Depois de anos em queda, os preços das commodities entraram em contínua tendência de alta há mais de um ano. E a guerra da Rússia na Ucrânia deixou a situação ainda mais dramática, já que as cadeias globais de fornecimento e produção dependem das matérias-primas e da energia fornecidas por ambos os países.
Enquanto escrevíamos este artigo na quinta-feira, o barril de petróleo do tipo Brent era negociado perto de US$120, ao passo que o barril de WTI seguia em direção a US$117. Enquanto isso, os investidores e consumidores estão atentos aos preços dos alimentos, na medida em que os dois países também são grandes exportadores de grãos, como trigo e milho.
Recentemente cobrimos dois fundos negociados em bolsa (ETFs) focados no setor de commodities agrícolas. Hoje, vamos analisar outros dois fundos que podem interessar aos leitores interessados no atual bull market em recursos naturais.
1. SPDR S&P Global Natural Resources
- Preço atual (USD): 59,70
- Média de 52 semanas: 48,58 - 60,27
- Retorno do dividendo (Yield): 3,19%
- Taxa de administração: 0,40% por ano
Nosso primeiro fundo, o SPDR® S&P Global Natural Resources (NYSE:GNR), investe em empresas de grande capitalização do setor agrícola e do mercado de energia, materiais, metais e mineração. O fundo começou a ser negociado em setembro de 2010.
O GNR possui 92 participações e rastreia o índice de recursos naturais S&P Global Natural Resources. As 10 principais participações respondem por quase 35% do seu patrimônio de US$2,68 bilhões. Cerca de um terço das empresas estão sediadas nos EUA. Em seguida temos Reino Unido, Canadá, Austrália, Brasil, Finlândia, entre outros países.
Em termos subsetoriais, temos materiais (61,79%), energia (32,13%) e produtos básicos de consumo (4,67%). Dessa forma, os preços dos recursos naturais, a dinâmica de oferta e demanda e a atividade industrial afetam as oscilações de preços no fundo.
Entre os destaques da sua carteira estão: o grupo canadense de fertilizantes Nutrien (NYSE:NTR); as petrolíferas Exxon Mobil (NYSE:XOM) (SA:EXXO34) e Chevron (NYSE:CVX) ; o gigante da mineração e energia BHP Group (LON:BHPB) (NYSE:BHP); e a mineradora de cobre e ouro Freeport-McMoRan (NYSE:FCX) (SA:FCXO34).
O GNR acumula alta de mais de 19% nos últimos 12 meses, e mais de 10,6% desde o início do ano. O fundo tocou sua máxima plurianual no início de fevereiro. Seu preço atual dá suporte a um rendimento de quase 3,2%.
Os múltiplos de preço-lucro e preço-valor contábil são de 9,42x e 1,87x. Gostamos da grande diversificação do fundo e acreditamos que ele mereça sua atenção.
2. VanEck Vectors Rare Earth/Strategic Metals
- Preço atual (USD): 110,69
- Variação nas últimas 52 semanas: 67,01 - 126,01
- Retorno do dividendo (Yield): 5,42%
- Taxa de administração: 0,59% por ano
Continuamos nossa discussão de ETFs com foco nos elementos de terras-raras. De acordo com o Escritório Parlamentar de Ciência e Tecnologia do Reino Unido, esses elementos:
“Geralmente incluem quinze lantanídeos na tabela periódica, além de escândio e ítrio, além de serem amplamente usados em produtos de alta tecnologia e de baixa emissão de carbono. Atualmente, a demanda global está aumentando, e há preocupações com sua futura disponibilidade”.
A China domina o mercado de terras-raras em termos de reservas e produção. Outros países que se destacam em reservas são Vietnã, Brasil, Rússia, Índia e Austrália. Os EUA possuem grandes quantidades de terras-raras não exploradas, mas preferem atender a maior parte das suas necessidades por meio de importações da China.
O fundo VanEck Rare Earth/Strategic Metals (NYSE:REMX) investe em empresas globais que produzem, refinam ou reciclam metais e minerais raros e estratégicos. O fundo foi listado em outubro de 2010.
O REMX possui 20 participações e rastreia o índice de metais e terras-raras MVIS Global Rare Earth/Strategic Metals. As empresas australianas têm maior parcela de participação no seu portfólio, com 42,62%. Em seguida vem China, EUA, Canadá, Holanda e França.
O patrimônio do fundo supera a US$980 milhões, sendo que as dez maiores participações respondem por mais de 60% desse número. Entre os destaques da sua carteira estão: as australianas Pilbara Minerals (ASX:PLS) e Lynas Rare Earths (ASX:LYC), que também tem operações na Malásia; as chinesa Ganfeng Lithium (OTC:GNENF) e Zhejiang Huayou Cobalt (SS:603799), e Tronox (NYSE:TROX), que fabrica produtos de titânio.
Investidores de longo prazo que acreditam que as preocupações geopolíticas possam favorecer o REMX podem pesquisar melhor sobre esse fundo. Nos últimos 12 meses, o fundo entregou um retorno de 25,9% e atingiu uma máxima plurianual no fim de novembro de 2021. Mas, desde o início do ano, o ETF registra queda 1,3%.