περίπλοκος…
Lembra do calendário grego?
Os caras têm menos de 20 dias para pagar US$ 1,6 bilhão para o FMI.
Mas têm cerca de 90 milhões de euros em caixa apenas…
Na próxima sexta, antes do happy hour, eles têm de honrar um vencimento importante com o fundo monetário…
Diante disso, há apenas três saídas:
a) a Grécia dá calote
b) os europeus começam a falar a mesma língua (grego) e chegam a um acordo
c) o que tem sido feito: na falta de dinheiro, imprime-se mais dinheiro
Mico (sqn) leão dourado
Além do vencimento da dívida grega, a próxima sexta-feira tem uma novidade e tanto por aqui…
Um IPO!
Bicho em extinção, não víamos um desses desde outubro do ano passado.
A Par Corretora, corretora de seguros da Caixa, seria privatização disfarçada de parte da Caixa? Ah, deixa pra lá...
O governo deve levantar em torno de R$ 600 milhões com essa oferta ao mercado, mas, mais do que isso, quer é testar os ânimos para voos (ofertas) bem maiores, como, possivelmente, o IPO da Caixa. Por enquanto, oferta-se o melhor e mais seguro - para o que é bom e não tão caro, há demanda vasta, em tempos de liquidez gigantesca lá fora.
Ooo abre-alas…
Incentivo para o governo, incentivo para o mercado.
A forte procura e o provável sucesso do IPO da Par pode estimular uma retomada seletiva das ofertas de ações na Bolsa brasileira daqui pra frente, na medida em que já temos diversas operações estruturadas, como exemplo: Azul (agora vai?), JBS Foods (agora vai?) e BR Distribuidora…
Todas elas procuram uma cobaia, para desbravar esse terreno inóspito, e assim driblar as tradicionais desculpas de "condições adversas de mercado”.
A última esperança da Oi
A esta altura do campeonato, tudo mundo já percebeu que a conta da Oi não fecha.
Ela queima caixa consistentemente, e faltam cerca de R$ 6 bilhões para endereçar a sua estrutura de capitais.
O governo mais uma vez colocará dinheiro na companhia?
Não achamos que seja o caso.
A esta mesma altura do campeonato, parece-me que um Petrobras 2 não cairia muito bem lá em Brasília.
O que resta?
Empurrar a Oi nos italianos, que, claro, também não são bobos e devem fazer uma série de exigências. E, claro, elas serão atendidas.
A alta das ações hoje, portanto, pode encontrar - denovo - fundamento em expectativas de consolidação setorial. É o que resta.
100 años de soledad
Falando em Petrobras…
Precisando de dinheiro como nunca, a estatal emitiu dívida, como sempre.
Mas, desta vez, é uma dívida com vencimento em 100 anos.
Petro fechou a captação de US$ 2,5 bilhões com as notas, que pagarão aos detentores juros de 8,45% ao ano.
Um juro desses, em dólar (moeda forte), com risco de governo, por 100 anos, parece à primeira vez um negocião.
Não à toa, a demanda pelas notas superou em muito a oferta.
Para as ações da Petrobras, a notícia é positiva. Primeiro pois traz um respiro de curto prazo às suas contas e alongamento do perfil da dívida.
Segundo, pois o mercado esperava uma captação menor (em torno de US$ 1 bilhão) e mais cara (em torno de 8,85% de juros).
Agora, na essência, é pagar dívida com mais dívida. Está muito longe de resolver qualquer problema.
A ação disfarçada de dívida
Mas, afinal, Petrobras está pagando caro ou barato?
Fica difícil mensurar isso porque não tem curva de juros de 100 anos para comparar.
A melhor referência, ou alguma referência, então, fica por conta de emissões similares. Nesse sentido, encontramos uma emissão recente de títulos mexicanos de 100 anos.
Petrobras está oferecendo um prêmio sobre esses juros mexicanos, mas um prêmio que condiz com o seu rating atual. Portanto, dentro das possibilidades, parece um juro ok.
Mas mais do que a dificuldade de mensurar o preço, comprar essa dívida é, grosso modo, comprar o seu equity (capital próprio, ou ações): a menos que você tome o remédio do Abílio Diniz, irá morrer abraçado à empresa.