Presenciamos uma escalada do Ibovespa nos últimos 45 dias. De 16 de maio até agora, o Ibovespa angariou mais de 15 mil pontos, bateu recordes e suscita a inúmeros investidores que, ao verem seus ínfimos rendimentos na renda fixa, se perguntam: e agora? Será que é hora de entrar na bolsa?
Por mais conservador que um investidor seja, a reticência não pode ser considerada medo. É um fato. O Brasil era o país da renda fixa, em que a Selic sempre garantiu um excelente rendimento e restringia o apetite pelo Ibovespa. Também pudera, pouco antes dos anos 2000, a taxa de juros básica nacional estava em mais de 45% ao ano. Em 2010, rodeava 15% ao ano, o que ainda garantia um excelente rendimento, e sem maiores preocupações.
Quando vencíamos a crise global e o movimento parecia mudar, entramos em um dilema maior ainda: a eterna crise existencial brasileira. Neste interstício, continuamos vendo a renda fixa imperando e arrefecendo o desejo do investidor. Portanto, ao falarmos do conservadorismo do brasileiro, ao recebermos informações que a grande maioria ainda pensa em poupança como investimento, precisamos ter na cabeça que este é um hábito entranhado no eu-lírico nacional, por mais “bossa-nova” que ele seja, há pelo menos três décadas.
Todavia, faz-se preciso mudar. Mais que um hábito ou uma habilidade, a consciência na aplicação precisa urgentemente ser mais difundida e fundamentada ao público nacional, desde o menor ao mais ancião dos cidadãos brasileiros: é extremamente saudável que a maior gama de pessoas desenvolva esta consciência. Estamos chegando num momento em que finalmente encontraremos o rumo das economias desenvolvidas do globo; isto é: retornos maiores em renda variável que na renda fixa. E é preciso estar preparado para este movimento, para saber conviver com suas mazelas e nuances.
Nessa seara, mesmo termos apresentado sensacional desempenho recente, faz-se necessário ter, com o mercado variável, a mesma diligência que quando escolhíamos taxa de CDB com nossos antigos gerentes. Em linhas gerais: na bolsa, barganhar é estudar. Não existe fórmula mágica ou jargão capaz de traduzir um movimento de mercado. Muito menos superguru capaz de lhe garantir satisfação de forma contínua. A notícia positiva, porém, é que diante do conhecimento, investidores de longo prazo terão sempre as informações e os números jogando a seu favor. A consciência e a obtenção de informação confiável são o primeiro passo para o sucesso no mercado variável. E uma leve inserção neste cenário já habilita desde o mais tradicional investidor brasileiro a constatar oportunidades interessantes mesmo com a recente apreciação da bolsa brasileira.
Setores como o de celulose e energia elétrica, por exemplo, apresentam empresas consolidadas e que, devido a situações mercadológicas, encontram-se em situações diferentes, mas que permitem um estudo interessante. Se pensarmos em capacidade ociosa e no fato que, mesmo com o PIB em queda, o consumo das famílias e o setor de serviços impulsionam o país enquanto a indústria patina, podemos perceber algumas oportunidades nos players de varejo, mesmo alguns se mostrando precificados. A própria indústria, extremamente pressionada e diante de um parque que necessita de atualização, apresenta players que podem obter valorização caso o país deslanche.
Oportunidades existem, independentemente do patamar do Ibovespa. Se é hora de investir no Ibovespa? Sim. Também é sempre é tempo de estudar, aprender. Talvez aprender com os erros e continuar empreendendo, estudando, crescendo e acumulando vitórias. Pessoais e Financeiras. Bons investimentos!