Prever para onde vai o câmbio é uma tarefa considerada ingrata para os economistas. Quando questionados sobre o tema, a resposta quase sempre é: não temos como adivinhar. Não os culpo. Ainda assim, existem alguns indicadores que podem nos ajudar a tirar algumas conclusões para responder o questionamento do artigo: é um bom momento para enviar dinheiro para fora?
Para formular a resposta, antes de mais nada, é preciso entender um pouco do cenário nacional e internacional a fim de compreender os riscos envolvidos.
No mercado, tem sido comum ouvir gestores com tons mais pessimistas, especialmente, por conta da política fiscal do novo governo. Ainda que nomes tenham sido definidos e algum direcionamento apresentado, a prática nos mostrará se o que está sendo feito produzirá efeitos positivos para o país.
Antes falávamos de ajustes nas contas públicas da ordem de 1% a 2% do PIB para corrigir a trajetória da dívida brasileira (cara e curta), que é a maior entre os emergentes.
No curto prazo, sabemos que governos petistas sempre sofrem com fogo amigo. Ou seja, muitas pessoas falam, mas isso não necessariamente representa a posição do governo. E o câmbio invariavelmente sofre com essa descoordenação.
Portanto, ao menos neste primeiro semestre provavelmente não veremos o dólar sair do atual patamar no Brasil, ainda que a gente veja alguma volatilidade no meio do caminho.
Ainda assim, existem fatores que podem nos levar a acreditar em uma perspectiva positiva para o real.
Uma delas é o ciclo de commodities. Com a reabertura da China, a demanda por minério de ferro e petróleo, por exemplo, deve ser crescente e, como o nosso mercado é influenciado majoritariamente por empresas do segmento, isto deve favorecer a nossa economia em algum momento, valorizando a nossa moeda.
Por outro lado, com a Selic em 13,75% ao ano e perspectiva de manutenção da taxa neste patamar, o Brasil se tornou atrativo do ponto de vista de juros, com um dos maiores retornos reais atualmente.
Já no cenário internacional, a movimentação do Federal Reserve com uma postura mais hawkish indica um fortalecimento da moeda americana no mundo. Isto por conta da inflação, que ainda segue dando sinais preocupantes por lá.
Além disso, o dólar tem apresentado um valor menor frente ao euro, o que na visão de muitos agentes de mercado não faz o menor sentido uma vez que a guerra entre Rússia e Ucrânia, apesar da falta de cobertura da mídia, ainda produz efeitos na economia do velho continente.
De qualquer forma, o último boletim Focus, que faz a mediana das empresas financeiras do Brasil, tem projetado um câmbio/dólar na casa dos R$5,28.
Dito isso, a resposta para o questionamento inicial do artigo é: toda hora é hora de investir fora.
Quem me acompanha neste espaço sabe que eu sempre falo da importância da diversificação no processo de construção e preservação de patrimônio. Ter uma parte dos recursos em outro país, sem dúvida, faz todo sentido.
Em outras palavras, caso o investidor não saiba exatamente o ponto de compra, a dica é comprar aos poucos. Ao final de um período de 5 anos comprando, por exemplo, você conseguirá ter um preço médio do dólar no período.
Bons negócios!