rolagem dos contratos para o próximo mês, a fim de manter a exposição ao derivativo.
O UNG entregou um retorno de 90,7% até agora no ano e de 136,7% nos últimos 12 meses. Os leitores interessados devem se lembrar de que os fundos baseados em derivados podem sofrer de um fenômeno chamado “contango”, que gera perdas com a rolagem dos contratos. Assim, um fundo como o UNG é mais apropriado para investidores de curto prazo.
2. ETF First Trust Natural Gas
- Preço atual (USD): 23,76
- Média de 52 semanas: 12,10 - 27,18
- Retorno do dividendo (Yield): 1,59%
- Taxa de administração: 0,60% por ano
Nosso próximo fundo é o First Trust Natural Gas (NYSE:FCG). Ele investe em empresas que obtêm grande parte da sua receita da comercialização do gás natural. O fundo começou a ser negociado em maio de 2007 e possui um patrimônio de US$ 726 milhões.
O FCG possui 44 participações e rastreia os retornos do índice ISE-Revere Natural Gas. Cerca de 40% da carteira está alocada nas 10 principais ações de energia.
Entre os destaques do seu portfólio podemos citar: EQT (NYSE:EQT), Occidental Petroleum (NYSE:OXY) (SA:OXYP34), DCP Midstream (NYSE:DCP), Western Midstream Partners (NYSE:WES), Antero Resources (NYSE:AR) e Coterra Energy (NYSE:CTRA).
O FCG, que atingiu uma máxima plurianual recentemente, acumula alta de 38,3% no ano. Os múltiplos de preço-lucro e preço-valor patrimonial são de 11,63x e 1,97x, respectivamente.
Nossa expectativa é que os preços do gás continuem fortes no longo prazo. Por isso, os leitores interessados podem considerar alocar parte da sua carteira de longo prazo em um ETF como o FCG.