2022 tem sido mais um ano de fortes emoções para o mercado de Renda Variável local. Durante os cinco primeiros meses do ano, o Índice Bovespa, principal índice teórico de ações do mercado brasileiro, partiu de um patamar de 101 mil pontos, para quase 122 mil pontos em abril, e voltou para próximo dos 103 mil no início de maio. Na última sexta-feira (17), fechou abaixo de 100 mil pontos pela primeira vez desde outubro de 2020.
Ao longo dos meses, já passamos por ruídos com a governança da Petrobras (SA:PETR4) e já vimos a Vale (SA:VALE3) refletir momentos de esticada do minério de ferro e de forte correção. Vivemos uma forte entrada de capital estrangeiro na nossa Bolsa, como consequência de uma queda acentuada de Bolsas globais. Nosso alto patamar de juros, ao mesmo tempo, despertou o interesse de investidores, mas penalizou empresas com caixa mais apertado.
Para completar, 2022 é um ano eleitoral. E não um qualquer. Talvez essas eleições presidenciáveis estejam entre as mais polarizadas e incertas das últimas décadas. É bastante difícil ter previsibilidade sobre o que vem pela frente na cena doméstica.
É natural que, em momentos de Bolsa mais imprevisível, sem o impulsionamento de uma Selic baixa, e com preocupações no cenário político, fique mais difícil ganhar dinheiro na Renda Variável de forma consistente e em uma janela curta de tempo.
Sendo assim, vemos alguns dos gestores de Fundos de Ações mais tradicionais da indústria tendo retornos negativos em janelas de 12 meses. Ouvimos entrevistas de analistas experientes trazendo uma visão mais cautelosa para o mercado brasileiro. O investidor mais recente nesse universo de plataformas de investimentos, naturalmente, pensa “será que é hora de resgatar e sair desse mercado?”.
Minha intenção aqui não é dizer nem que sim ou não. É mostrar os dois lados e te ajudar a tomar uma decisão mais acertada.
Quando falamos em investimentos em Renda Variável, deveríamos considerar prazos mínimos de três anos. Pensando que ao investir nessas empresas estamos acreditando na geração de valor delas, é natural que as teses levem um tempo para atingir o potencial avaliado pelos analistas previamente. Em uma janela de tempo como essa, e em um país como o Brasil, não dá para imaginar que não tenhamos altos e baixos. A nossa Bolsa vive os nossos problemas e os problemas do mundo ao mesmo tempo.
A unanimidade entre os gestores nesse momento é de que têm muitos produtos baratos e o longo prazo é bastante promissor. Se você está passando por um momento de rentabilidade negativa, mas não tem a urgência na disponibilidade do dinheiro, será que faz valor aceitar um prejuízo em algo que tem grandes chances de voltar a se valorizar no tempo? Ou ainda mais: se você não está vendo o comportamento que esperava nos veículos que investiu, será que a sua expectativa está alinhada ao perfil do produto?
A nossa Bolsa nunca terá vida fácil e constante pela frente. Mas saber se aliar (e não desistir) aos nomes que já passaram por momentos desafiadores várias vezes durante suas carreiras pode ser uma decisão muito inteligente!